Taça do Mundo de GT: A despedida de sonho de Lamm

Por a 19 Novembro 2018 15:51

Quando a lista de inscritos para a Taça do Mundo de GT saiu, ficou no ar alguma desilusão. A diminuição do número de inscritos e do número de construtores envolvidos evidenciava um downgrade em relação a 2017, em que tivemos 20 carros e sete construtores.

Esta redução nos inscritos levou até que se falasse em permitir o regresso de pilotos amadores para a prova macaense, para de alguma forma disfarçar a diminuição do interesse de uma prova que tem de ter no mínimo 15 carros para que aconteça. O incidente do ano passado talvez tenha sido o motivo para que algumas marcas tenham abdicado da presença no Circuito da Guia. Ao abrir as portas aos amadores poderemos ter grelhas mais compostas (os privados são sempre uma importante fonte de rendimento) mas os perigos de um incidente como o de 2017 aumentam. E uma taça do mundo de GT deve ter a devida importância. Se temos uma competição deste nível, numa pista com esta exigência, faz sentido que estejam presentes apenas os melhores. É um desafio que a organização terá de enfrentar.

Mas Macau só por si deveria ser motivo mais que suficiente para interessar as marcas. A prova asiática é sempre motivo de notícia (nem sempre pelos melhores motivos é certo), os fãs do desporto motorizado fazem sempre questão de seguir minimamente a prova e é uma das melhores montras a nível mundial e especialmente para o mercado da Ásia, cada vez mais explorado pelas marcas.

A nível desportivo, tivemos mais um grande fim de semana nos GT´s. A Mercedes vinha com vontade de se instalar novamente no pódio (três carros) enquanto a Audi voltava a postar forte (quatro máquinas). Tínhamos a Porsche também representada com quatro carros, a Nissan com três e a BMW apenas com um.

Os primeiros treinos livres deram uma ideia errada do que iria acontecer. Robin Frijns e Earl Bamber foram os mais rápidos na primeira e segunda sessão, respetivamente. Os Audi e os Porsche estiveram sempre nos lugares da frente enquanto os Mercedes pareciam mais discretos. Os Nissan desde início que mostraram estar muito longe da concorrência. Os organizadores promoveram uma mudança no BoP a meio do fim de semana para mitigar esta situação, mas pelos vistos havia também problemas de afinação que não foram solucionados.

No entanto, quando foi “a doer” os Mercedes e o BMW mostraram-se mais fortes. Os treinos cronometrados deram-nos os três Mercedes na luta pelo primeiro lugar da tabela, juntos contra Augusto Farfus, Rafaelle Marciello e Maro Engel destacaram-se no início da sessão, Edoardo Mortara juntou-se a este trio já perto do final, mas Farfus parecia ter a pole para a corrida de qualificação no bolso. Não aconteceu por culpa de Marciello que fez uma última volta fulgurante.  Estava encontrada a tendência para o resto do fim de semana, esta sim fiável e verdadeira.

A partir daqui só deu Farfus. O piloto que anunciou a sua retirada do DTM para se focar nos GT, deu a melhor prenda de despedida a Charly Lamm, chefe da equipa Schnitzer que anunciou a sua reforma. Farfus foi intratável, quer na corrida de qualificação, quer na corrida principal. O brasileiro foi perfeito na gestão da corrida e aproveitou da melhor forma a maior velocidade de ponta do seu M6 para escapar às “garras” dos Mercedes, que se aproximavam na secção sinuosa da pista. Marciello foi a maior ameaça a Farfus, mas na corrida de qualificação não se conseguiu aproximar do brasileiro e na corrida principal, atacou de tal forma que errou na curva Lisboa, perdendo a vaga no pódio.

Farfus foi um justo vencedor e a emoção na equipa era visível principalmente no rosto de Lamm. É provavelmente o sonho da grande maioria que compete no desporto motorizado… despedir-se da competição com uma vitória em Macau.  Ficou a sensação que os Mercedes eram as máquinas mais completas e apenas precisavam de um pouco mais de velocidade de ponta para ameaçar o esforço solitário mas bem-sucedido de Farfus.

