A quem interessa o novo FIA Electric GT Championship

Por a 28 Maio 2021 11:09

O FIA Electric GT Championship (eGT) promete revolucionar as corridas de GT. Apesar dos altos requisitos, o conceito é atrativo para alguns construtores. Saiba quem está especialmente interessado no futuro das corridas elétricas de GT.

No comunicado de imprensa de apresentação do campeonato, Jean Todt referiu que “já existe interesse” por parte de uma série de construtores no campeonato. Leena Gade, a Presidente da Comissão de GT da FIA, reforçou a ideia, dizendo que “temos tido reuniões regulares com os construtores de GT através dos Grupos Técnicos de Trabalho e há um grande interesse na nova categoria”.

Escusado será dizer quanto importante é a bandeira da eletrificação para as marcas na atualidade. Porém, sendo a categoria FIA GT3 vista aos olhos da grande maioria dos construtores como uma categoria para “competição-cliente”, entenda-se, para privados, e com a categoria GTE a caminhar a passos largos para o seu fim, o lançamento do FIA Electric GT Championship (Campeonato FIA de GT Elétricos em português) vem mesmo a calhar para manter a nível oficial os construtores na categoria.

Obviamente que assim que o eGT foi anunciado, prontamente se levantaram algumas bandeiras vermelhas. A competição não será para a carteira dos privados. Esta foi uma das razões para o SRO Motorsport Group não se ter interessado na promoção do campeonato, deixando esta competição de GT nas mãos do Eurosport Events. Por outro lado, vontades e desejos à parte, sendo um campeonato dirigido exclusivamente para as marcas, ainda não houve uma única a levantar a mão e dizer presente.

A Audi e a BMW decidiram deixar da Fórmula E apontando razões diferentes, mas convergentes. A Audi saiu para redirecionar os seus esforços numa campanha no Dakar e na construção de um protótipo para a categoria LMDh. A lógica do Dakar é que ali existem muito mais liberdades para os engenheiros fazerem a diferença. Por outro lado, é uma aventura tecnologicamente mais relevante para a indústria automóvel, ao contrário da Fórmula E, cujo único componente do carro que faz a diferença é o MGU. A história apresentada em Munique foi outra, mas parecida, com a marca a justificar-se que não tinha mais a aprender na Fórmula E.

A FIA, numa manobra arrojada para quem pretende limitar os custos, acena às marcas com fundamentos apetecíveis: não há uma só bateria igual para todos e podem ser usadas diferentes arquiteturas de motorização de dois ou quatro motores elétricos, com configurações de tração às duas ou quatro rodas. Ao mesmo tempo, haverá paragens nas boxes obrigatórias a meio da corrida para um recarregamento rápido até 60 por cento da capacidade. Mais, as corridas serão feitas em circuitos convencionais, sendo as performances esperadas semelhantes aos dos atuais GT3. Basicamente, a FIA promete tudo o que a Fórmula E não oferece atualmente.

Quem está interessado?

Audi – Apesar da reestruturação interna do final do ano passado, a Audi Sport terá budget disponível após o fim dos programas oficiais no DTM e na Fórmula E. Enquanto os detalhes não são claros sobre o projeto LMDh, a ofensiva do Dakar não irá consumir todos os recursos. O recente lançamento do Audi RS e-tron GT é uma séria afirmação sobre as pretensões da marca para os carros elétricos.

Bentley – O construtor de Crewe colocou um ponto final no seu programa na categoria GT3 no final de 2020. Mesmo sem qualquer atividade desportiva de momento, o departamento de competição da marca não cessou atividades. Um LMDh terá sido proposto à administração, mas a aposta na eletrificação está a obrigar a prestigiada marca britânica de viaturas de luxo a olhar para outras paragens, com o eGT a apresentar-se mais tentador que a Fórmula E.

BMW – A marca da Baviera não nega estar em conversações com a FIA. O futuro da gama M passa pela electrificação e a BMW vê com bons olhos uma transferência de tecnologia. Por outro lado, os engenheiros da marca têm já “know-how” que amealharam na Fórmula E. Um projecto para a categoria LMDh vai agora para aprovação pela administração da marca, e se reprovar, a BMW fica com poucas alternativas para participar numa competição automobilística relevante.

Mercedes-AMG – Pelas palavras dos seus responsáveis, o construtor germânico está interessado e gosta do conceito, mas antevê um longo período de evolução até que a competição se materialize. Com uma forte presença na Fórmula 1 e Fórmula E, não há muito espaço para mais um programa desportivo de fábrica.

Porsche – A marca de carros de luxo comprometeu-se com a Gen3 da Fórmula E e prepara-se para um ataque em 2023 ao mundial de resistência e ao campeonato IMSA com um LMDh em parceria com a Penske. Desde a primeira hora que a Porsche tem sido apontada a este campeonato.

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