WRC Como a segurança está a melhorar nos ralis…

Por a 7 Fevereiro 2020 15:14

O nosso amigo David Evans trocou o Autosport inglês pela Dirtfish, mas continua a produzir bons trabalhos e este é um exemplo fantástico. Teve uma interessante conversa com Michèle Mouton, que tem feito um trabalho muito bom como Delegada de Segurança da FIA para os Ralis.

Quando com ela falámos, há cerca de ano e meio, no Rali de Portugal, ficámos orgulhosos com uma resposta a uma questão muito difícil: “Hoje em dia em Portugal, o meu trabalho em segurança é quase um feriado para mim”.

Quem diria que um dia se iria ouvir estas palavras de um Delegado de Segurança da FIA depois de tudo o que se viu e ouviu no passado, no Rali de Portugal: “A situação melhorou muito em termos segurança. A organização (ACP MotorSport) e a polícia conseguem ter todas as zonas de público prontas antes das pessoas chegarem, e depois não têm permissão para sair dali para qualquer lado, para além do que é permitido”, disse.

Hoje em dia, a FIA trabalha de forma diferente com os carros de segurança já que o sistema funciona em cadeia. Há um canal de comunicação via rádio dedicado, para que todos possam controlar os carros de segurança, quer seja o 000, 00 ou zero. E isso melhorou muito a questão da segurança.

Antes de Mouton fazer este trabalho, essa função pertenceu a Jacek Bartos, que trabalhou 20 anos na FIA. Daí para cá, Mouton mudou muita coisa. Passou a trabalhar mais com os organizadores, sempre à procura de soluções viáveis, adequadas a cada realidade, já que todas as organizações têm ralis diferentes e também ‘problemas’ diferentes. Hoje em dia há vários seminários, estudam-se bem os planos de segurança: “As coisas melhoraram muito, e não foi só em Portugal, mas em todos os ralis”.

A equipa de Mouton vê os onboards de todos os troços e desta forma podem verificar tudo sem ter de parar e tirar fotos de pessoas mal colocadas.

Devagar, as coisas foram melhorando nos ralis, e mais recentemente houve casos em que estas foram ‘convencidas’ a mudar os seus comportamentos, por exemplo, na Argentina: “Sabemos que a paixão pelos ralis é tão grande que as pessoas não querem perder nada. Com a ajuda da rádio nacional, que esteve em direto em todos os troços, conseguimos convencê-las de que precisavam de estar bem colocadas e respeitar as regras. Se não, perderiam o rali. Isso ajudou muito.”

A passagem do Rali de Portugal para o Norte foi ‘stressante’, mas como bem sabemos, em Portugal, o trabalho que o ACP faz há muito – desde o fim do século passado, com as ZE (Zonas Espetáculo), foi ajudando a mudar os comportamentos e hoje em dia há muito poucos problemas: “Adoro o Rali de Portugal no Norte. Eu pressionei-os a voltar para o Norte porque a paixão está aqui. No Algarve havia bons troços, mas a atmosfera não é comparável à do Norte, mesmo que tenhamos de forçar as pessoas a portarem-se adequadamente. E é isso mesmo que o público está a fazer, e tudo isso torna este rali fantástico”.

Mas o trabalho de Michel Mouton não para, e o último bastião a ‘cair’ pode mesmo ter sido o Rali de Monte Carlo, já que desta feita as coisas correram quase de forma perfeita. Todos sabemos que o Rali de Monte Carlo tem tido muitos problemas com a segurança dos espectadores, mas nesta prova, isso não se passou. As únicas queixas dos pilotos tiveram a ver com as tochas dos adeptos na especial de Bayons – Bréziers, uma das noturnas: “Vim aqui (Rali de Monte Carlo) pela primeira vez há quatro anos e a melhoria é inacreditável”, disse Mouton a Evans. “Este ano os adeptos estão 25 ou 30 metros mais atrás, no lugar certo, e ninguém se move dali. Pela primeira vez desde que cá venho, não tenho notas deste evento. Estou muito contente. A colaboração que os organizadores tiveram com a polícia foi fantástica, aumentaram as zonas de espectadores e realmente educaram as pessoas”, disse Mouton, que explicou ainda que tem contado com a ajuda de Nicolas Klinger, ex co-piloto, que navegou pilotos como Nicolas Vouilloz, Thierry Neuville, Robert Consani, Julien Maurin, e mais recentemente, Eric Camilli: “Ele fica a ver as imagens dos carros de segurança quando passam pelos troços e eu digo-lhe as zonas para observar com mais atenção e onde deve procurar as pessoas que podem estar em movimento. Sabemos que alguns adeptos se escondem de nós e se movem depois de passarmos. O Nicolas está sentado com o diretor de prova e eles têm contacto direto com os ‘marshals’ nos troços, por isso, se virem alguma coisa, podem reagir de imediato. Mas desta nada aconteceu em Monte Carlo e foi isso que tornou o evento deste ano tão impressionante. Foi quase perfeito”, disse Mouton ao Dirtfish.

Estamos a três meses do Rali de Portugal, e a exemplo do que tem acontecido nos anos anteriores, espera-se novamente que o público não seja um problema, pois como Mouton refere, há sempre quem queira fugir às malhas de uma organização que está bem preparada, e que utiliza ‘ferramentas’ cada vez mais úteis para a deteção do ‘perigo’.

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