MADS OSTBERG 100!

Por a 15 Setembro 2016 15:33

 


MADS OSTBERG


Provas WRC: 99

Primeira: Suécia 2006

Vitórias: 1 (Portugal 2012)

2º lugares: 5

3º lugares: 10

Pódios: 16

Ralis nos pontos: 69

Total pontos: 667

Pontos Power Stages: 15

Abandonos: 13

Vitórias especiais: 57

Vitórias Power Stage: 1

1º abandono: 2006 Finlândia

1º ponto: 2007 Finlândia (8º)

1ª vitória especiais: 2007 Suécia (SS15)

1º vez liderou um rali: 2011 Suécia (SS2)

1º pódio: 2011 Suécia

1ª vitória (e única): 2012 Portugal


Quase parece o nome duma qualquer prova da NASCAR, mas não é! Mads Ostberg cumpre no próximo Rali da Córsega a bela soma de 100 ralis do Mundial. Boa altura para um pequeno balanço…

Cem ralis do WRC, muito longe ainda dos 196 de Carlos Sainz ou mesmo dos 165 de Jari-Matti Latvala, mas a verdade é que Mads Ostberg já anda nestas andanças desde 2006, na altura um jovem apenas com 18 anos e alguns meses, quando se estreou no Rali da Suécia. Desde aí cumpriu mais 98 ralis do WRC, entre eles apenas uma solitária vitória. Lembram-se onde? Em Portugal, 2012, num rali tão ou mais chuvoso que o de 2001.

Mas o céu esteve ainda mais negro para os lados da Citroën Racing, já que depois de ‘sobreviver’ na estrada, terminando o rali no topo da classificação, Mikko Hirvonen foi desclassificado devido a uma irregularidade na embraiagem.

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Foi assim que o jovem Ostberg assegurou a sua única vitória no WRC. Doze anos já lá vão desde a sua estreia nos ralis, cumpre este ano precisamente dez

de WRC, tendo nesse primeiro ano pilotado um Subaru Impreza WRC e participado, para além da Suécia onde terminou em 31º, nos ralis da Finlândia, em que abandonou, e Grã-Bretanha, onde terminou em 23º. Em 2007, Ostberg voltou a correr com um Subaru Impreza WRC, aumentou o pecúlio para seis ralis, ainda e sempre com a Adapta, uma equipa diretamente apoiada pela Prodrive. Venceu a sua primeira especial em 2007 na Suécia, e obteve o primeiro ponto ao terminar na oitava posição o Rali da Finlândia. Em 2009 obteve, à altura, o seu melhor resultado até aí, sexto no Rali de Portugal de 2009, uma prova que, como já se percebeu, quase sempre lhe sorriu. Nesta altura da sua carreira, já muitos lhe viam qualidades para chegar longe, se calhar bem mais do que o destino lhe ofereceu, pois tendo uma carreira digna, há muito se percebeu que não foi talhado para voos muitos altos. É sem dúvida um bom piloto, mas depois de ter tido boas oportunidades fruto da experiência que começou a angariar muito cedo na sua carreira, a verdade é que quatro anos nas equipas oficiais da Ford e Citroën não lhe valeram uma única vitória mais no WRC. Se podemos dizer que na M-Sport seria mais difícil, na Citroën não fez muito melhor. Mas mais do que falar do seu passado, o que nos trouxe verdadeiramente à conversa com Mads Ostberg foi perceber tudo o que tem mudado nestes últimos dez anos de WRC. Como ele vê o trabalho dos promotores, o que mudou nas provas e na preparação dos ralis, a intensidade da competição nas provas e também como tem mudado a profissão de piloto profissional de ralis: “Quando cheguei ao WRC, já existiam coisas que agora são totalmente comuns, como os parques de assistência. As duas passagens em reconhecimentos tinham-se tornado obrigatórias há pouco, e é surpreendente perceber o que mudou em resultado disso.Os reconhecimentos mudaram muito ao longo dos anos, pois fez as pessoas olharem para áreas diferentes na tentativa de melhorar, também utilizando os tempos livres entre os ralis para nos tornarmos mais familiarizados com as estradas. Toda a gente começou a gravar os seus reconhecimentos em vídeo. Se recuar ao início da minha carreira, todos íamos com o Petter (Solberg) e com o seu irmão Henning jantar depois dos reconhecimentos, e recordo-me também que ele gostava de ir ao cinema. Hoje em dia o Henning só gosta de ir comer (risos)…”, começou por recordar Ostberg, que admite nada ser igual agora: “Nunca tanto como agora a questão física foi tão importante. Toda a gente sabe que não é possível ser um bom piloto de ralis sem ser um bom atleta. Hoje, todos os pilotos de topo passam muito tempo em treinos físicos. Não era nada assim quando comecei. Penso que há uma nova geração que começou mais ou menos quando eu (2006-2009) com Thierry Neuville, Ott Tanak, Evgeniy Novikov, Andreas Mikkelsen e eu próprio, e foram esses os pilotos que levaram as coisas a um nível diferente. Mas por exemplo, o Sébastien Loeb já era um atleta muito antes de vir para os ralis”.20160033078_ostbergREDES SOCIAIS

