12 Horas de Bathurst: Finalmente a Bentley!
Por Fábio Mendes
FOTOS Oficiais
Mount Panorama foi palco de mais uma espetacular corrida de resistência. A primeira jornada do Intercontinental GT Challenge, em Bathurst, foi repleta de emoção, drama e surpresas (como habitualmente) e no final, a Bentley conseguiu quebrar o enguiço e vencer. Álvaro Parente, no McLaren 720 S GT3, subiu ao pódio, depois de mais uma excelente prestação.
Foram 39 máquinas em pista, divididas por cinco categorias (Pro: GT3 Profissional; PAM: GT3 Pro-Am; SIL: GT3 Silver; GT4; Invitational) e 11 as marcas representadas, numa das provas mais relevantes do panorama internacional do endurance. É uma prova relativamente nova (início em 2007 neste formato), mas que vai interessando cada vez mais as marcas envolvidas na categoria GT3.
Este ano, a representação portuguesa ficou a cargo de Álvaro Parente, vencedor da edição 2016 da prova, na altura aos comandos de um McLaren 650S GT3. Este ano regressou para representar as cores da marca britânica, mas agora ao volante da nova máquina, o 720S GT3, com Tom Blomqvist e Ben Barnicoat como colegas de equipa. Parente juntava-se assim a uma lista de luxo com grandes nomes do automobilismo australiano e internacional.
Mercedes mostrou-se nos treinos, Porsche na qualificação
Nos treinos livres os Mercedes AMG GT3 começaram a destacar-se, sendo os mais rápidos em três das cinco sessões de preparação. Para o #60 de Álvaro Parente, foi um começo muito discreto, com o McLaren a surgir longe das primeiras posições nos primeiros treinos, chegando a sexto na última sessão. Os incidentes em pista foram frequentes, com vários carros a sentirem de forma intensa a exigência do traçado australiano. Na sessão de qualificação, que atribuía as dez vagas para o Shootout que decidia a pole position, Matt Campbell no Porsche 911 GT3 R #911 (M.Jaminet/P.Pilet/ M.Campbell ) foi o mais rápido, com o tempo de 2:03.4336, seguido do Mercedes AMG GT3 #77 (M.Engel/L.Stolz/ Y.Buurman) de Maro Engel e do #60 com Parente ao volante, que fechou o top3. No Shootout decisivo, foi novamente o #911 a ficar com o melhor registo (2:03.555) com Campbell a repetir o feito da Q2, conquistando a pole. O piloto do Porsche levou a melhor sobre Parente que ficou com o segundo tempo (+0.224). Raffaele Marciello (Mercedes #999) e João Paulo de Oliveira (Nissan #18) ficaram em terceiro e quarto, respetivamente, enquanto Laurens Vanthoor no Porsche #1 foi quinto. No final do dia de sábado a grelha estava reduzida a 34 carros. Os vários incidentes foram deixando de fora cinco máquinas (Ferrari #27, Nissan #35, Aston Martin #62, Lamborghini #29, Mercedes #777). Também o Bentley #8 sofreu danos severos, mas foi reparado a tempo da corrida.
Arranque forte para o #60
O arranque foi feito, como habitual, nas primeiras horas da manhã, com pouca luz, em condições que os pilotos não tinham ainda experimentado durante o fim de semana. Apesar do calor que já se fazia sentir àquela hora, foram as temperaturas mais frescas que os pilotos encontraram, mudando o comportamento das máquinas. O Porsche #911 perdeu a liderança logo na primeira curva, graças a uma excelente manobra do Mercedes #999 (F.Fraga/M.Buhk/ R.Marciello) de Maxi Buhk, com Barnicoat a seguir o exemplo do alemão, passando o Porsche e instalando-se na segunda posição. No final da primeira hora, era o homem da McLaren a liderar a corrida.
As primeiras três horas foram repletas de incidentes, com o Audi #22 a ficar fora de combate depois de uma violenta saída de pista no topo do Mount Panorama, isto depois do Aston Martin #188 ter também batido forte já na descida, mais ou menos na mesma zona onde o Lamborghini #6 também bateu e ficou fora de prova. Estes incidentes obrigaram a várias saídas do Safety Car e as estratégias variaram muito, com o limite de tempo dos pilotos ao volante a ser fator fundamental nas escolhas (cada piloto podia fazer turnos de 2h e meia no máximo, com uma hora de pausa obrigatória, e no total o tempo de condução não podia exceder as 4h e 40 min. para equipas de três pilotos).
A meio da prova o Bentley #7 (J.Gounon/M.Soulet/ J.Pepper) tinha-se instalado na frente da prova, com ligeira vantagem sobre o Mercedes #77 e o McLaren #60 que fechava o top 3. O Porsche #911 já estava algo distante com um furo e uma penalização a atrapalhar as contas da equipa. A prova estava a ser um pesadelo para a Audi, que depois de ver o #22 bater forte, viu o #2 ter problemas com um sensor e o #222 a ter também problemas com a roda traseira direita. O décimo aniversário da Audi em Bathurst não teve a festa desejada.

