Tiago Monteiro: ” WTCR não foi o mesmo sem uma passagem por Portugal”

Por a 19 Março 2021 12:00

Tiago Monteiro prepara-se para iniciar a sua 10ª época com a Honda. A estrela portuguesa do WTCR tem preparado a sua época com afinco, querendo superar os desafios que surgiram no ano passado, sempre com a mesma sede de vitórias. Além da preparação para a época tem acompanhado o seu filho nos Karts, que se tem destacado nas competições nacionais.

Apesar de ainda faltarem alguns meses para o arranque da época, Monteiro vê com entusiasmo o que lá vem:

“Considerando tudo o que está a acontecer com a pandemia, temos uma temporada forte pela frente com muitos pilotos de qualidade. Parece que vai ser uma grelha muito, muito forte, semelhante à que tínhamos em 2019. Os eventos que temos agendados serão espantosos. Começar no Nordschleife é um grande desafio, é a pista mais dura do mundo e começar lá será interessante para entrar logo no ritmo. Depois é diretamente para Vila Real, que é outra pista difícil. As duas primeiras corridas vão ser realmente difíceis, mas sabemos que são importantes para nos posicionarmos para o título. Vamos ter de estar prontos de imediato para ter uma oportunidade”.

Os resultados não foram o que eu queria“

Monteiro admitiu que os resultados obtidos no ano passado não foram os esperados, mas realçou que os desempenhos foram positivos:

“Os resultados não foram o que eu queria mas, no geral, o desempenho não foi assim tão mau. Não consegui mostrá-lo muitas vezes devido a erros, à falta de desempenho ou devido às ordens da equipa. Somos uma equipa e, a dada altura, temos de trabalhar para quem quer que esteja a liderar a tabela. Mesmo que seja capaz de fazer um pouco melhor, não posso porque tenho de pensar no panorama geral que é ganhar o título por equipas e a levar um dos pilotos Honda ao título. Estou bem com isto, mas com certeza que por vezes temos de nos sacrificar. Foi um pouco o que aconteceu no ano passado, mas cabe-me ter um melhor desempenho no início”.

O piloto da Honda recordou o arranque menos feliz na temporada passada que ditou que ficasse arredado dos lugares cimeiros:

“Tive o problema do motor no primeiro fim-de-semana e três corridas com um motor muito fraco, por isso foi um pesadelo até o mudarmos. Íamos mudá-lo para a Eslováquia, mas depois não o fizemos e foi um grande erro porque eu não tive ritmo e estava a perder cinco décimas nas retas para os meus companheiros de equipa, por isso foi realmente frustrante. Depois mudamo-lo na prova de Budapeste e foi então que a performance veio logo a seguir. É um pouco culpa minha não ter pressionado mais para fazer a mudança, mas tomamos as decisões de uma forma geral e pensámos que podíamos lidar com isso”.

“Definitivamente, eu estava perto do Esteban [Guerrieri] durante as três corridas. Se eu quisesse, poderia ter lutado pela vitória, mas estas são as regras e é preciso segui-las. Estou bem com isso e já estive do outro lado quando fui ajudado pela equipa. É assim que funciona. De qualquer modo, a partir de Budapeste, a performance foi melhor. Mas é uma competição tão dura e não se pode deixar nada ao acaso”.

Quero voltar ao topo e quero ganhar o título mundial“

2017 poderia ter sido o ano do título para Monteiro. Apesar do que aconteceu, o piloto português não tem dúvida que pode voltar a essa forma e lutar pelo primeiro lugar:

“Não tenho dúvidas quanto a isso, senão não teria voltado. Eu não queria voltar só para participar. Quero voltar ao topo e quero ganhar o título mundial. Ainda acredito que o consigo fazer e talvez tenha ainda mais fome do que antes [do acidente]. Mas, mais uma vez, há tantos pilotos que podem ganhar o título, mas nunca o farão porque tem de ser o momento certo, o pacote certo, o estado de espírito certo, tudo tem de funcionar em conjunto. Podemos ser rápidos, mas depois, se houver alguns fracassos, acidentes com concorrentes ou o que quer que seja, então vai tudo por água abaixo. Tantas coisas têm de estar do nosso lado, especialmente quando se tem uma grelha tão competitiva. É muito fácil passar da pole position para 15º no fim-de-semana seguinte. É muito difícil estar consistentemente no topo”.

