Filipe Albuquerque: “dói ter um carro que é capaz de vencer Le Mans e deixá-lo na garagem”

Por a 1 Fevereiro 2023 15:25

Entrevista de Fábio Mendes

Filipe Albuquerque esteve novamente próximo de vencer em Daytona. O final foi de emoções contraditórias: o segundo posto foi celebrado como uma vitória, porque durante algumas horas o quarto posto parecia ser o possível, mas com o ritmo imposto pelo piloto português no final da corrida, tendo recuperado voltas de atraso para o líder, esteve à vista vitória e por isso terminou a corrida com alguma frustração. Se somarmos a diferença deste ano do carro do piloto português na prova de arranque da temporada do Sportscar Championship da IMSA com a diferença do segundo posto do ano passado, são apenas 7 segundos que separaram Albuquerque de duas vitórias na mítica prova de resistência.

Depois de ultrapassadas as emoções fortes da 61ª edição das 24 Horas de Daytona, Filipe Albuquerque fez um pequeno balanço em exclusivo ao AutoSport sobre a sua participação.

“Começamos fortes, tanto nos treinos livres como no ‘Roar’, apesar de haver sempre a dúvida sobre se os adversários estavam a esconder o jogo. O certo é que a Acura ficou quase sempre no topo da tabela de tempos”, disse Filipe Albuquerque ao AutoSport”, acrescentando que na corrida o “Ricky [Taylor] arrancou bem e andamos na frente, ficamos um pouco ‘presos’ atrás dos Cadillac, mas sempre tudo controlado. O certo é que quando entrei para o carro passei para primeiro e liderei com grande vantagem, até, e sentimos que estávamos fortes, mas depois tivemos um problema ao colocar o óleo”. Como sabemos agora, a paragem mais demorada do Acura ARX-06 #10 colocou a equipa do português longe dos líderes da corrida, mas “não nos deixamos desanimar porque há sempre bandeiras amarelas, o que é certo demoraram cinco horas, portanto isso fez-nos duvidar”, contou o piloto português. 

Apesar da falta de ‘Full Course Yellow’ que permitisse à equipa recuperar voltas de atraso para os carros da frente, “o carro mostrou-se sempre competitivo” garantiu Filipe Albuquerque, explicando ainda que a equipa alterou a configuração do Acura durante a paragem porque durante o dia estava demasiado subvirador. No entanto, “a pequena mudança que fizemos foi para pior e quando entrei para o carro no final da corrida, quando a pista estava muito mais rápido e mais quente, o carro escorregava muito de frente e vi logo que não tinha carro para o [Acura] #60”. 

Albuquerque admitiu que durante a fase final da corrida, quando ainda seguia no quarto posto a duas voltas de atraso do líder, foi “um espelhar de emoções, porque sabia que não tinha ritmo para os carros da frente e pensei que ia ficar em quarto, que nem era mau porque o carro estava difícil de guiar”. Mas como ‘até ao lavar dos cestos é vindima’, como diz o povo, quando o piloto conseguiu recuperar voltas, ajudado em parte por períodos de FCY e pelo excelente ritmo que impôs, “vontade de ir atrás e ir à luta, agarrei em todas as oportunidades que tive nos recomeços”, tentando alcançar a vitória. 

A força de vontade do piloto português foi travada no final por causa da um outro problema no carro. “O Tom [Blomqvist] estava muito mais rápido, porque ainda tivemos outro problema. Tínhamos mais asa na fase final da corrida e quando tentamos alterar, o parafuso partiu-se ou ficou bloqueado e portanto não conseguimos mudar a asa”. Com mais arrasto no Acura #10, “mesmo no cone de ar, não conseguimos ganhar nada”, disse o piloto. “Tínhamos andamento para os Cadillac, mas o da Meyer Shank estava com menos asa e isso dificultou imenso”. 

Na primeira corrida da nova temporada do Sportscar Championship da IMSA que marcou ainda a estreia dos LMDh, a dúvida maior recaia na fiabilidade dos carros da classe GTP. “Todos [os carros] estavam muito frágeis, A questão era quem vai ser o próximo piloto e carro que vai quebrar? Podíamos ser competitivos, mas a qualquer momento podíamos ter um problema”, salientou Albuquerque.

O resultado da Acura em Daytona colocou a pressão sobre o construtor em decidir apostar no WEC para poder disputar Le Mans, aproveitando a convergência entre campeonatos da FIA e da IMSA como irá fazer já este ano a Porsche, BMW e Cadillac. Filipe Albuquerque é lacónico: “Só eles é que podem responder. Está acima de mim. Acho que dói ter um carro que é capaz de vencer Le Mans e deixá-lo na garagem”. Albuquerque acrescentou que competir na prova francesa “é a ambição de muita gente” e este regulamento permite “sonhar e completar o objetivo de ganhar Daytona e Le Mans, ter isso no seu currículo, desde piloto, equipas e patrocinadores”. O piloto acredita que a parceria entre Andretti Autosport e Wayne Taylor Racing cria condições para que competir na mítica prova em Le Mans seja possível, mas nunca pode acontecer sem a aprovação da Honda. Ainda assim, mesmo que a pressão esteja agora do lado do construtor para tomar a decisão sobre Le Mans, Filipe Albuquerque acredita neste projeto e considera estar no “sítio certo. Prova disso é o que temos vindo a conquistar. Ganhar Daytona e terminar duas vezes consecutivas em segundo […] diz tudo sobre o nível onde estou inserido, de uma exigência grande e ambição muito alta”.

Filipe Albuquerque tem pela frente um campeonato longo que quer vencer, terminando em Petit Le Mans, onde é preciso quebrar a má sorte do português e da WTR.

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