WEC/IMSA: Convergência confirmada, o que se segue?

Por a 9 Março 2020 15:45

Por Fábio Mendes

A FIA aprovou os princípios gerais da Convergência entre o WEC e o IMSA, que começarão a ser aplicados a partir de 2021.

A FIA confirmou a aprovação dos principios gerais de convergência entre o IMSA e o WEC. Trata-se apenas de uma confirmação do órgão máximo que regula o desporto motorizado sendo que agora o ACO e o IMSA devem continuar a trabalhar para que a convergência aconteça.

“A plataforma manterá os Regulamentos Técnicos da FIA WEC existentes, incluindo o Hypercar de Le Mans”, afirmou o comunicado da FIA. “Os carros de Le Mans Hypercar e LMDh serão reunidos numa única categoria de topo da FIA WEC. Os carros LMDh serão baseados no novo chassi, comum à classe alta do WEC e do IMSA WeatherTech SportsCar Championship”.

A FIA afirmou que parâmetros como potência, aerodinâmica e peso serão alinhados para as duas plataformas, a fim de garantir que ambos os carros operem na mesma janela de desempenho. O alinhamento pode resultar em pequenas alterações nos regulamentos técnicos do LMH, que devem estrear na abertura da temporada 2020-21 do WEC de setembro de 2020 em Silverstone.

Recordar os LMDh

Interessa relembrar o que são os LMDh e o que se pretende com esta nova categoria. Foi pouco o interesse das marcas nos Hypercarros, a proposta do ACO para a nova categoria rainha de carros para o WEC, que passava por um regresso aos tempos dos GTP, protótipos baseados em carros de estrada, ou carros de estrada (hipercarros) modificados para competição. Com os LMP1 em fim de vida, era necessário encontrar uma solução que atraísse as marcas, a um custo mais reduzido.

Os tempos áureos dos LMP1 trouxeram grandes lutas em pista, inovações tecnológicas interessantes e soluções técnicas espantosas. Muitos diziam que o WEC ganhava mais força que a F1 e que era a categoria de topo mais interessante de seguir. Mas toda essa pujança depressa desapareceu e bastou a Audi sair do campeonato, sendo logo seguida da Porsche para que o campeonato sofresse uma queda ao nível da qualidade e do interesse.

Os custos associados à competição tornaram-se demasido avultados, culpa da tecnologia de ponta usada. O WEC ficou apenas com a Toyota e com alguns privados teimosos (ByKolles, Rebellion e ultimamente a Ginetta) mas sem verdadeiras hipóteses de se baterem contra os nipónicos. O que temos agora é um WEC em suspenso, uma competição que no ano passado se tornou demasiado previsível e que este ano, com um novo sistema para equivaler performances e atrasar os mais rápidos, se tornou demasiado artificial.  

Os Hipercarros apresentados como solução não animaram o interesse das principais marcas e o ACO passou a olhar para a união com o IMSA com mais vontade. Se inicialmente o lado europeu via com pouco interesse uma união com os americanos, o sucesso dos DPi e a oportunidade de encontrar uma plataforma comum com a entrada em cena dos renovados DPi 2.0 abriram a porta a um entendimento que há muito era pedido.

DPi tornaram-se solução

A solução americana para substituir os antigos protótipos em 2017, que consistia no uso de chassis LMP2, com modificações estéticas para agradar às marcas e liberdade para colocar o motor associado da marca interessada, foi um sucesso imediato, com a Cadillac, a entrar em força, seguida da Nissan, da Mazda e ultimamente da Acura. Esta fórmula permitiu grandes corridas, campeonatos entusiasmantes e mais que isso, permitiu que outras marcas começassem a olhar para o IMSA como a plataforma certa, com boa visibilidade a custos relativamente baixos. 

Pegando nesse conceito, foram criados os LMDh, que são o aproveitamento do mesmo conceito: um chassis LMP2 modificado para incluir pormenores estéticos típicos das marcas, liberdade para usar o motor da respectiva marca e (a grande novidade) um sistema híbrido, de recuperação de energia no eixo traseiro.  

Como os LMP2 irão também ter uma nova geração em 2022, o acordo do ACO com o IMSA prevê um conjunto de regulamentos técnicos comuns para os LMP2 que serão construídos por quatro fabricantes (Dallara, Ligier Automotive, ORECA e Multimatic) tal como nesta geração LMP2, que poderão ser adaptados a LMDh. O sistema de recuperação de energia cinética será de especificação única, mas adaptado a cada motorização.  

Sem certezas até Sebring

Os LMDh tornaram-se motivo de interesse para as marcas que pretendem competir no endurance sem gastar muito dinheiro. Mais ainda, a possibilidade de poder correr nas 24h de Daytona e nas 24h de Le Mans com a mesma maquinaria torna-se incomparavelmente mais interessante do que ter de investir em duas frentes. Várias marcas mostraram interesse mas todos esperam pelos pormenores da regulamentação técnica que serão revelados na próxima ronda do WEC que coincide com a ronda do IMSA. Só aí poderemos entender melhor como serão os LMDh e que possíveis implicações isso trará para os Hipercarros. A grande dúvida prende-se com a possibilidade dos Hipercarros poderem participar no IMSA, algo ainda não confirmado até agora. Os LMDh poderão correr no WEC mas o contrário não é garantido, dependendo dos tais pormenores técnicos que serão revelados em breve. Apenas no fim de semana de Sebring poderemos ter certezas.

Que futuro?

Os LMDh terão um grande futuro pela frente e deverão ser as grandes apostas das marcas para o endurance. O nível de interesse mostrado, os custos reduzidos e a possibilidade de ter uma plataforma global capaz de competir nos IMSA e no WEC fazem dos LMDh a aposta certa. Os Hipercarros apenas contam neste momento com a Toyota e com a Glickenhaus , sendo que a Aston Martin suspendeu o programa Valyrie e a Peugeot colocou em pausa o seu projeto, estando à espera para ver o que as regulamentações dos LMDh trazem. Parece certo que os Hypercarros deverão morrer em breve e o conceito DPi florescer. O ACO e o IMSA pretendem que esta cooperação seja ainda maior na próxima mudança regulamentar em 2025. A cooperação entre o ACO e o IMSA tem tudo pra trazer de volta grandes corridas de endurance, mas o lado europeu terá de aceitar que a sua ideia não vingou e que o conceito americano trará mais frutos. Em breve saberemos mais pormenores.

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