Entrevista AutoSport a Ni Amorim: O balanço da velocidade e monolugares em Portugal
Numa fase em que o automobilismo nacional vive um período particularmente dinâmico, o Presidente da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), Ni Amorim, conversou com o AutoSport, por altura da etapa final do Campeonato e Portugal de Velocidade, sobre o crescimento da modalidade, o impacto do aumento de inscritos, a consolidação do campeonato de GTs e Turismos e os planos de futuro para uma nova fórmula de iniciação.
Entre balanços, projeções e cautelas, o dirigente explicou o que mudou desde que assumiu a liderança da FPAK e qual pode ser o próximo passo para criar uma verdadeira ponte entre o karting e os monolugares em Portugal.
Amorim reconhece que o cenário atual supera largamente aquilo que a federação imaginava no início do seu mandato. Também explica por que razão a Fórmula 4 não é, para já, uma opção viável no contexto português, e revela que existe já um estudo em curso para lançar um novo conceito — uma espécie de “F5” — que possa funcionar como categoria intermédia a partir de 2027.

AutoSport — Desde que assumiu a presidência, a velocidade deu um salto evidente. Que leitura faz dessa evolução?
Ni Amorim — “Desde que assumi a presidência, a velocidade deu um salto tremendo. O trabalho que a FPAK, juntamente com o promotor, tem feito para fazer crescer a velocidade está a dar frutos. O campeonato chegou ao nível que queria e, na verdade, até ultrapassou aquilo que eram as perspetivas mais otimistas do início. Estamos com um campeonato muito forte, ao ponto de a organização ter tomado uma atitude muito acertada ao dividir as grelhas [uma para os GTC e outra para os GT4]. As corridas estavam a ser muito difíceis de gerir pelo excesso de carros em pista. Havia pilotos que nem conseguiam fazer uma boa preparação porque os treinos livres eram sujeitos a muitas interrupções; quanto mais carros, mais incidentes. Por isso, a divisão das grelhas foi um passo certo. Neste momento, o trabalho na velocidade passa mais por estabilizar com qualidade do que crescer. Se crescer, ótimo; mas se ficar como está, já é um campeonato excelente. Neste momento, é um dos melhores campeonatos europeus de GTs e Turismos. E ouvimos isso não só de pilotos portugueses, mas também de pilotos estrangeiros que vêm cá correr e que reconhecem a competitividade e a organização.

AutoSport — O salto do karting para os automóveis tem sido feito com sucesso, mas falta uma opção para quem quer seguir para os monolugares. Acha que uma F4 em Portugal faz sentido?
Ni Amorim — “Acho que a Fórmula 4, neste momento, está completamente desadequada à nossa realidade. Temos um campeonato fortíssimo em Espanha e os budgets são absolutamente incomportáveis para a nossa realidade: estamos a falar de valores que oscilam entre os 400 e os 600 ou 700 mil euros, dependendo das equipas, pois há estruturas que só aceitam pilotos se fizerem dois campeonatos: o de Inverno e o Campeonato Principal. É um campeonato extremamente caro, e em Portugal não teríamos quórum para garantir um número de inscritos minimamente sustentável. Seria inviável. Por isso, não acredito que a F4 seja algo que devamos tentar lançar. Mas há outras soluções a serem pensadas”
AutoSport — Então que solução defende para criar uma verdadeira escola de monolugares em Portugal?
Ni Amorim — “A solução pode passar por uma fórmula intermédia. Uma transição entre o kart e os fórmulas, como existia antigamente com a Fórmula BMW, que foi um campeonato extraordinário e que chegou a lançar pilotos importantíssimos. Há, neste momento, um conceito a ser estudado para uma fórmula que podemos chamar, provisoriamente, de F5. Se surgir no mercado um carro cujo orçamento para fazer um campeonato ronde os 120 mil euros, então existe mercado. Porque isso é praticamente o mesmo que um piloto gasta num troféu e num campeonato competitivo de karting. Seria, portanto, uma transição natural e acessível entre uma coisa e outra.”

AutoSport — E para quando poderia essa nova fórmula tornar-se realidade?
Ni Amorim — “Estamos numa fase de consultas e estudos de mercado. Não é um projeto para 2026, isso está completamente fora de questão. Mas para 2027, sim, é uma possibilidade. O que precisamos é de fazer este estudo com muito rigor, para termos a certeza de que garantimos um mínimo de 14 ou 15 carros. Só assim o campeonato terá dignidade e será apelativo. Se esse número estiver garantido, então 2027 pode ser o ano para lançar esta fórmula intermédia, que considero que faz todo o sentido para o panorama português.”
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