IMSA: Título escapou a Albuquerque por meio segundo

Por a 14 Novembro 2021 12:52

Filipe Albuquerque voltou a mostrar porque é dos melhores do mundo no endurance e apesar das contrariedades, lutou até ao fim pelo título no IMSA que escapou por… 0.405 segundos. O prémio de consolação foi o título na IMSA Michelin Endurance Cup.

Vencer… o verbo tantas vezes usado no desporto motorizado, mas que tão poucos podem usar no presente, ou até mesmo no passado. O objetivo que todos procuram, mas que tão poucos conseguem atingir. A vida de um piloto de competição é, estatisticamente falando, preenchida de desaires e apenas os melhores conseguem juntar vitórias e títulos. Filipe Albuquerque já esteve dos dois lados e conhece o sabor amargo da derrota, quando a vitória está ali tão perto e sabe o que é vencer e dominar a concorrência, sem dar chances. Petit Le Mans era a cartada final na discussão de um título que foi disputado até aos últimos metros, numa época exigente para Albuquerque, mas ao mesmo tempo brilhante, olhando às circunstâncias e aos resultados obtidos. Mas faltava o título, que estava à mão de semear para a tripulação do Acura ARX-05 #10 da Wayne Taylor Racing, mas que escapou por tão pouco.

Qualificação trouxe más notícias

Se nos treinos tínhamos visto os Cadillac e o Mazda #55 (O. Jarvis / H. Tincknell / J. Bomarito) com melhor andamento isso não assustou, pois os treinos são isso mesmo… treinos. No entanto ficavam algumas dúvidas no ar pois normalmente o #10 (R. Taylor / F. Albuquerque / A. Rossi) costuma estar perto do andamento dos homens da frente, ou até impor o ritmo e desta vez parecia um pouco arredado dessas contas. O Cadillac #31 (F. Nasr / M. Conway / P. Derani), o grande adversário de Albuquerque e Taylor nesta luta pelo título (curiosamente o carro onde competiu no ano passado, apenas nas corridas de endurance) parecia estar em forma e o Mazda mostrava andamento para uma despedida em grande, nesta que seria a sua última corrida no IMSA, depois da marca anunciar o fim do programa DPi. 

Chegada a qualificação o pior cenário confirmou-se: o Cadillac #31 fez a pole, reduzindo para oito pontos a diferença para o #10 que apenas foi capaz de fazer o sétimo tempo ficando a 0.650seg da referência. O sinal de alarme estava dado, o #10 não tinha andamento para os mais rápidos e pior que isso, a equipa não entendia qual era o problema.

Corrida emocionante e uma recuperação fantástica.

10 horas de corrida em Road Atlanta são sempre sinónimo de muita ação e incerteza. Esta edição de Petit Le Mans, assim chamada por ser a casa espiritual do endurance nos Estados Unidos, não desiludiu. Vimos drama a acontecer a cada hora, os períodos de Full Course Yellow sucederam-se, por vezes a um ritmo alucinante e até um choque em cadeia vimos, felizmente sem consequências para os pilotos. Mas o que realmente nos animou e nos deu fé foi ver a recuperação final do #10, que apresentou um ritmo de corrida interessante, tendo liderado a corrida à terceira e quarta hora de prova. O Cadillac #31 continuava também sempre nos lugares da frente, o Mazda #55 também tinha um bom andamento e tinha sorte com as interrupções das provas, nunca sendo prejudicado com os timings de entrada nas boxes, e o Acura #60 (J. Montoya / H. Castroneves/ D. Cameron) também se mostrava como potencial candidato à vitória final. Com o avançar da prova parecia que a vitória se encaminhava para o #31, pois o Mazda #55 teve um problema no seu motor que o fez perder 3 voltas e já nas últimas duas horas de prova o #10 teve uma saída de pista, depois de sair das boxes, motivada pelos pneus frios e pouco aderentes, na noite também ela fria em Road Atlanta. Mas perto do fim, a liderança do #31 foi questionada pelo #55 que, depois de uma brilhante recuperação, estava outra vez na luta pela vitória. A 22 minutos do fim Harry Tincknell fez questão de dar à Mazda e ao RT24-P uma despedida digna e passou Felipe Nasr, assumindo a liderança que nunca mais largaria até ver a bandeira de xadrez. A questão da vitória ficava resolvida, mas faltava a questão do título. Nasr não conseguiu colocar em pista o ritmo que certamente desejava e ficou à mercê de um Ricky Taylor determinado em fazer a ultrapassagem que valeria o título. E essa tentativa chegou nas últimas curvas da última volta. Taylor tentou o tudo por tudo, numa manobra que teria poucas chances de sucesso, mas Ricky é conhecido por arriscar nas últimas voltas, independentemente das consequências e tentou a ultrapassagem, numa travagem algo tardia, que o atirou por breves instantes para a gravilha, conseguindo ainda assim ficar à frente de Nasr, depois de ter cortado caminho. Ciente de que a posição teria de ser devolvida, Taylor deixou passar Nasr e colou-se à sua traseira, mas ficou sem hipótese de tentar nova manobra pois a bandeira de xadrez apareceu logo a seguir. O #31 ficou em segundo lugar e festejou o título do IMSA, o #10 em terceiro e teve de se contentar com a Endurance Cup, que premeia a melhor equipa nas corridas de longa duração. 