Há um aspeto que mudou por completo desde o dia que Mads Ostberg veio para os ralis e hoje: as redes sociais. A Internet crescia a grande velocidade em 2004, mas as redes sociais, que já existiam na altura, estavam longe dos níveis de hoje. Não tinham por isso a importância que têm. Agora, um piloto tem um problema num troço e pode perfeitamente colocar uma imagem no Facebook, Twitter ou Instagram, para não referir outras, apenas alguns segundos depois de ter encostado o carro à berma: “Quando eu comecei nos ralis não havia nada disso, todos tinham o seu site, mas as coisas faziam-se de forma diferente. Penso que hoje em dia as redes sociais são verdadeiramente importantes e juntamente com a TV são uma das formas mais importante para nós promovermos o nosso desporto, a proximidade com os adeptos nunca foi tanta, e penso que todos os pilotos já têm pessoas que fazem a maior parte desse trabalho por eles, pois é realmente importante”. Não há piloto que se possa dar ao luxo de descurar as redes sociais de hoje, sob pena de ‘desaparecer’ face a outros, com grande facilidade, mas há outro ponto que é bem mais importante, a segurança: “Muita coisa mudou desde que vim para os ralis, por exemplo o HANS e quando penso que quando comecei não havia nada disso e sabendo da importância que tem agora, nem quero pensar nos riscos que corríamos por não o ter na altura. Mas há mais coisas, por exemplo a segurança dos carros aumentou imenso. Provavelmente a única coisa que já era realmente boa na altura era o roll bar”, disse Ostberg. Há muitas outras coisas que poderiam ser faladas quanto ao que mudou nos ralis, mas é também curioso perceber o que acham os pilotos de regras simples e o efeito que elas têm no desporto, como por exemplo o Rally2: “não tenho a certa que continue a ser um grande benefício para o WRC, pois quando foi instituída havia bem menos carros e equipas e poder tê-los de regresso era bom para os adeptos mas hoje em dia já não tenho tanta certeza”. Assim de repente, poucos o saberão, mas olhando para os números do WRC, estes dizem que Mads Ostberg é, a seguir a Sebastien Ogier, o piloto mais fiável dos ralis. Só o campeão do Mundo termina mais ralis que o norueguês, e como se sabe, bem mais acima na classificação: “Penso que sempre fui um piloto com uma boa mistura de várias coisas. Em primeiro lugar, talvez porque é uma das minhas características como pessoa. A verdade é que, no início da minha carreira, todos sabíamos que os orçamentos era apertados e se tivéssemos um grande acidente, isso iria afetar todo o restante programa. E assim foi até 2011. Mesmo depois de termos parado com a equipa privada e continuado como construtor, isso ficou sempre a fazer parte de mim, ser um piloto que alia a fiabilidade à rapidez”.20160084567_ostbergQuando os promotores procuram novos locais para provas do WRC, isso tem, naturalmente o seu quê de egoísta, claro, querem mais dinheiro, desenvolver a

