Os encantos das provas urbanas: O calor do público

Por a 19 Novembro 2022 16:30

Com a a inauguração do Autódromo do Estoril em 1972, Portugal ficou finalmente dotado de uma estrutura para receber condignamente as provas de velocidade. Até então, os clubes organizadores foram obrigados a recorrer a circuitos não permanentes, com falta de condições estruturais e com pisos muitas vezes por asfaltar. Mas foi nesses mesmos circuitos que o automobilismo nasceu em Portugal, levando o público a acorrer em massa às ruas para ver e sentir de perto a emoção da velocidade.

Estas marcaram – e continuam a marcar – o imaginário dos amantes das competições automóveis, ajudando a escrever os volumes da história e a criar um amor inconfundível dos portugueses por este desporto.

De todos os circuitos citadinos, existem dois que marcaram o AutoSport e, indiscutivelmente, a história do automobilismo nacional. Para isso recordamos dois: Vila Real e Vila do Conde.

O primeiro, que recebeu a prova inaugural nos gloriosos anos 30, mais concretamente no longínquo

ano de 1931, atravessava a Avenida Almeida Lucena, a Ponte Metálica sob o rio Corgo e, dizia-se na época, acarretava um grau de dificuldade e de exigência bastante elevadas para as máquinas. Constituído por um perímetro de 7150 metros, consagrou com uma vitória Vasco Sameiro, que repetiu a façanha por mais quatro ocasiões.

Com uma projeção internacional crescente, encontrou na década de 60 e 70 a sua era de ouro, com a realização em 69 das “6 Horas de Vila Real” e em 71 da prova dos “500km”. Não menos importante, o circuito de Vila do Conde. Detentor da famosa curva da Seca, cuja escapatória era a praia, levou o reflexo das corridas até ao rio Ave, recebendo pela primeira vez a emoção da velocidade no ano de 1950. Para o AutoSport, representa uma das primeiras reportagens que saíram para as bancas, merecendo destaque na capa nº 1, sob o título “O Automobilismo saiu vencedor”. O ano? 1977. Mas não foram só Vila Real e Vila do Conde a receber provas citadinas

no século passado. A estas somam-se a Boavista, definitivamente o circuito mais internacional, o sensacional circuito de Monsanto, o “glamouroso” traçado de Cascais, talvez o nosso Mónaco, a Granja do Marquês e ainda Montes Claros. Todos eles ajudaram a escrever a história do automobilismo português, servindo de laboratório para os pilotos nacionais . Mas já dizia a música “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” e a vontade que acabou por condenar grande parte dos circuitos citadinos partiu da FIA, que pouco a pouco tomava – e bem – as rédeas da segurança. A exigência crescente neste ponto, ao que acrescente variados itens como as estruturas de apoio, levou a que os circuitos se tornassem obsoletos. A falta de investimento, aliada à falta de vontade política, tornou a realização de provas deste tipo uma tarefa “impossível”. Hoje, 91 anos depois da primeira prova em Vila Real e 45 anos desde as nossas primeiras palavras sobre Vila do Conde, os circuitos citadinos regressaram, intermitentes, com o resgate da Boavista, da Granja do Marquês e de Vila Real, que foi o único que se fixou. Vamos recordá-los…

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huevna
huevna
3 anos atrás

Permitam-me a correcção, em Vila do Conde, a curva da seca não tinha escapatória sequer, tinha a seca do Bacalhau dos dois lados e o rio muito perto.

jem
jem
Reply to  huevna
3 anos atrás

Muito bem. Conhece o circuito. E já agora que se fala de circuitos também me lembro de ver corridas na base aérea da Ota.

huevna
huevna
Reply to  jem
3 anos atrás

infelizmente, não tive a oportunidade de ver

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