O último Tango de Carlos Sainz, foi há 20 anos, no Rali da Argentina

Por a 10 Julho 2024 09:29

Carlos Sainz teve uma carreira de sucesso no Campeonato Mundial de Rali (WRC), conquistando dois títulos de pilotos em 1990 e 1992 pela Toyota. O espanhol venceu 26 ralis do WRC e estabeleceu o recorde de mais ralis na história da categoria com 196 participações, batido depois por Jari-Matti Latvala, que tem 210 ralis feitos.

Após se despedir do WRC em 2005 após 25 temporadas, começou dedicar-se ao Rali Dakar em 2006. Desde então, tornou-se uma lenda também nessa competição, conquistando três quatro, em 2010, 2018, 2020 e 2024.

Aos 62 anos, Sainz continua a competir no Dakar, no próximo ano (2025) com a M-Sport/Ford. Mesmo com a idade avançada para os padrões do automobilismo, ele ainda é um dos pilotos mais competitivos da prova, tendo vindo a obter vitórias em etapas sempre desde 2018, com exceção de 2024 em que não ganhou etapas, mas venceu a prova. No total, seis pódios e quatro triunfos na prova.

Além do Dakar, Sainz também tem participado de outras provas de rali cross-country, no Mundial de TT. A sua experiência e habilidade na pilotagem em terrenos difíceis mantêm-nos como um dos principais nomes dos rali-raid na atualidade.

Fora das pistas, Sainz também se dedica a acompanhar a carreira do filho, Carlos Sainz Jr., que atualmente é piloto da Fórmula 1 pela Ferrari. O legado da família Sainz no automobilismo segue forte com a segunda geração.

Aqui, recordamos aquelas que foi a última vitória no WRC, precisamente há 20 ano, no Rali da Argentina, naquele que foi, segundo titulou o AutoSport “O último tango de Carlos Sainz no WRC”, que escreveu na sua reportagem: “Se um título dum filme pudesse ser aplicado à prova da Citroen, certamente que esse título seria… “Melhor é impossível”! Sainz regressou às vitórias, Loeb está mais isolado do que nunca na liderança do campeonato de Pilotos e a Citroën já vislumbra o título de Marcas no horizonte. De se lhe tirar o chapéu… “

“Dobradinha” Citroen no emocionante Rali da Argentina

CARLOS SAINZ É ÚLTIMO “REI DAS PAMPAS”

Diz a história que os dinossauros não existem, mas Carlos Sainz foi ao Rali da Argentina provar que, pelo menos metaforicamente, estão bem vivos e recomendam-se! Após 17 anos de actividade no “Mundial” de Ralis, “El Matador” averbou a sua 26ª vitória no Campeonato do Mundo, estabelecendo um novo recorde perante o olhar invejoso de Colin McRae (que conta com 25 triunfos). Mas afinal, e estatisticamente, este foi “só” mais um triunfo, o terceiro na terra das “pampas”, a que se juntam seis segundos lugares e onde apenas constam três abandonos em 14 participações.

Muito mais importante que a matemática acabou por ser o espírito combativo com que Sainz enfrentou as 26 classificativas do rali e que fizeram dele um “herói”nacional, ou não se falasse castelhano na Argentina! Se é indiscutível que o espanhol herdou o triunfo de Marcus Gronholm já na parte final da segunda etapa, também não é mentira que o Xsara WRC estava já, nessa altura, em plano ascendente, e que se aproximava ameaçadoramente da vitória. Nesse momento, foi a vez de Carlos Sainz tirar da “cartola” um dos seus principais trunfos, a experiência, e esperar que o patrão, Guy Fréquelin, respeitasse o seu estatuto de “veterano de guerra”. Ou seja, que não lhe roubasse uma “condecoração” plenamente merecida em nome do rigor matemático exigido nas contas do “Mundial” de Pilotos, em favor de Sebastien Loeb.

