Fórmula E, Londres: Corrida caótica dá vitória a Alex Lynn, Félix da Costa atirado contra o muro

Por a 25 Julho 2021 15:09

Já vimos corridas loucas e estranhas na Fórmula E, mas a segunda corrida na Fórmula E vai para o top 3 das mais estranhas com incidentes em catadupa, desclassificações e um vencedor que não cruzou a linha de meta em primeiro. Alex Lynn (Mahindra) venceu a corrida, depois de ontem ter visto a vitória escapar-lhe por entre os dedos. António Félix da Costa (DS Techeetah) terminou a corrida mais cedo depois de ter sido atirado contra as proteções da pista por André Lotterer (Porsche).

O arranque foi feito sem grandes problemas mas com vários toques que, felizmente, não provocaram danos de maior nos carros. Stoffel Vandoorne largou bem da pole e ganhou logo alguma margem para Oliver Rowland (Nissan) e Lynn. Félix da Costa começou de faca nos dentes e ganhou quatro lugares logo na primeira volta. 

De Vries passou por Lynn na volta 3, numa manobra tirada a papel químico da corrida de ontem, onde conseguiu o segundo lugar. O top 3 era agora de Vandoorne, Rowland e de Vries. Félix da Costa passou pelo Attack Mode na volta quatro, na mesma volta em que Rowland fez o mesmo ficando de Vries em segundo lugar, permitindo que os homens da Mercedes fossem também ao AM, com Vandoorne a manter a liderança e de Vries a voltar ao terceiro posto.

Na volta seis René Rast (Audi) e Sebastien Buemi (Nissan) tropeçaram um no outro, numa sucessão de vários toques motivados pela quebra de direção do Audi de Rast, obrigando à entrada do Safety Car. Buemi acabaria por ser penalizado com dez segundos Stop & Go.

No recomeço da prova, Vandoorne voltou a ficar com alguma margem para Rowland enquanto atrás Félix da Costa ia aproveitando todas as escaramuças para ganhar posições e já era 14º. Os homens da Mercedes foram ao AM e de Vries tratou de passar Rowland mais uma vez, com os Mercedes bem posicionados para um excelente resultado. 

Na volta dez, Félix da Costa foi obrigado a desistir, tendo chocado com as proteções na curva 1, depois de André Lotterer ter atirado o português contra o muro das boxes, ao defender-se do ataque. Uma manobra escusada por parte de um piloto com tanta experiência quanto Lotterer. 

Neste momento tínhamos Vandoorne, Rowland, de Vries, Lynn e Gunther no top 5. Mas Lucas di Grassi (Audi) que estava no top 10, entrou na via das boxes enquanto o Safety Car estava em pista e passou para a frente da corrida por ter demorado menos tempo a fazer o mesmo percurso. A ideia da Audi foi inteligente, aproveitando o andamento lento do Safety Car, com Di Grassi a conseguir fazer o mesmo percurso mais depressa, ficando na frente do pelotão quando saiu das boxes. No recomeço Vandoorne tentou recuperar a sua posição, mas nas lutas da curva 10 levou um toque de Oliver Rowland que falhou a travagem (foi penalizado com cinco segundos) e caiu para 15º na classificação. Lucas di Grassi foi ao AM e de Vries assumiu a liderança de uma corrida recheada de toques e incidentes. 

Di Grassi passou para a frente duas voltas depois e estava preparado para selar uma jogada estratégica inesperada, enquanto de Vries tinha de se defender, sem sucesso, de Lynn, com o britânico a passar para a frente do piloto Mercedes. Frijns estava na luta pelo top 5 e conseguiu passar Gunther na volta 21, conquistando o lugar ao alemão, ficando atrás de Mitch Evans, que pouco depois foi ao AM, caindo para quinto, atrás do piloto da Virgin. 

A pouco menos de dez minutos do fim foi aplicado um Drive Through a di Grassi por infração do procedimento do Safety Car (não parou quando entrou na via das boxes), com Allan McNish a sprintar para falar com os comissários, no que indicava que a Audi não estava inclinada para cumprir a penalização. A confusão estava instalada e ficava no ar a sensação que o vencedor não seria conhecido logo após a bandeira de xadrez. A explicação que se pode dar neste momento é que Di Grassi não imobilizou completamente o carro e por isso terá desrespeitado o procedimento do Safety Car.

