José Megre abriu o caminho aos portugueses no Dakar em 1982

Por a 26 Dezembro 2021 10:08

Foram necessários três anos para que os portugueses despertassem para aquela que é hoje considerada a mais importante aventura planetária dos desportos motorizados, na qual mais de uma centena de pilotos lusos já tomaram parte. Depois de duas edições do Abidjan- Nice, Thierry Sabine fez arrancar de Paris, em 1979, uma competição rumo a Dakar e onde estiveram à partida 167 concorrentes.

Três anos mais tarde, num projeto que serviu para promover as viaturas de todo-o-terreno construídas em Portugal, na União Metalo Mecânica, um grupo liderado por José Megre e que incluía, entre outros, Manuel Romão, Pedro Cortês e Pedro Vilas Boas, integrava-se na caravana e conseguia cumprir com êxito a missão de levar os UMM Diesel até ao final de uma corrida em que dos 380 automóveis e camiões à partida, apenas 92 chegaram à capital senegalesa. As peripécias neste e nos dois anos seguintes vividas por toda a comitiva portuguesa – e que se alargou com a presença dos carros do também construtor português Portaro – estão minuciosamente relatadas no livro Paris-Dakar escrito por José Megre.

Estas participações, que terminaram na edição de 1984, viriam a servir de mola impulsionadora do arranque do Todo-o-Terreno de competição em Portugal e do enorme “boom” que teve o segmento destas viaturas, até então quase inexistente, no mercado nacional, sobretudo através dos vários modelos da UMM. Após um interregno de seis anos, coube a António Lopes, em 1991, reiniciar um ciclo que não mais se interrompeu. Aos comandos de uma Honda, António Lopes não conseguiu vencer a difícil tarefa que o esperava, quedando-se pela 12ª etapa do então Paris-Tripoli-Dakar, quando até liderava a Categoria Maratona. De uma forma totalmente diferente do livro de José Megre, as aventuras dos motards portugueses nesta mítica prova africana estão de forma soberba representadas na BD “Os Portugas no Dakar”, da autoria de Elisabete Jacinto e do ilustrador Miguel Pinto Coelho.

Estreia feminina

No primeiro Dakar que não terminou na capital senegalesa, cumprindo antes um percurso longitudinal que levou a caravana até à cidade do Cabo, os automóveis regressaram e de novo pela mão de José Megre que trouxe consigo as primeiras presenças femininas, através de Teresa Cupertino e Berta Assunção. Uma presença que tem sido quase constante e que, hoje em dia, se pode congratular de abranger as três categorias que disputam a prova: moto, auto e camião. Ao longo desta presença contínua que data de 1991, o ano de 1997 pode ser considerado como o da viragem para os feitos desportivos, já que foram conquistadas as primeiras vitórias em etapas, através de Duarte Guedes e Paulo Marques, enquanto Carlos Sousa triunfava na Categoria T1 e Joana Lemos vencia a Taça das Senhoras. Daí para a frente, vários feitos seriam assinalados de forma brilhante enquanto que também outros registos menos felizes se abateriam sob a caravana lusa. Estão neste caso os acidentes sofridos por Carlos Sousa, então acompanhado de João Luz, e a mina que explodiu sob o Land Rover de assistência pilotado por José Ribeiro e onde também seguia Rui Pôrelo.

Ambicioso projeto da UMM

Os portugueses participaram pela primeira vez no Dakar em 1982. À partida, três equipas inscritas em UMM 2500 Diesel. Com o nº 216 a dupla José Megre/Manuel Romão, acompanhados de Pedro Cortês/ Joaquim Miranda (217) e Diogo Amado/Pedro Vilas Boas (218). Um projeto que serviu para mostrar internacionalmente uma viatura feita em Portugal e que posteriormente viria a ser o alicerce do arranque da modalidade no nosso país. As equipas portuguesas utilizavam a primeira versão dos UMM de motorização Diesel e classificaram-se, respetivamente, em 45º, 46º e 92º lugares, entre os 92 participantes que conseguiram atingir o palanque final, numa prova que atravessou, para além da França – de onde partiram 380 equipas! – a Argélia, o Mali, o Alto Volta e o Senegal. A vitória pertenceu aos irmãos Marreau, Claude e Bernard, num Renault 20 Turbo, enquanto nas motos o triunfo foi para Cyril Neveu, aos comandos de uma Honda oficial.

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