A sensibilidade de Fréquelin (que sabia bem o valor de uma vitória, ou não ele tivesse conquistado o seu único triunfo no “Mundial” precisamente no Rali da Argentina de 1981) falou então mais alto e Sainz teve sinal verde para avançar para a vitória, acabando tudo à boa maneira americana: com um “final feliz”.

E feliz saiu também da Argentina Loeb, que viu todos os seus principais adversários do campeonato capitularem e oferecerem-lhe ainda mais margem de manobra para gerir as contas do “Mundial” nas seis restantes provas do calendário. Daqui para a frente, o francês

nem sequer precisa de ganhar mais nenhuma prova, desde que seja sempre segundo, o que poderá não ser todo impossível, se se tiver em conta que o alsaciano da Citroen conseguiu 36 pontos em 40 possíveis nos últimos quatro ralis.

PROGNÓSTICO RESERVADO

Mas apesar de tudo parecer jogar a favor do piloto da Citroen, Petter Solberg, Markko Martin, Marcus Gronholm e agora até Carlos Sainz, não estão ainda arredados de causarem uma surpresa. No sexto rali consecutivo disputado em pisos de terra, Solberg foi um dos que mais fez para contrariar a hegemonia da Citroen, mas a sua breve passagem pelo comando (durante as cinco primeiras especiais) não foi mais do que uma boa “declaração de intenções”. O Impreza “afogou-se”, forçando ao primeiro abandono da época (e ao primeiro em cinco participações na prova), num dos inúmeros charcos da prova e o Campeão do Mundo foi obrigado a pôr toda a pressão em cima dos ombros do seu colega de equipa, Mikko Hirvonen, para que a Subaru minimizasse os “danos” da dupla vitória da Citroen.

A IMPORTÂNCIA DOS “OUTSIDERS”

Aliás, no Rali da Argentina, praticamente todos os segundos pilotos das equipas oficiais fizeram valer o seu estatuto de “outsiders”. Já sem falar de Sainz, também François Duval, Mikko Hirvonen e Harri Rovanpera foram obrigados a frequentar um rigoroso programa

de disciplina, conseguindo coleccionar pontos para as respectivas equipas. Nesta espinhosa missão, e num rali em que a falta de experiência no “Mundial” é decisiva, Duval foi mesmo quem se saiu melhor, dando mais uma lição ao experiente Markko Martin que não

evitou uma violenta saída de estrada que só por sorte não teve consequências mais graves.

No caso de Rovanpera, a colheita de pontos não foi tão produtiva muito por culpa da fiabilidade do 307 WRC que ao evidenciar um problema de direcção ainda no decorrer da primeira etapa, atrasou o finlandês irremediavelmente. Rovanpera ainda conseguiu recuperar até ao “top five”, mas não conseguiu disfarçar a derrota estampada no rosto de Corrado Provera devido ao incidente que hipotecou todas as hipóteses de Gronholm quebrar o “jejum” de vitórias que tem, agora, mais de um ano. Decididamente mais transparente será a expressão Gilles Panizzi quando hoje apanhar o vôo de regresso à Europa, ou não tivesse oferecido quatro “milagrosos” pontos à Mitsubishi.

O francês foi o único elemento da equipa que conseguiu cumprir à risca a ordem para levar, nem que fosse ao “colo”, o Lancer WRC04 a atingir o Estádio de Córdoba, ainda que tenha sido constantemente batido no cronómetro por Kristian Sohlberg que não

disfarçou andar à caça da titularidade no seio da equipa.

De resto, nesse duelo particular e de armas desiguais, Daniel Sola (que venceu o “Mundial” de Produção) e Gigi Galli também somaram pontos com a sua rapidez, embora tenham andando sempre um ou dois passos atrás de Gabriel Pozzo que dominou, com o Subaru, o Agrupamento de Produção. E por falar em pilotos locais, o último destaque vai para o Luís Companc, ao volante do Peugeot 206 WRC da Bozian Racing, que não se inibiu de fazer uma excelente prova colmatada com um expressivo sexto lugar.

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