GTLM – Chevrolet levou o título, mas Porsche festejou última vitória da categoria

Não foi a despedida que certamente queríamos ver em GTLM. A categoria que tão boas corridas nos deu ao longo dos anos, começa a despedir-se das pistas, com o desinvestimento na maquinaria GTE. Apesar da Chevrolet ter já confirmado o título (vantagem para o #3 – A. Garcia / J. Taylor / N. Catsburg), faltava o desempate em vitórias (41 para cada lado antes desta prova) nos GTLM que sorriu à Porsche, pois os dois Corvette C8.R desistiram, com o #3 envolvido no maior acidente da prova, e o #4 a ficar de fora nos últimos minutos depois de um toque de um DPi ter motivado uma saída de pista que danificou irremediavelmente a suspensão do carro. A vitória sorriu ao #79 (C. MacNeil / M. Jaminet / M. Campbell) com o #97 sem segundo e o BMW #24 a terceiro, tendo sido estes os únicos carros a terminar a prova.

Os restantes vencedores

O Ligier  #74 da Riley Motorsport venceu confortavelmente a corrida e o campeonato numa prova difícil para os LMP3, com vários carros a terem problemas técnicos, nos LMP2 o #52 viu a bandeira de xadrez em primeiro, depois de ter aguentado o ataque final do #8, mas uma penalização aplicada após a corrida, deu a vitória ao #8. O título, esse, já estava entregue a Ben Keating e à PR1/ Mathiesen Motorsports. Por fim em GTD Ross Gunn defendeu um ataque final de  Laurens Vanthoor para reclamar uma vitória  para o #23 da Heart of Racing Aston Martin à frente do #9 Pfaff Motorsport Porsche (que conquistou o título) com o #12 Vasser Sullivan Lexus em terceiro.

Albuquerque voltou a fazer sonhar

Filipe Albuquerque deu-nos muitas alegrias em 2020, com um ano tremendo no WEC e no ELMS. Para completar, faltava o título no IMSA e este esteve muito perto de acontecer. Este foi daqueles desaires “à la Albuquerque”, daqueles que doem, por ter faltado tão pouco. Mas que ninguém espere que o piloto de Coimbra alguma vez perca por “goleada”. Apesar da desilusão, é preciso dar os parabéns a “Albuquick”, nickname que usa no Twitter. Venceu Daytona, Mid-Ohio e Laguna Seca, juntando a esses triunfos mais três pódios, isto num ano de grande mudança. Foi a primeira época com a WTR, primeira época com Ricky Taylor e a primeira época da equipa com o Acura. Muitas novidades, muitas coisas ainda por afinar e apesar disso, o português e o seu agora colega de equipa estiveram sempre na linha da frente. 

No final da corrida Albuquerque não conseguia esconder a tristeza de ter visto um título escapar entre os dedos, mas fez questão de realçar os pontos positivos:

“Foi uma época longa, dura e ao mesmo tempo brilhante. No meu primeiro ano com a WTR só posso estar feliz com tudo o que conquistámos.  Estamos todos de parabéns pelos bons resultados, mas também pela persistência e garra nas alturas mais complicadas. O título fugiu-nos este fim-de-semana por meio segundo. Fizemos uma corrida espectacular com o material que tínhamos à disposição e que nesta corrida, infelizmente, não estava tão performante. Isto mostra bem a competitividade deste campeonato. Por isso, vamos já começar a preparar a próxima época para daqui a um ano, estarmos onde queremos estar, no topo”.

Apesar deste ano não ter conquistado um título, fez mais uma excelente época e para o ano estará de novo na luta pelo título. E o futuro certamente será risonho para o piloto, com os LMDh a chegar e, quem sabe, com o sonho de Le Mans para concretizar.

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