Os ralis perdidos do WRC: Áustria (1973) O mais duro dos mais duros

Por a 11 Fevereiro 2023 11:02

Numa altura em que se fala cada vez mais do regresso do WRC a novos horizontes e outros onde já esteve – como o Brasil ou o Japão – nada mais oportuno que dar uma vista de olhos pelo que já se fez e já desapareceu, em termos de ralis do principal campeonato do Mundo de Ralis. Desde que o campeonato foi criado, em 1973, muitos foram os ralis que, pelo seu calendário passaram. Alguns, deixaram história. Outros, foram meras pinceladas de desvario da FIA – ou, pior ainda, erros monumentais de ‘casting’. Uma a uma, vejamos de forma breve o que foram e o que deixaram nas nossas memórias. Ou não…

Começa aqui uma série de textos sobre os ralis perdidos do WRC: começamos pela Áustria (1973), que curiosamente tem este ano uma prova a passar no seu território, o Rali da Europa Central.

Os Alpes Austríacos (Österreichische Alpenfahrt) são uma das provas mais antigas da Europa. A primeira edição realizou-se em 1910, antes do Rali de Monte Carlo e, até à Primeira Guerra Mundial, foi considerada um dos ralis mais duros. Na realidade, o seu percurso, ao longo dos Alpes, ainda hoje é recordado por muitos amantes da adrenalina, realizando-se mesmo uma longa prova, por estrada aberta – tal como era nos tempos heroicos… – em que homens e máquinas de agora medem as suas capacidades de curva em curva, com olhos postos nos abismos. Hoje, com carros possuindo tudo o que de melhor existe em termos de segurança ativa e passiva (mesmo assim, há um par de meses, durante a ‘edição’ deste ano, uma equipa de jovens britânicos perdeu a vida, quando o SEAT León em que estavam a ‘correr’ se despistou numa dessas curva e se despenhou por uma ravina de 400 metros de fundo…). Agora, imagine-se o que era na década de 1910, em que entre os carros presentes estavam os monstruosos Auto Union Type C!

No entanto, a sua fama era tal que, quando a Áustria percebeu que não tinha dinheiro para reeditar a prova, após a Guerra, foi uma ‘pool’ de diversos países (França, Suíça, Alemanha e Itália) a custear as despesas da sua realização, entre 1928 e 1936!

Depois da Segunda Grande Guerra, os Alpes Austríacos voltaram em 1949 e, até 1965, a prova acolheu quase somente motos, por razões económicas mas, entre esse ano e 1973, o seu prestígio regressou aos píncaros mais elevados. Porém, após aquele que foi a única edição inscrita no calendário do WRC (em 1973, o seu primeiro ano, quando ainda se não chamava assim), a crise petrolífera levou a nova encerramento do rali. Desta vez, definitiva: a prova foi reatada em 2002, como rali de clássicos (Internationale Österreichische Alpenfahrt Classic Rallye) – mas não aquele em que morreram os dois britânicos – e, em 2010, celebrou-se com pompa e circunstância o sei centenário.

A edição de 1973 viu Achim Warmbold conquistar aquela que foi a sua segunda vitória no WRC (a primeira tinha sido na Polónia). Ao levar o seu BMW 2002 Tii ao triunfo, numa prova muito dura totalmente disputada em estradas de terra, em setembro. Tão dura que, à partida, estiveram 75 equipas, mas somente 25 (33,8%) chegaram ao fim! Era a 9ª das 13 provas do calendário e, no total, os pilotos cumpriram 2.314 km de estradas, dos quais 324,5 em luta com o cronómetro.

PALMARÉS

12 a14 de setembro – Österreischische Alpenfahrt (Alpes Austríacos)

Pódio – 1º Achim Warmbold/Jean Todt (BMW 2002 Tii), 3h58m55s; 2º Bernard Darniche/Alain Mahé (Alpine-Renault A110 1800), a 1m14,6s; 3º Per Eklund/Bo Reinicke (SAAB 96 V4), a 1m15,7s

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