WRC, Rali do Japão: Segunda do ano para Thierry Neuville, ‘dobradinha’ Hyundai

Por a 13 Novembro 2022 09:38

Thierry Neuville venceu o Rali do Japão depois duma boa luta com Elfyn Evans, a quem um furo, ‘tramou’ já no último dia de prova. Takamoto Katsuta foi ao pódio em ‘casa’, num rali marcado por vários incidentes, o pior deles, o fogo que incinerou o Hyundai i20 N Rally1 de Dani Sordo.

O Mundial de Ralis regressou ao Japão após um hiato de 12 anos, num evento que teve altos e baixos. Por um lado, um dos ralis mais complicados do ano (quem diria) fruto de estradas totalmente diferentes do que os concorrentes do WRC estão habituados, muito sinuosas, estreitas, provavelmente o rali mais difícil da época em termos de notas. elfyn Evans ficou sem poder lutar pelo triunfo até ao fim por causa de um nota ditada centésimos mais tarde que o necessário…

Foram vários os pilotos a queixarem-se de não conseguirem seguir o ritmo das notas, pois uma coisa é ‘tirá-las’ a 50Km/h, outras é em prova haver tempo para o navegador respirar e o piloto conseguir ‘processar’ tudo.

Por outro lado, um rali que fica marcado por um acontecimento que poderia ter sido muito grave, a entrada num troço, de um carro ‘civil’, e pior que tudo, em sentido contrário à prova.

Quis o destino que a zona onde Sami Pajari se deparou com o carro, lhe permitiu reagir depressa e bem evitando o embate frontal, mas as coisas poderiam ter sido muito complicadas.

Foi também um rali com um primeiro dia bastante dramático fruto do incêndio que consumiu por completo o Hyundai i20 N Rally1 de Dani Sordo. Isso e o facto dos seis troços do primeiro dia, só um decorreu como inicialmente previsto.

Espera-se sempre que aconteçam incidentes, já que os concorrentes levam as máquinas aos limites e os pilotos não são máquinas. Mas o que se passou na 6ª feira foi bem acima do que é a média das restantes provas. A prova trouxe também algo novo ao WRC, o Túnel de Isegami, que proporcionou imagens fabulosas. O segundo e terceiro dias de prova comparados com o primeiro, pareceram um passeio no parque…

Vitória merecida

Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1) asseguraram a sua segunda vitória da época, depois do triunfo na Acrópole, as mesmas duas vitórias que em 2021, mas abaixo do que fazia em 2017 e 2018. Começou bem, destronou Rovanpera da liderança na PE4, depois perdeu-a para Elfyn Evans, a contas’ com as “muitas mudanças de aderência”, começou o segundo dia apenas a três segundos de Evans, manteve a pressão e respondeu chegando à liderança, apesar de queixas quanto a um diferencial, terminando o dia 4.0s na frente.

No último dia, viu Evans aproximar-se para os 0.6s, mas logo a seguir o galês da Toyota furo e Neuville só teve de levar o Hyundai até ao fim, terminando com larga vantagem na frente…

Ott Tänak/Martin Järveoja (Hyundai i20 N Rally1) tiveram um rali pobre. Quanto tem o carro bom, a seu gosto, o estónio luta pela vitória em qualquer rali e deve ser mesmo considerado o maior favorito aos triunfos, mas infelizmente para ele isso sucedeu poucas vezes este ano.

Cedo começou a perder tempo, parou no ‘famoso’ túnel porque com o pó não via para lá do capot e por segurança, abrandou muito, depois queixou-se de um problema de transmissão. No fim do primeiro dia já era quarto a 13.9s da frente.

No dia seguinte, depois do atraso de Rovanpera, subiu a terceiro, mas já a 23.1s da frente, depois disso foi fazendo alterações no carro mas nunca conseguiu encontrar um bom equilíbrio no i20.

Fui acumulando atraso, terminou o segundo dia a 39.9s, e com isso ficou em ‘terra de ninguém’ até ao fim.

Quem acabou por beneficiar dos azares de todos os seus colegas de equipa foram Takamoto Katsuta/Aaron Johnston (Toyota GR Yaris Rally1), que terminaram no pódio, na sua prova ‘caseira’.

Não estiveram mal, mas nunca tiveram andamento para o conseguir em condições normais, acabando por herdar a posição já no último dia, alcançando o seu segundo pódio do ano, o outro foi no Safari. Cedo começou com dificuldades de subviragem do Yaris, foi perdendo tempo, no fim do dia 1 já estava a 20.6s da liderança, no segundo já a mais de um minuto.