A dois minutos do fim, Bird tentou Nato na curva 10 mas os dois não evitaram o contacto e acabaram por desistir. 

A direção de prova acabou por mostrar a bandeira preta a Di Grassi, sendo em teoria desclassificado, no entanto na classificação final, o brasileiro apareceu apenas com uma penalização equivalente a um Drive Through, num caso que ainda vai dar muito que falar. A vitória foi para Alex Lynn, seguido de Nyck de Vries e Mitch Evans.

Destaques:

Foi uma corrida caótica que teve um pouco de tudo. Só não teve chuva para baralhar ainda mais o que foi uma corrida confusa. A Fórmula E sempre foi feita para o espetáculo, mas esta corrida terá sido demasiado animada e com demasiados casos. Os incidentes sucederam-se, os toques foram uma constante e as decisões foram algo questionáveis. Vandoorne parecia ter a corrida no bolso mas um erro de Rowland (mais um) deitou por terra o esforço do belga. A Mercedes estava preparada para uma excelente operação mas as cambalhotas da prova não beneficiaram os flechas de prata, no entanto De Vries voltou para a liderança do campeonato depois do pódio conquistado hoje. Para Lynn foi um grande fim de semana com um pódio e uma vitória para o britânico que teve duas prestações de grande nível. Mitch Evans fez uma boa corrida e mesmo com muitos danos no seu carro, conseguiu chegar ao pódio, à frente de Frijns que marcou pontos importantes na luta pelo título.

O caso desta prova é claramente o de Lucas Di Grassi. A jogada estratégica foi inteligente e a FIA aplicou a penalização apenas porque o brasileiro não parou completamente o carro. Mas não deixou de ser estranho ver a mensagem de bandeira preta para o piloto Audi e depois vermos no final que ficou em oitavo lugar, apenas com uma penalização de tempo. Di Grassi foi penalizado, não cumpriu a penalização na corrida, foi desclassificado e afinal aparece classificado apenas com um Drive Through. A confusão foi grande, vai continuar a ser até que se conheçam todas as versões.

Para Félix da Costa foi uma tarde ingrata. Estava a fazer uma excelente recuperação e a presença no top 10 era cada vez mais provável mas a defesa de Lotterer foi claramente exagerada, com a justificada penalização. O português fica a 15 pontos do líder, com 60 pontos ainda em disputa na dupla jornada em Berlim, onde no ano passado dominou completamente e foi campeão. Tudo em aberto com o top 10 da classificação a terem reais hipóteses de poderem lutar pelo título (sem referir os que matematicamente podem ainda chegar ao título).

Classificação corrida:

Classificação Campeonato:

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4 Comentários
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Pity
Pity
2 anos atrás

Que grande caldeirada! Lamento que o AFC tenha sido um dos prejudicados, até porque estava a fazer uma grande recuperação, depois de uma qualificação desastrosa, mas não se pode dizer que a corrida não tenha sido animada. O mais caricato, foi o caso do di Grassi. Começou com uma chico-espertice mal feita e acabou com um espalhanço dos comissários. Se o brasileiro tem parado na box um segundo que fosse, estaríamos a falar de uma estratégia genial, assim foi uma grande burrice. Levou um drive through, bem merecido, não cumpriu, viu bandeira preta e, pasme-se, ainda ficou classificado em 8º!!!!!!… Ler mais »

joaolima
joaolima
Reply to  Pity
2 anos atrás

Já retiraram o di Grassi de 8º e foi dado como desclassificado, o que é natural pois é o que uma bandeira preta representa. Não entendo como apareceu primeiro em 8º…

tp84
tp84
Reply to  joaolima
2 anos atrás

apareceu em 8º pq foi aplicada a penalização em tempo. o resultado final é depois sujeito a aprovação e penalizaçóes que possam ser aplicadas depois da corrida.

can-am
can-am
2 anos atrás

Não se pode queixar.Tem sido beneficiado outras vezes. Calha a todos.
Mas prefiro os carrinhos de choque nas feiras…esses pelo menos não são ridículos.

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