Lembra-se de: Clemente Ribeiro da Silva (4/2/1943 – 16/10/1977)

Por a 21 Julho 2022 10:57

A Edição do AutoSport de 20 de Outubro de 1977 vestiu-se de luto: mal o nosso jornal tinha dado os primeiros passos na sua bem longa caminhada, e já a tragédia batia à porta. Na capa, o título, acompanhado de uma foto, dizia tudo: «Morte trágica para Ribeiro da Silva». Na página 8, «a notícia e a biografia». O texto era simples mas, em simultâneo, sentido; começava assim: «18 horas e 20 minutos de domingo, dia 16 de Outubro. Carlos Gaspar, à luz dos holofotes da torre de controle, dava a bandeirada final das 4 Horas do Estoril. (…)

Sem se conseguir ainda hoje perceber qual a razão que o levou a tomar aquela atitude, Clemente Ribeiro da Silva, que havia parado o Alfa Romeo de Rufino Fontes no lado esquerdo da pista, resolveu atravessá-la, numa altura em que ainda havia um carro em pista, precisamente o BMW Alpina, na altura a ser conduzido por Grano; o piloto não se tinha apercebido da bandeirada final e só naquele momento concluía a prova, depois de ter dado mais uma volta que todos os restantes concorrentes.

Acrescente-se ainda que, devido a uma avaria eléctrica, o carro circulava sem luzes.» Estavam, assim, reunidos os elementos que levaram à tragédia, que se «consumou em fracções de segundo, perante os olhos horrorizados de centenas de pessoas que, quer nas boxes, quer nas bancadas, assistiram a toda a cena. “Kiko” foi atirado ao ar violentamente e quando o corpo tocou o chão, junto ao muro das boxes, era já cadávers.»

Na altura da sua morte, Clemente Ribeiro da Silva era um dos mais populares pilotos portugueses. Tinha 34 anos e era formado em arquitectura, profissão que não exercia, dedicando-se à gestão comercial de uma firma produtora de vinhos. Era casado e tinha três filhos. A sua carreira iniciara-se em 1965, no IX Rali Arte e Sport, com um Hillman Imp. Até 1971, a sua actividade foi reduzida e só nesse ano “explodiu” de forma mais interessada e constante. Quarto classificado no Troféu Datsun, teve a sua coroa de glória em 1975, quando se sagrou vencedor do CampeonatoNacional de Turismo, no Agrupamento

1, depois de seis vitórias. No ano seguinte, foi vice-campeão no mesmo Agrupamento e, em 1977, classificou-se em quinto lugar no Agrupamento B e segundo

no Troféu Mini. A sua morte deixou um vazio difícil de preencher no panorama automobilístico nacional pois “Kiko”, além de «estimado» pela sua personalidade afável e amiga, era «respeitado pelo seu elevado nível de condução.»

 

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joaolima
joaolima
1 ano atrás

Fui um dos que estava na bancada e tive o choque de assistir a tão trágico momento. Um conjunto de circunstâncias infelizes que ocorreram da pior maneira

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