Com novas máquinas TCR a surgirem o Honda começa a ficar para trás e por isso a equipa tem de continuar a trabalhar arduamente para manter a competitividade:

“Há sempre coisas a melhorar e todos estão a trabalhar arduamente para isso. Estão a chegar carros novos, mas não temos um carro novo, por isso, se não melhorarmos, teremos dificuldade. Pudemos ver algumas fraquezas, na tracção, por exemplo, e em alguns circuitos na velocidades de ponta. Temos um chassis muito bom no geral, por isso somos bons em traçados mais técnicos. Mas se tivermos longas rectas com grandes travagens e saídas de curva lentas temos dificuldades. Este é um dos pontos fracos que temos e temos trabalhado arduamente nisso. Reparámos por parte dos nossos concorrentes que era aí que eles estavam a ganhar tempo. Analisamos muito o que aconteceu no ano passado, analisamos os nossos pontos fortes e os nossos pontos fracos”.

Não foi a mesma coisa sem Vila Real“

O WTCR deverá regressar a Vila Real, o que é sempre um motivo de alegria para Monteiro:

“Em primeiro lugar, é uma grande oportunidade pilotar em frente ao nosso público, porque tive saudades disso no ano passado. Por vezes, toma-se por garantido porque vamos lá todos os anos, mas só se percebe o quão bom é quando não vamos! Não foi a mesma coisa sem Vila Real e o WTCR para mim não foi de todo o mesmo sem uma passagem por Portugal. Mas é uma pista muito exigente e dura, uma das mais duras para além da Nordschleife. Poder correr lá com qualquer tipo de carro é simplesmente fantástico e eu senti saudades disso. Estou realmente desejoso de o fazer e espero que as condições nos permitam fazê-lo corretamente”.

Monteiro explicou um pouco de como tem passado o tempo desde que a temporada terminou:

“Honestamente, tenho estado muito, muito ocupado desde que terminamos a época. Tivemos muitas chamadas em conferência para preparar os testes e em breve estaremos a testar tudo aquilo em que temos estado a trabalhar durante o Inverno. É claro que o lado da gestão de pilotos também me mantém ocupado. Alguns dos meus pilotos da Skywalker Management já estão a correr, alguns deles ainda não estão e alguns deles ainda não têm programas, pelo que tem havido muitas chamadas telefónicas para finalizar tudo. Tenho 12 pilotos por isso há muito trabalho e estou envolvido com o Jean-Karl Vernay desde o ano passado e assim como com o António Félix da Costa na Fórmula E.”.

“Estou a tentar manter-me em forma, a treinar e também a tomar conta dos meus pais. Ambos tiveram COVID durante o Inverno e foi muito complicado em Dezembro, mas recuperaram muito bem. Eles vivem não longe de mim e é bastante fácil estar com eles.”.

Espero correr em Nordschleife ou Le Mans com o Noah

Noah vai seguindo os passos do pai Tiago, que tem acompanhado de perto a sua evolução:

“O meu filho deu um grande salto para uma nova categoria de karts, a categoria júnior, e tem corrido lá fora este ano. Tenho viajado bastante com ele para as pistas em Espanha, França e Bélgica. Ele teve duas corridas seguidas, mais testes. Depois tivemos uma semana de folga e na próxima semana partimos novamente para a Bélgica”.

“Ele está a passar por uma incrível lição de vida que eu nunca tive porque comecei a correr aos 18 anos e não passei por todo este processo inicial. Ele tem 11 anos e é uma loucura ele ser tão jovem, mas já está a este nível. É uma grande oportunidade para mim viver esta vida com o meu filho e penso que ele também se está a divertir”.

“Ele tem-me impressionado muito nas últimas semanas nestas corridas. Ele tem feito muito melhor do que qualquer um esperava e isso é bom de ver. Todos os que estão à sua volta, a trabalhar com ele, estão bastante motivados porque ele mostra uma grande evolução. Não faço ideia do que o futuro nos reserva, se ele vai ou não tornar-se um piloto profissional ou o que vai escolher. Mas é ótimo estarmos a partilhar esta paixão juntos”.

Quanto a um desejo para o futuro, Monteiro admitiu que gostava de correr com o seu filho:

“Um segredo que tenho, algo que espero secretamente, é que ele chegue aos carros suficientemente depressa para que eu possa correr com ele em Nordschleife ou Le Mans. Adoraria isso e se eu ainda for competitivo dentro de cinco ou seis anos, isso seria realmente um sonho tornado realidade”.

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