Marciello merecia o pódio na corrida principal. O sucesso no Blancpain não foi sorte ou coincidência e a volta de qualificação é a prova da velocidade do italiano. O erro em Lisboa custou muito caro… foi o preço a pagar por tentar chegar à vitória, arriscando mais. Engel e Mortara são pilotos com muita qualidade e com experiência em Macau e Mortara juntou mais um pódio ao seu invejável CV no circuito macaense. Só vimos BMW e Mercedes no pódio dos GT este fim de semana.

A Audi e a Porsche foram de certa forma uma desilusão. Pessoalmente, esperava que Frijns fosse um dos homens em destaque neste fim de semana, depois da primeira experiência no ao passado, mas o R8 LMS não apresentou andamento para chegar-se aos pilotos da frente. Frijns cometeu também um erro na curva Lisboa e todos os Audi em pista sofreram um toque nas proteções. Christopher Haas teve uma boa estreia conseguiu ficar às portas do top 5 e Dries Vanthoor (também uma estreia) conseguiu uma prestação positiva (Adderly Fong foi o quarto Audi). Mas olhando para os nomes da Audi, apesar da qualidade, faltou alguma experiência para poderem aspirar a algo mais, pois dois com dois estreantes em Macau e um piloto com apenas uma participação anterior, tornava-se algo injusto exigir mais.

Os Porsche contaram com Earl Bamber para se mostrarem. Bamber foi o melhor 911 deste fim de semana, com Vanthoor a ter novamente azar na curva Mandarin. O único piloto a conseguir vencer uma corrida de cabeça para baixo voltou a ter problemas numa prova em Macau e foi obrigado a ver a corrida principal da bancada, pois os danos no seu chassis eram demasiado extensos para poder correr. Bamber esteve quase sempre “meio passo” à frente de Frijns, mas não foi o suficiente para tentar o pódio. Para o jovem Mathieu Jaminet fez a  estreia em Macau com um toque nas proteções e um sétimo lugar, sem muitos erros nem grandes sustos (Darryl O´Young foi o outro Porsche em pista).

Os Nissan foram a grande desilusão. Um fim de semana para esquecer para os homens com carros da marca nipónica. Oliver Jarvis passou completamente ao lado e foi Alexandre Imperatori a ser o melhor.

Farfus foi o homem do fim de semana e os resultados falam por si. A sua experiência em Macau é grande e a velocidade do seu M6 em recta foi um trunfo valioso. Maro Engel merece a medalha de prata pela regularidade que mostrou ao longo do fim de semana. Não deu nas vistas, mas foi eficiente à boa moda germânica, sem exageros. A medalha de bronze vai para Marciello. Qualquer um ficaria afectado com o início de fim de semana que teve… pouco rodou nos treinos livres com problemas no seu AMG-GT3. Mas mostrou que não precisa de muito para ser competitivo. Terão sido talvez os três pilotos em evidência, pois Mortara, apesar do pódio, ficou sempre com as “sobras” dos pilotos acima referidos e espera-se sempre um pouco mais do “Sr. Macau”.

No ano passado a prova dos GT foi criticada pelos incidentes quase sucessivos. Este ano o reduzido número de ultrapassagens será provavelmente motivo de queixa. Mas apesar das horas indecentes, foi um gosto ver as provas dos GT. A imponência das máquinas, a velocidade, e a forma como aqueles “monstros” percorrem o estreito traçado citadino é uma maravilha. Vivemos num mundo de números em que por vezes as corridas são avaliadas apenas pelas ultrapassagens. Em Macau não vimos manobras do outro mundo, mas vimos a qualidade, a coragem e o talento de pilotos que volta após voltam conseguiram andar a milímetros dos muros a uma velocidade a que o comum dos mortais ficaria sem fôlego de tanto gritar. A magia de Macau é mesmo essa. Apesar dos números poderem dizer o contrário, tivemos novamente um excelente fim de semana de competição.

 

 

2018 Macau Grand Prix Livestream – FIA GT World Cup Qualification Race

Watch live coverage of the FIA GT World Cup Qualification Race from Macau

Gepostet von FIA am Freitag, 16. November 2018

 

 

 

2018 Macau Grand Prix Livestream – FIA GT World Cup

Live coverage of the 2018 FIA GT World Cup from Macau

Gepostet von FIA am Samstag, 17. November 2018

 

 

 

 

 

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