Entrevista a Ni Amorim: FPAK Junior Team com grandes novidades no CPV, CPR e Ralicross
Depois de aprimorar a velocidade, reforçar o CPR e iniciar uma renovação profunda no automobilismo nacional, Ni Amorim tem agora um novo foco: a consolidação do FPAK Júnior Team para 2026. Uma das grandes bandeiras da FPAK desde que assumiu a liderança da federação, o presidente da federação não tem poupado esforços para levar o projeto a todas as modalidades do desporto automóvel.
O FPAK Junior Team tem sido a rampa de lançamento para novos talentos que começam agora o seu percurso de afirmação e se, no início, o projeto foi feito com algumas limitações, agora começa a ganhar cada vez mais força e 2026 poderá ser o melhor ano de sempre.
Entre planos para fortalecer a presença feminina, oferecer carros mais competitivos aos jovens pilotos, reorganizar o karting, abrir portas ao rallycross e preparar talentos para o topo dos ralis, o presidente da FPAK explica como pretende dar o maior salto desde a criação deste programa.
Com ambição, mas também com cautela orçamental, Amorim descreve um futuro em que o Júnior Team funciona como uma verdadeira academia transversal — da velocidade aos ralis, passando pelo karting e até pelo rallycross. E destaca um ponto essencial: já não basta descobrir talento, é preciso apresentá-lo às marcas como um investimento seguro.

AutoSport — Há a sensação de que o FPAK Júnior Team está prestes a entrar numa nova fase. O que está a ser preparado?
Ni Amorim — “Sim, estamos a tentar estruturar o FPAK Júnior Team de forma a que, na parte da velocidade, possamos integrar também a Ladies Cup. Queremos que exista uma componente dedicada às senhoras, mas também estamos a trabalhar para disponibilizar um carro mais potente e mais performante para os jovens que se candidatem e sejam selecionados. A ideia é manter o modelo atual, mas com outro carro. É um projeto muito semelhante ao que existe, apenas com um salto qualitativo no equipamento. Agora, se esse carro já está definido? Ainda não. Está em estudo. Ideias não nos faltam, mas é preciso garantir o enquadramento orçamental certo para todas as partes. Se conseguíssemos o apoio de uma marca para baixar os custos, seria o ideal. Mas para isso não pode ser um Ginetta, porque não há representação; não pode ser um Ligier, pelo mesmo motivo. Teria de ser um carro de uma marca comercial, mais apelativa também para os próprios pilotos. Estamos a estudar e tudo indica que vamos mesmo fazer um upgrade na velocidade.”
AutoSport — E nas restantes modalidades do Júnior Team? O que muda em 2026?
Ni Amorim — “Nos ralis vamos manter o projeto, que tem apenas três anos e só um ano com os Peugeot. Esperamos que apareça novamente uma centena de candidatos, como aconteceu este ano, para podermos escolher cinco pilotos para competirem connosco no Campeonato de Portugal de Ralis com os Peugeot. Vamos continuar também na Montanha e vamos abrir uma nova vertente dedicada à captação de pilotos de rallycross. Acho que, tanto nos Iniciados como no Kartcross, há um potencial enorme para fazer crescer a modalidade. Temos excelentes pilotos atualmente nas categorias principais que vieram precisamente do rallycross, portanto existe ali um mercado que temos de olhar com atenção.”

AutoSport — E no karting? Há mudanças significativas?
Ni Amorim — “Há uma reformulação importante. O Nuno Couceiro é agora o responsável pela área do karting em Portugal, alguém que vive intensamente a modalidade e tem uma visão que me parece muito acertada. Vamos deixar de ter dois campeonatos como até aqui. A partir de 2026, haverá apenas um Campeonato de Portugal, como acontece em todas as outras modalidades do desporto automóvel. Mantemos o Troféu Rotax, que é fortíssimo e muito competitivo, e estamos a estudar uma Taça de Portugal que possa integrar Rotax e IAME. A ideia é tentar criar um grande fim de semana com 160 ou 170 karts, se for possível conciliar tudo. O campeonato português e o Troféu Rotax estão garantidos. E continuaremos atentos a quem, no karting, demonstra capacidade para receber apoio da federação e competir internacionalmente.”
AutoSport — O que podemos esperar, então, do FPAK Júnior Team em 2026?
Ni Amorim — “Vamos elevar o nível do projeto com estas modalidades: velocidade, ralis, montanha, rallycross e karting. E estamos satisfeitos porque a grande maioria dos pilotos que passaram por nós ficou no mercado. Isto é fundamental para o negócio do motorsport: para quem vende pneus, gasolina, para as equipas. Gera atividade económica e permite a renovação, que é tão necessária em Portugal. E essa renovação já se nota, tanto nos ralis como na velocidade.”

AutoSport — E quanto ao futuro dos jovens pilotos no Rally2? Há novidades?
Ni Amorim — “Sim. Vamos ter uma reunião que pode ser decisiva para definir o futuro dos jovens no Campeonato de Portugal de Ralis. Há uma vontade muito forte de colocarmos jovens no Rally2 em 2026. E não falo de um carro com dois pilotos — o objetivo é termos um piloto por carro, cada um a fazer um campeonato completo. Se tudo aquilo que acabei de lhe dizer se concretizar — e não vejo razão para que não aconteça — será uma progressão brutal do FPAK Júnior Team. Eles provaram, com poucas oportunidades, que conseguem andar ao nível dos consagrados que dominam os nossos ralis há anos. Repare: se não tivessem estado o Kris Meeke e o Dani Sordo, o Gonçalo Henriques tinha feito história duas vezes. No Algarve foi o melhor português na sua primeira prova e, na última, voltou a ser o melhor português. A estratégia foi acertada. Mas para chegarmos a esta maturidade é preciso cumprir um conjunto de requisitos que tornem o projeto interessante para as marcas.”
AutoSport — Quando fala em interesse das marcas, refere-se à necessidade de provar que um jovem é uma aposta segura?
Ni Amorim — “Exatamente. As marcas não querem gastar dinheiro a descobrir talentos. Não querem perceber se ele vale no kart, no Peugeot ou no Júnior Team. Não, elas querem alguém que já tenha provas dadas: ‘Este é bom, este vem para ganhar, este discute os primeiros lugares’. Esse trabalho de seleção, desenvolvimento e validação tinha de ser feito por alguém — e o FPAK Júnior Team assumiu esse papel. É isso que torna o processo estratégico. Formamos pilotos, mostramos o seu valor e criamos condições para que uma marca tenha confiança em investir neles. É assim que construímos um caminho sustentável.”
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