WRC terminou com Rali do Japão: Toyota imparável, Hyundai inconstante, M-Sport/Ford desilusão…

Por a 19 Novembro 2023 13:59

Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1) venceram o Rali do Japão bem na frente de Sébastien Ogier/Vincent Landais (Toyota GR Yaris Rally1) e Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) num 1-2-3 muito saboroso para a Toyota, no ‘seu’ rali caseiro. A Toyota Gazoo Racing aspirava o triunfo nesta prova depois de não o terem conseguido no ano passado e fizeram-no de forma quase perfeita, só faltando mesmo o quarto posto de Takamoto Katsuta/Aaron Johnston (Toyota GR Yaris Rally1), que não esteve longe de conseguir, mas uma boa reação aos ataques de Esapekka Lappi/Janne Ferm (Hyundai i20 N Rally1) permitiu-lhes aguentar o quarto lugar e com isso evitar o ‘poker’ da Toyota.

FOTOS @World

Foi um final de ano marcado por um primeiro dia que foi, muito provavelmente o mais difícil de toda a época para a caravana com a muita chuva a juntar às estradas muitos escorregadias devido às agulhas de pinheiro caídas na estrada bem como o visgo, uma planta que caída no asfalto, parece gelo. Nessa fase o rali, Dani Sordo/Candido Carrera (Hyundai i20 N Rally1), Adrien Fourmaux/Alexandre Coria (Ford Puma Rally1) ficaram de imediato fora de prova depois dos seus carros entrarem em aquaplaning e saírem de estrada no mesmo sítio, o que também quase aconteceu a Takamoto Katsuta/Aaron Johnston (Toyota GR Yaris Rally1) que entraram em pião e bateram numa árvore, perdendo com isso cerca de cinco minutos e a maior parte das hipóteses de chegarem a um bom resultado. O motor do Toyota sobreaqueceu devido ao radiador danificado, e o tempo perdido foi inevitável.

Ott Tänak/Martin Järveoja (Ford Puma Rally1) terminaram em sexto uma das provas mais pobres que lhe vimos fazer este ano. Andreas Mikkelsen/Torstein Eriksen (Škoda Fabia RS Rally2) foram sétimos e venceram o WRC2 depois duma boa luta com Gregoire Munster/Louis Louka (Ford Fiesta Rally2) que não pontuava para o WRC2 mas andou sempre na luta com Mikkelsen, só perdendo no final, depois de um pião e de uma saída de estrada os ter levado ao abandono. Nikolay Gryazin/Konstantin Aleksandrov (Škoda Fabia RS Rally2) foram oitavos da geral, segundos do WRC2, na frente de Kajetan Kajetanowicz/Maciej Szczepaniak (Škoda Fabia RS Rally2) e Hiroki Arai/Hiroki Tachikui, que com um Peugeot 208 Rally4 ficou no top 10 de uma prova do WRc, o que é absolutamente notável.

Hiroki Arai e Hiroki Tachikui venceram todos os troços do rali sem exceção, na sua classe, a RC4, fizeram um top 10 na difícil PE2, a ‘tal’ onde ficaram vários Rally1 fora de estrada, fizeram imensos troços entre o 11º e o 13º lugar, e terminaram com mais de dois minutos e avanço para um Skoda Fabia rally2 evo de um japonês. Notável. Recorde-se que Hiroki Arai andou com Takamoto Katsuta, há uns anos, num shootout’ para ver quem ficava com o lugar na Toyota. ‘Ganhou’ Takamoto Katsuta, Arai, desde aí foi correndo no Japão, com vários carros diferentes, Ford, Subaru, este ano mudou-se a tempo inteiro para o Peugeot 208 Rally4 e fez este brilharete na prova do seu país.

Toyota brilhou

1-2-3 de sonho em casa para a Toyota Gazoo Racing. Esta é forma mais simples de resumir o feito da equipa de ralis da marca japonesa. A vitória de Evans e de Scott Martin é a sua terceira da temporada e a nona em 13 ralis deste ano para a TGR-WRT. Curiosamente, três triunfos também para Sébastien Ogier e Kalle Rovanpera. A Toyota já tinha conquistado o título de construtores na 11ª ronda, no Chile, antes de Rovanperä e Jonne Halttunen garantirem os seus segundos títulos de pilotos e navegadores na penúltima prova, o Rali da Europa Central.

Esta foi a segunda visita do WRC às técnicas e exigentes estradas de asfalto nas montanhas das províncias de Aichi e Gifu, em redor da cidade de Toyota. A chuva intensa aumentou significativamente o desafio no primeiro dia, na sexta-feira, e foi aqui que Evans construiu as bases da sua vitória. Foi claramente o momento-chave da prova pois Evans chegou ao final do 1º dia com 1m49.9s de avanço para Ogier.

Duas vitórias em troços com tempo extremamente chuvoso na manhã de sexta-feira ajudaram-no a abrir uma vantagem de quase um minuto e 50 segundos sobre os seus companheiros de equipa, à medida que os seus rivais iam tendo problemas. No sábado e no domingo, as condições voltaram a ser instáveis e escorregadias, mas Evans geriu ambos os dias com mestria para garantir a vitória.

