Entrevista AutoSport a Filipe Albuquerque: “Ter dois programas é voltar à minha base”
Filipe Albuquerque continua a ser uma das figuras maiores do automobilismo português. Entre o IMSA, nos Estados Unidos, com a Wayne Taylor Racing, e o ELMS, na Europa, com a Nielsen Racing, o piloto de Coimbra voltou finalmente a viver aquilo que chama “a sua base”: competir em dois campeonatos em simultâneo, gerir novos carros, novas equipas, novas responsabilidades e, sobretudo, altos níveis de exigência.
2025 foi um ano de adaptação, evolução e desafios mecânicos, mas também de pódios, aprendizagens valiosas e de reafirmação enquanto líder técnico dentro das estruturas onde corre. Nesta entrevista ao AutoSport, Filipe fala sem filtros sobre o que correu bem, o que correu mal, a pressão interna que assume como sua, e o que significa voltar a ser um piloto com dois programas fortes em mãos.
AutoSport — Este ano voltaste finalmente a ter dois programas em simultâneo. Para muitos parece muito, mas para ti soa quase a um regresso ao normal. Como foi esta adaptação? Estavas com saudades dessa “base”?
Filipe Albuquerque — “Sim, fiquei mesmo contente por voltar a ter dois programas. Para mim é voltar à base, sim. E sabe bem porque, às vezes, quando um programa não corre tão bem, temos sempre o outro para manter a confiança em alta e perceber que estamos a fazer tudo bem. Este ano tive dois projetos diferentes, com carros diferentes, mas ambos com a mesma tendência: eram projetos novos. No IMSA, com a Wayne Taylor Racing, tínhamos um carro completamente novo e tínhamos de aprender tudo. No ELMS, a Nielsen queria elevar o nível da equipa para o top cinco. E isso não se faz do dia para a noite. Hoje em dia não basta dinheiro: é preciso uma equipa que se conheça muito bem, que trabalhe como um todo.”

AutoSport — Comecemos pelo IMSA. Daytona foi uma estreia dura com o novo carro. Como viveste essa fase inicial?
Filipe Albuquerque — “Daytona foi duríssimo. Faltava andamento e, à procura desse andamento, acredito que também não fizemos o melhor setup para a corrida. Mas isso faz parte da aprendizagem. Sabíamos exatamente o que tínhamos de melhorar. A fase inicial foi dura, tinha de ser ultrapassada — e a exigência por resultados aparece logo. Podemos dizer que é normal ter uma fase de adaptação, mas, na prática, depois de uma corrida menos boa, a pressão aparece logo: ‘Ok, agora temos de ir para a frente, temos de ganhar’. Sempre lidei bem com isso. No IMSA foi sempre um crescendo: melhorar andamento, ganhar consistência. E acabámos por fazer três pódios. Para uma época de estreia com carro novo, foi bom. Quase ganhámos em Detroit — e digo “quase” porque foi mesmo a três voltas do fim que perdemos a liderança. Foi muito disputado.”
AutoSport — Ficaste satisfeito com o progresso ao longo do ano?
Filipe Albuquerque — “Fiquei contente com a evolução, não fiquei contente com o desfecho. Na fase final, estávamos todos à espera de mais andamento. Vimos outro Cadillac a ganhar nas últimas corridas com um ritmo forte e faltou-nos isso. E não há problema nenhum em admitir que estamos chateados com falta de performance — pelo contrário, significa que queremos ir atrás do prejuízo.”

AutoSport — E no ELMS? Também aí o arranque foi difícil.
Filipe Albuquerque — “Sim, no ELMS também foi um crescendo. A primeira corrida foi horrível — fiquei a dois segundos do primeiro, algo que nunca me tinha acontecido. Quando a diferença é assim tão grande, só pode ser o carro. Mas é uma questão de trabalhar. A equipa encontrou o problema: era uma falha de raiz no setup. Assim que isso foi corrigido, começámos logo a lutar pelos cinco primeiros. Fizemos pódio em Spa, em Silverstone arriscámos na estratégia, mas era um pódio perfeitamente possível, tanto que cheguei a liderar. Em Portimão, estava em segundo e tudo apontava para mais um pódio, mas tive um problema de motor — e estamos a falar de motores iguais para todos, um motor novo que tínhamos montado em Silverstone. Foi estranho. Tirou-nos o quarto lugar no campeonato, que era completamente atingível. Acabámos em quinto, como estava definido como objetivo. Atingimos aquilo que a equipa pediu. Gostaria de mais? Claro. A não ser que ganhe, quero sempre mais.”
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