Sébastien Ogier/Vincent Landais (Toyota GR Yaris Rally1) terminaram em quarto, num rali que ficou estragado logo com o furo no primeiro dia. Só aí ficaram a 2m41.5s da liderança, isto quando lideravam o rali por 0.1s face a Craig Breen.

Ainda assim, o piloto andou bem e depressa voltou ao top 10 lugar no final do 1º dia. No segundo, subiu ao top 5, foi ganhando troços, o que mostra bem a sua natureza competitiva, que já conhecemos há muito. Tal como Rovanperä, Ogier testou afinações diferentes a pedido da Toyota, e por aqui se vê que esta equipa não perde tempo, e mesmo a ‘dormir’, está a trabalhar…

Pela primeira vez desde 2020, Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1) não venceram um único rali. Continuam em alto nível, mas não esteve com o Rally1 ao nível do que já estava com os WRC. Nesta prova, com os ‘tubarões’ Rovanpera, Tanak e Ogier com problemas, não conseguiu bater Neuville. Ainda tentou, mas as coisas correram-lhe mal e furou e caiu para o quarto lugar, terminando depois em quinto.

Liderou no primeiro dia, partilhando a liderança com Neuville, isolando-se depois, terminando o primeiro dia 3.0s na frente. Mas sempre sem grande ‘feeling’ no carro, revelando que mudava de troço para troço. E isso tirava-lhe confiança. Manteve e estendeu a liderança face a Neuville no segundo dia, mas depois perdeu-a de novo, pois Neuville manteve a pressão e passou para a frente aproveitando o facto de Evans se ter perdido de novo, apesar de não ter feito grandes mudanças no carro, ou seja, foi a confiança que se esvaiu e com isso quase oito segundos, terminando o dia a 4.0s.

No último dia, recuperou até aos 0.6s atrás de Neuville, mas depois o azar bateu-lhe à porta, furou, teve que mudar a roda…

Gus Greensmith/Jonas Andersson (Ford Puma Rally1) começaram o ano com dois quintos lugares, uma vitória num troço logo no ‘Monte’, mas depois foi uma longa travessia do deserto para a M-Sport. Este sexto lugar foi o seu terceiro melhor resultado do ano o que diz bem do que ficou entre o Rali da Suécia e este no Japão. No primeiro dia teve um problema no eixo de transmissão assim que saiu da assistência da manhã. A juntar a isso, como revelou: “o pior conjunto de notas que alguma vez tirei na minha vida, eu estava quase a conduzir à vista,” disse. Foi acumulando atraso, e sendo o único Ford que restava, entrou em velocidade ‘cruzeiro’ e levou o carro até ao fim através de uma abordagem cautelosa aos troços. Pelo meio ainda teve uma falha intermitente da direção assistida. Mas levantou sempre a cabeça e fez o que pode.

Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) terminaram o rali na 12ª posição. A dupla liderou brevemente a prova, apesar de fumo a entrar no cockpit, mas o ritmo do finlandês começou a diminuir à medida que lutava com a subviragem do Yaris. Terminou o primeiro dia em terceiro a 5.1s da frente, mas o segundo dia começou mal: numa esquerda, saiu largo, bateu de lado num rochedo e não escapou sem um furo. Perdeu dois minutos para mudar a roda, depois perdeu outro minuto por ter entrado num troço com seis minutos de atraso e depois disso passou a testar, pois já nada conseguiria trazer na classificação.

Mais uma vez, Craig Breen/James Fulton (Ford Puma Rally1) despistaram-se, algo que sucedeu demasiadas vezes em 2022. Esta não foi claramente uma boa época para o irlandês, que no Japão teve um novo navegador, James Fulton, que ‘começou as aulas’ logo com o exatamente mais difícil da temporada. Começaram em quinto, mas na PE4 Breen acabaria fora da estrada depois de perder aderência em folhas soltas. Bateu, arrancou o rail e caiu para fora da estrada. voltou nos dias seguintes, e ainda venceu os dois últimos troços, incluindo a PowerStage. É pena só ‘entregar’ quando já não é preciso…

Dani Sordo/Candido Carrera (Hyundai i20 N Rally1) ficaram sem o seu carro logo quase a abrir o rali.

Depois de notar algum fumo no cockpit e cheiro a combustível, o pior viria depois. O fogo deflagrou, a dupla bem tentou, mas nada havia a fazer e o resultado foi um i20 Rally1 totalmente incinerado.

O campeonato termina com a maior diferença entre primeiro e segundo desde que Sébastien Ogier foi campeão pela última vez na Volkswagen, cinco pilotos, três marcas, ganharam ralis. Vamos agora ver o que dita a Silly Season. E venha 2023…

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas Newsletter
últimas Autosport
newsletter
últimas Automais
newsletter
Ativar notificações? Sim Não, obrigado