CPV: Finalmente no rumo certo? – Parte 1 (Estabilidade precisa-se)

Por a 18 Agosto 2022 18:00

Por Fábio Mendes e Pedro André Mendes

A velocidade nacional iniciou em 2022 um novo ciclo. Mas será esta mudança aquela que todos ansiavam e que nos dará um campeonato forte e interessante, ou será apenas mais um capítulo fugaz como tantos outros até agora?

Queríamos começar este artigo com uma lista de pilotos talentosos que fizeram ou fazem carreira na velocidade. Mas depressa chegamos à conclusão que a lista seria extensa demais para o propósito pensado. Felizmente, nunca faltou talento em Portugal e a velocidade nacional foi produzindo pilotos capazes de se baterem com qualquer um e que podiam chegar (ou chegaram) longe. O que tem faltado ao longo dos anos é um palco nacional digno para esses talentos. Não há como negar que os ralis são a modalidade rainha do desporto motorizado nacional, mas a velocidade aparece em segundo lugar e com muito potencial desaproveitado. Há estruturas, pilotos e talento para tornar a velocidade nacional melhor e mais atrativa. Tem faltado apoios, mas acima de tudo, tem faltado rumo.

De 2014 para cá a categoria principal da velocidade nacional teve como máquinas de eleição sport protótipos, TCR, passando por uma fase de indefinição que depois resultou na aposta nos GT Cup e agora nos GT4 com a companhia dos TCR. Em oito épocas, vimos cinco ciclos, sendo que o quinto se iniciou na época que agora decorre. Em oito anos deveríamos ter visto apenas dois ciclos, três no máximo. É esta indefinição que tem minado a velocidade em Portugal. Vínhamos dos GT´s que acabaram por ser tornar demasiado caros para a realidade nacional, passamos para os protótipos que não convenceram e foram trocados pelos TCR, que pareciam a solução certa para a nossa realidade, o que acabou por não acontecer com o campeonato a ficar moribundo. Foi preciso a ANPAC pegar na velocidade em 2019 para dar continuidade à categoria rainha que passou por uma fase de indefinição onde as grelhas eram feitas de uma diversidade demasiado grande de carros. Mérito seja dado a quem o merece, não fosse a ANPAC, a velocidade teria morrido.

Em 2020 iniciou-se uma nova caminhada com os GT Cup, caminhada essa que terminou duas época depois, com a entrada em cena dos GT4 e dos TCR.

Estabilidade precisa-se

Para que uma equipa possa sobreviver e ter lucro, no fundo, o motivo pelo qual qualquer negócio é aberto, é preciso que o investimento tenha retorno. Ora na competição automóvel, o investimento são os carros e todo o material necessário à competição e o retorno é feito com os pilotos que pagam para fazerem as épocas. Para que o investimento num carro tenha retorno é preciso três ou quatro anos, com o carro a fazer um número razoável de corridas. Esse retorno só se consegue com estabilidade nos regulamentos, sabendo que uma equipa compra um TCR, ou um GT e que o poderá usar durante algumas épocas para ter retorno. Ora, se em oito anos tivemos cinco tipos diferentes de campeonatos, não é possível a uma equipa olhar para o futuro a médio prazo e pensar que poderá fazer dinheiro com o investimento que já efetuou. Este é apenas um dos muitos problemas que a instabilidade regulamentar traz.

É isto que as equipas pedem há muito tempo. No fim de semana de corridas em Vila Real, fomos questionando algumas pessoas sobre o estado da velocidade e as respostas foram sempre muito similares. É preciso um plano que seja cumprido e é preciso estabilidade. Luís Veloso, patrão da Veloso Motorsport disse-o de forma clara:

“Nunca vai haver um regulamento que vai agradar a todos. Mas tem de haver uma estratégia que seja cumprida e não se pode fazer um regulamento por dois anos e depois haver mudanças de promotores e tudo mudar, complicando os investimentos das equipas. O regulamento que tínhamos não estava a ter sucesso, apesar do formato e custos interessantes.”

Pedro Salvador, patrão da Speedy Motorsport disse por outras palavras o mesmo:

“É preciso traçar um plano que seja rigorosamente cumprido nos próximos anos e que seja dado tempo para que as coisas nasçam, cresçam e amadureçam conforme a nossa realidade. Infelizmente na velocidade, temos sido confrontados com mudanças de planos demasiadas vezes e quem fica prejudicado são as equipas e eventualmente algum promotor que tenha investido tempo e dinheiro. É preciso um plano estratégico que começa no karting e que possa acompanhar o crescimento dos jovens pilotos. Já temos algumas competições que o permitem, mas é preciso definir esse plano. Acima de tudo, é isso que faz falta na velocidade nacional.”

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