Fórmula E: Di Grassi quer mais dos futuros carros

A actual geração de monolugares da Fórmula E fez apenas duas corridas, mas alguns já falam da próxima geração. Está prevista uma reunião dos responsáveis do campeonato para acertar a filosofia dos Gen3 e Lucas Di Grassi deu a sua opinião sobre o que deve ser o futuro.

O piloto brasileiro defende que a Fórmula E deve ter carros mais potentes, capazes de bater a aceleração dos F1. O piloto defende a introdução de mais tecnologia e que o campeonato deve liderar a mudança no desporto motorizado, que agora se inicia:

“Os Fórmula E devem ser os carros mais rápidos em aceleração do mundo. Devem ser os mais rápidos  dos 0 aos 200 Km/h, mais rápidos que a F1 e o Ralicross, pois essa é a essência dos motores eléctricos, tal como os Tesla. Temos de usar tracção integral, temos de mudar a distribuição do peso, temos de fazer muita coisa de forma diferente. Talvez possamos colocar partes móveis no carro. Podemos ser inovadores. As pessoas ainda seguem os modelos antigos do desporto motorizado, quer na forma de desenhar os carros, como nas regras desportivas e técnicas. Creio que a Fórmula E deve ser pensada de forma diferente. O automobilismo passa por uma fase de transição e temos de usar isso a nosso favor, ao invés de copiar algo que falhou. “

O piloto gostaria de ver um aumento de potência para os 700cv, mantendo o actual peso dos carros (900 kg).

É uma visão ambiciosa para o futuro. A competição tem introduzido aos poucos novidades como o fanboost e o Attack Mode, ideias revolucionárias que não eram habituais no desporto motorizado. O aumento que o piloto brasileiro pede tornaria os carros mais rápidos e talvez abrisse as portas para provas em circuitos ditos tradicionais e não apenas em citadinos. Mas uma rotura demasiado radical talvez não seja uma solução. Afinal os principais consumidores de corridas estão habituados a um conjunto de pressupostos que a serem colocados de lado poderiam ser um choque demasiado grande. É preciso sempre que haja uma base conhecida para que quem vê não se sinta perdido e possa aproveitar da competição. Basta ver a reacção dos fãs quando há mudanças na F1, por exemplo. As primeiras reacções raramente são positivas e por vezes as alteração nem são muito profundas.

A Fórmula E está numa posição privilegiada e pode liderar a mudança no automobilismo, mas as mudanças demasiado radicais são difíceis de assimilar. Talvez seja mais benéfico uma abordagem ambiciosa mas equilibrada que permite a inclusão de ideias inovadoras mas que no fundo mantenha uma base que ainda mantém milhões de fãs com vontade de ver corridas. Até agora a Fórmula E tem conseguido fazer isso de forma inteligente.