No processo, ele e Martin também se tornaram vice-campeões. Ou seja, mantiveram-se onde já estavam.

Ogier esteve perto do ritmo de Evans no início, mas perdeu algum terreno após o contacto com uma barreira na tarde de sexta-feira, enquanto Rovanperä enfrentou algumas das condições mais difíceis ao abrir a estrada. Estavam separados por menos de 20s depois de sexta-feira, mas ambos optaram por se concentrar em maximizar o resultado da equipa em vez das suas próprias posições, porque seria arriscar desnecessariamente, naquelas condições difíceis.

Ogier e o seu copiloto Vincent Landais terminaram a 1m17,7s de distância, conquistando o quarto pódio da sua campanha parcial, depois de três vitórias no início do ano, com Rovanperä a 28,8s de distância, com o oitavo pódio e o 12º lugar entre os quatro primeiros da sua consistente época de conquista do título.

O piloto do Programa TGR WRC Challenge, Takamoto Katsuta, voltou a impressionar nas estradas da sua terra. As suas esperanças de um segundo pódio consecutivo no Rali do Japão foram destruídas com um pião e toque numa árvore nas condições extremas da primeira etapa de sexta-feira, perdendo mais de cinco minutos, mas recuperou com uma velocidade extraordinária: foi o piloto mais rápido durante o resto do evento, vencendo mais etapas do que qualquer outro. Recuperou até ao quinto lugar da geral no final, a apenas 20s do quarto classificado.

Hyundai azarada

A Hyundai Motorsport terminou a época apenas com Esapekka Lappi e Janne Ferm a confirmarem o quarto lugar no Rali do Japão. O finlandês fez uma prova em crescendo com o ritmo a melhorar de dia para dia, mas fez um péssimo primeiro dia ao terminar atrás de três Rally2. Impensável. Sabemos que a potência dos Rally1 é demais para aquelas condições, mas não é só essa a diferença para os Rally2, é em tudo e um piloto de um Rally1 sem problemas não pode perder tanto tempo para três Rally2. No último dia, já foi capaz de andar forte e conseguiu manter Takamoto Katsuta atrás.

Terminar o rali foi a única coisa que fez bem.

Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe venceram quatro troços no último dia incluindo a Power Stage mas de nada serviu. O grande erro cometeu-o na 6ª feira, quando estava a 10.5s de Evans, saiu de estrada com apenas 100 metros percorridos na PE6. Podia e devia ter estado na luta pela vitória, tendo em conta a velocidade que tem, mas o erro estragou-lhe tudo. Pediu desculpa à equipa, mas é mais um rali que a Hyundai não ganha, e perde para a Toyota. Acabar o ano assim não é bom…

Conseguiu oito pódios, mas também teve alguns problemas que lhes custaram pontos importantes para o campeonato.

Dani Sordo/Candido Carrera (Hyundai i20 N Rally1), nem sequer aqueceram, despistaram no Km 11.8s da PE2. Tal como Adrien Fourmaux/Alexandre Coria (Ford Puma Rally1).

No geral do ano, a Hyundai conquistou duas vitórias, 15 pódios e 67 vitórias em troço na temporada de 2023 e terminou em segundo lugar no campeonato de construtores, muito pouco para o que eram os objetivos. A Toyota venceu nove ralis…

Mais do mesmo na Ford

Ott Tänak completou a sua temporada com a M-Sport Ford World Rally Team de uma forma que espelha bem o que foi a maior parte da sua época. O estónio disse uma frase no final do rali que espelha bem o que foi a sua prestação durante quase todo o ano: “Honestamente, fico frustrado muito facilmente quando não estou no ritmo, e este ano não estivemos no ritmo. Mas tentámos”.

É bom que ganhe motivação nova para a época de 2024 com a Hyundai, porque este não é o Tanak que todos achávamos que podia fazer frente a Rovanpera na luta pelo título deste ano.

O estónio terminou em sexto lugar no Rali do Japão, concluindo uma época marcada por algumas boas performances, mas demasiadas totalmente obscuras. Duas vitórias à geral no Rali da Suécia e no Rali do Chile foram os picos da época, com mais duas prestações de destaque na Croácia e na Europa Central, com um segundo e um terceiro lugares, respetivamente.

O regresso de Adrien Fourmaux ao Rally1 foi interrompido quase de imediato depois de ter saído da estrada por aquaplanagem na manhã de sexta-feira.

A equipa foi para o Japão com a intenção de terminar em alta na categoria Rally1, depois de prometer desempenhos de pódio no asfalto ao longo de 2023, mas a mãe natureza reservou condições traiçoeiras para sexta-feira e o estónio atrasou-se demais. Conseguiu melhorar no sábado, com seis tempos entre os três primeiros, mas já nada podia fazer em termos de classificação.

O WRC termina com um domínio quase avassalador da Toyota que está a vários níveis acima dos seus adversários. A Hyundai mostrou que o carro em termos de performance, pode jogar taco a taco com a Toyota mas os seus pilotos são inconstantes demais.

Na Ford, Ott Tanak, o único que podia fazer alguma coisa quanto às lutas na frente, atirou a toalha ao chão demasiado depressa, demasiadas vezes.

Até ao Rali de Monte Carlo de 2024…

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