GP Macau F3: As estrelas, as desilusões… e o grande susto

Por a 20 Novembro 2018 15:26

Macau voltou a ser… Macau. A F3 deu-nos novamente um grande espetáculo, com excelentes pilotos a mostrarem a sua valia ao mundo. Tivemos grandes exibições, algumas desilusões e… um grande susto que felizmente não deverá passar disso mesmo.

Dan Ticktum foi sem dúvida o grande destaque deste fim de semana. O piloto que ficou atrás de Mick Schumacher na F3 Europeia (e que abusou um pouco do discurso) chegava a Macau já com uma vitória no bolso. No ano passado viu Ferdinand Habsburg e Sérgio Sette Câmara baterem na última curva da última volta entregando de bandeja a vitória a Ticktum.  Nesta segunda passagem tinha como missão provar que a primeira vitória não foi um completo acaso e que tinha capacidade para vencer. Ticktum mostrou a todos o seu talento e esteve sempre um furo acima dos restantes. Nos treinos livres foi mais discreto, mas nos cronometrados foi o mais rápido e na corrida foi implacável para a concorrência. Vencer três vezes seguidas Macau (Corrida principal no ano passado e as duas corridas deste ano) não é para qualquer um e o piloto da Red Bull começa a provar que tem capacidade para outros voos. Ficou apenas a 5 pontos da superlicença e se continuar a evoluir assim, a Red Bull tem um novo talento para colocar na F1 em breve.

Se Ticktum foi um dos grandes destaques do fim de semana, Mick Schumacher foi uma das desilusões. O campeão da F3 europeia começou o fim de semana da melhor maneira, mas ao contrário de Ticktum apenas se mostrou nos treinos livres. Na primeira sessão de treinos cronometrados cometeu demasiados erros o que lhe dificultou a tarefa para o resto do fim de semana. Largou de nono na corrida de qualificação e de sexto na corrida principal. Conseguiu fazer uma boa recuperação, mas não vimos do jovem o que se esperava, tendo em conta o nível que mostrou durante a segunda metade da época. Todos esperavam uma luta feroz Ticktum vs Schumacher, mas o alemão não teve capacidade para acompanhar o ritmo diabólico do britânico.

 

Callum Ilott tinha tudo para ser uma das estrelas do fim de semana, mas acabou por ser também uma das desilusões. O piloto do programa de jovens da Ferrari foi constantemente o segundo nos treinos mas não conseguiu manter a toada na corrida de qualificação, em que foi terceiro e na corrida principal foi “engolido” pelos adversários acabando na oitava posição. O jovem britânico mostrou potencial (tal como tinha feito no ano passado em que venceu a corrida de qualificação) mas voltou a claudicar na corrida principal.

Joel Eriksson era um dos favoritos e mostrou que tinha capacidade para chegar-se a Ticktum. Talvez tenha sido ele o único a mostrar andamento para tal e Ticktum admitiu durante a paragem da corrida que era o único piloto que “receava”. Eriksson esteve discreto nos treinos, mas nas duas corridas do fim de semana foi sempre um dos melhores. Na corrida de qualificação largou de quarto e com duas ultrapassagens fantásticas subiu para o segundo posto e na corrida principal teve de lutar com Fenestraz para ficar com o segundo lugar. O sueco queria a vitória, numa pista de que gosta muito, mas que tem sido ingrata.

Sacha Fenestraz seria sempre um dos pilotos mais falados, nem que fosse apenas por usar as cores da equipa Michel Vaillant, o herói de BD cujo último livro tem como palco precisamente a pista de Macau. Fenestraz já no ano passado tinha mostrado bom ritmo e este ano voltou a fazê-lo. O piloto do programa de jovens da Renault ficou perto do pódio na corrida de qualificação e conseguiu mesmo o terceiro posto na corrida principal. Um bom fim de semana para o jovem francês.