Apesar do susto, o Bentley #7 venceu
A três horas do fim, era ainda o #7 na liderança, enquanto o Bentley #8 ficava fora de prova com um furo a impedir o regresso às boxes da máquina britânica da M-Sport. Os Mercedes #77 e #888 ( S.van Gisbergen/ J.Whincup/M.Goetz) estavam no encalço do carro verde, enquanto o McLaren #60 começava a ter vários problemas técnicos que o atrasavam.
Enquanto isso, o BMW M6 GT3 da Walkenhorst Motorsport # 34 foi retirado após danos sofridos num incidente com um canguru nas etapas iniciais da corrida.
A Bentley parecia ter via aberta para a primeira vitória em Bathurst, mas um furo nos momentos finais da prova ainda assustou a equipa. Por sorte, o furo sucedeu perto da entrada das boxes, na reta de Conrad, com o Bentley a trocar o pneu e regressar à pista à frente dos Mercedes #77 e #999 que, entretanto, tinha subido na classificação. Mas a sorte não estava do lado dos Mercedes com o #77 a furar a 25 minutos do fim e o #999 a furar a dez minutos da bandeira de xadrez. Quem lucrou foi #60 que subiu para segundo, embora por pouco tempo pois o #999 depressa recuperou a posição. O McLaren estava com pneus usados e sem possibilidade de lutar de forma séria pela posição.
O Bentley #7 conseguiu assim segurar a liderança até ao final e vencer a prova, com o #999 em segundo em o #60 em terceiro. Mas uma penalização aplicada após a corrida despromoveu o #999 para sexto e Álvaro Parente subiu assim para segundo, à frente do Mercedes #888 que fechou o pódio. Apesar dos problemas o #911 terminou em quarto e o #77 fechou o top 5.

Pódio suado para Álvaro Parente
Na corrida, o trio do carro #60 esteve sempre envolvido na luta pela vitória, tendo passado por diversas vezes pelo comando da classificação. No entanto, duas penalizações, acabaram por atrasar Álvaro Parente e os seus colegas de equipa, conseguindo ainda assim, num excelente segundo lugar, a pouco mais de quarenta segundos da equipa vencedora.
Álvaro Parente falou sobre os desafios do fim de semana:
“No início do fim-de-semana tivemos alguns problemas que nos podiam ter criado dificuldades para os restantes dias, mas conseguimos ultrapassá-los e rapidamente nos mostrámos competitivos. Sabíamos que a corrida seria dura, como pudemos constatar, mas estivemos sempre na luta pelos lugares cimeiros. A vitória esteve muito próxima, mas numa prova tão longa tudo conta para a classificação final, e este segundo lugar é um excelente resultado”, afirmou Álvaro Parente.
O piloto do Porto faz um balanço muito positivo da sua terceira passagem pelo circuito do Mount Panorama, aludindo ao facto de reencontrar caras conhecidas. “Foi um fim-de-semana fantástico! Lutei pela pole-position, estivemos em contenção pela vitória e conquistámos um excelente segundo lugar. Foi bom ter voltado a trabalhar com a McLaren e com o Ben, que foi meu companheiro de luta nos Estados Unidos há alguns anos atrás. Foi também positivo conhecer o Tom e a 59Racing. Agora é olhar em frente para a restante temporada”, afirmou Álvaro Parente.

Quebrado o enguiço
A história da Bentley em Bathurst finalmente teve um final feliz. Em 2015 chegaram pela primeira vez ao Mount Panorama e por pouco não venceram. Foram terceiros em 2016, 2017. Em 2018 mostraram um excelente andamento, mas não terminaram a prova e em 2019 foram sextos. Ficou sempre no ar a impressão que os Bentley tinham o que era preciso para vencer Bathurst, mas a sorte não lhes sorria. Em 2020, a Bentley e a M-Sport conseguiram finalmente vencer, naquela que foi a primeira vitória no IGTC, depois do #7 ter largado da 11º posição.

Classificação
1 #7 J.Gounon/M.Soulet/ J.Pepper Bentley Continental 314 voltas (PRO)
2 #60 A.Parente/B.Barnicoat/ T.Blomqvist McLaren 720S GT3 (PRO) +41.524
3 #888 S.van Gisbergen/ J.Whincup/M.Goetz Mercedes AMG GT3 (PRO) +44.460s
4 #911 M.Jaminet/P.Pilet/ M.Campbell Porsche GT3 (PRO) +45.880s
5 #77 M.Engel/L.Stolz/ Y.Buurman Mercedes AMG GT3 (PRO) +1m03.039s
6 #999 F.Fraga/M.Buhk/ R.Marciello Mercedes AMG GT3 (PRO) +1m10.524s
7 #912 D.Werner/M.Cairoli/ T.Preining Porsche GT3 R (PRO) +1m36.097s
8 #59 D.Storey/F.Ross/ M.Kodric McLaren 720S GT3 (SILVER) +1 volta
9 #1 E.Bamber/L.Vanthoor/ C.Lowndes Porsche GT3 R (PRO) +1 volta
10 #4 S.Grove/B.Grove/ B.Barker Porsche GT3 R (PAM) +1 volta