A prestação de Juri Vips foi de altos e baixos, mas o balanço é positivo para o estónio, que tal como Ticktum, pertence ao programa da Red Bull. Um pouco à semelhança de Schumacher, apenas chegou aos lugares da frente nos treinos livres e nos cronometrados ficou abaixo do que poderia ter feito. Largou de 12º na corrida de qualificação, mas fez uma boa recuperação até ao 7ª posto, lugar que repetiu na corrida principal. Os números podem não mostrar, mas Vips mostrou potencial e é um dos jovens a seguir com atenção no futuro.

Jake Hughes não era dos pilotos que mais interesse suscitaria, mas ao longo do fim de semana esteve regularmente no top 5 e mostrou um ritmo muito interessante. Merece por isso destaque tal como Gua Yu Zhou, piloto do programa da Ferrari que teve um erro que o tirou do top 5 na corrida de qualificação e que comprometeu o resto do fim de semana. Mas ainda assim mostrou alguns apontamentos interessantes para o futuro.

 

 

Falta referir Sophia Floersh. A jovem alemã viu os holofotes virarem-se para si não pelos motivos que gostaria. O acidente na Curva Lisboa foi arrepiante e as primeiras imagens fizeram temer o pior. A jovem saiu ontem de uma delicada operação, depois da fratura da coluna vertebral e agora inicia um processo de recuperação, com uma estadia de duas semanas em Macau antes de poder ser transportada para casa. Felizmente não há risco de paralisia, depois de um acidente em que a piloto embateu no carro que perseguia perdendo duas rodas e ficando sem controlo do carro.

Os limitadores da pista na curva Lisboa serviram de “rampa de lançamento” para um voo assustador, embatendo no chamado “Bunker” onde os fotógrafos estavam. À boa maneira portuguesa podemos dizer que além do azar, houve muita sorte. Se não fosse o limitador, Floersch teria embatido contra Sho Tsuboi e o resultado poderia ter sido muito pior, quer para a piloto quer para o seu colega. O embate no Bunker resultou em 4 feridos, mas poderia ter sido muito pior se aquela estrutura não existisse. A robustez do chassis da Dallara também deve ser elogiada.

Poderíamos estar a falar de um cenário muito mais negro se não fossem as medidas de segurança que a FIA impôs ao longo dos anos.  Claro que as críticas (muitas vezes infundadas) se fizeram ouvir, mas como disse Frits van Amersfoort, chefe de equipa de Floersch, este acidente poderia ter acontecido noutras pistas. Pode-se falar na instalação de redes mais altas naquela zona (a velocidade do impacto foi tal que o resultado seria praticamente igual com redes maiores) ou de outras medidas de segurança, mas a FIA e a organização de Macau vão olhar para os dados e fazer as melhorias necessárias.

Faz sentido querer acabar com as corridas em Macau por causa disso? Se tivermos de acabar com as corridas por causa do risco que elas têm, vale mais acabar com o desporto motorizado por completo. Macau é uma pista perigosa, muito especifica e com um grau de dificuldade tremendo. Mas ao mesmo tempo é a pista mais adorada por todos os pilotos que lá passam. É este misto único e por vezes incompreensível de gostarmos das pistas mais perigosas que faz de Macau um lugar especial. Felizmente todos os feridos estão a recuperar e este susto servirá para corrigir os possíveis erros que tenham acontecido.

 

 

O futuro da F3 em Macau é ainda incerto apesar do número recorde de espectadores. Com a criação da F3 pela Liberty que irá acompanhar a F1, existem dúvidas sobre que fórmula estará presente em Macau em 2019. O mais provável é que estes modelos regressem em 2019, pois estão ainda homologados por mais um ano e competirão na Euroseries que acompanhará o DTM. Mas é algo que apenas o futuro dirá.

Macau voltou a dar-nos corridas fantásticas, quer pela competição, como pela coragem e talento dos pilotos que percorreram o traçado do Circuito da Guia a velocidades estonteantes. Continua a ser um dos grandes espetáculos do mundo do desporto motorizado.

 

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