modalidade, mas o que será que pensam os pilotos. Deve o WRC concentrar-se em manter-se com os ralis mais tradicionais ou será importante haver novos países? “Lógico que é importante ter alguns ralis clássicos, como a Finlândia, México, Argentina, Suécia, Monte Carlo, há muitos eventos clássicos que penso serem verdadeiramente importantes para o WRC, mas também é preciso desenvolver a disciplina, isso é muito importante para o WRC, é também importante ir atrás dos mercados emergentes que são interessantes para os construtores. Portanto tem sempre que haver um equilíbrio entre as duas coisas, nunca deixar de fazer crescer a modalidade mas também não a despir das provas que lhe permitiram chegar onde está hoje”, disse Ostberg, que falou também num dos pontos mais importantes da história do Mundial de Ralis, o público: “O nível de espetadores em algumas provas do WRC mantém-se muito elevado, e também não posso dizer que vejo menos gente noutros. Penso que também depende um pouco da forma como as organizações montam as suas

provas. Não conheço todos os ralis muito bem, mas por exemplo, em Gales, no passado havia muito mais gente, os últimos anos não têm sido muito bons, a Córsega nunca lá vi muito público, mas penso que em eventos clássicos como o Monte Carlo Suécia e Finlândia, há mesmo muitos espetadores, bem como na América do Sul, onde são mesmo loucos”.

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UMA CENTENA

Cem provas é sempre um bom momento para se fazer um balanço em qualquer carreira, e Mads Ostberg não é exceção. E a sua opinião é curiosa num ponto, que acontece amiúde, que passa pelo facto de que quando alguém vê algo que um dia aspira ‘ter’, imagina por vezes uma realidade que muito poucas vezes é assim: “Quando comecei nos ralis, sonhava chegar a uma equipa de fábrica, e como é lógico, antes de lá chegarmos imaginamos determinadas coisas que depois vimos a perceber que não é bem o que esperávamos. Claro que pilotamos em muitos ralis, guiamos muitos carros, divertimo-nos imenso, mas há muitos aspetos da maioria destes desportos que não percebemos até que um dia estejamos a lidar com esse alto nível. E aí percebemos que é muito mais trabalho do que diversão”, revelou Ostberg , provando mais uma vez que o nível atual dos ralis não se coaduna com algo que seja menos do que alta competição a todos os níveis. Outro aspeto interessante de ouvir de um piloto é à medida que descobre novos eventos, o que sente, e isso é algo que qualquer piloto passa quando deixa de competir no quintal de casa para se lançar pelo mundo, são as surpresas que se apanham: “Diria que a América do Sul é onde fico sempre mais surpreendido com o interesse que as pessoas têm pelos ralis, e a forma como o apreciam. São entusiastas e são muitos! No pólo oposto, o Rali da Austrália, não tanto por achar que a prova é má, até porque antes de lá ir pela primeira vez sentia entusiasmo por lá ir, mas quando lá corri, percebi que o interesse pelos ralis é… zero”.

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FUTURO

Mads Ostberg entrou nos ralis quando a era WRC estava na sua plenitude, com os fantásticos World Rally Car com motores de dois litros, e já viveu a transição para a nova era turbo e motores de 1,6 litros, que hoje em dia vigora. Por isso, uma boa oportunidade para perceber o que sente com o que se está a preparar para 2017: “Para mim nada ainda é claro para o próximo ano. Os novos carros são certamente uma parte muito interessante disso tudo, mas antes falava-se também de desenvolver determinadas partes do desporto e agora tudo gira à volta do carro. Eu corria quando se utilizam os motores de dois litros, com diferenciais ativos, depois passámos para os 1.6 com diferenciais mecânicos, agora vamos aumentar a potência com motores 1.6 turbo com novos diferenciais. Isso torna o próximo ano mais interessante, mas estou convicto que o próximo ano nos ralis será muito duro. Há muitos bons pilotos e boas equipas e penso que os novos carros serão muito diferentes dos que vemos hoje. Penso que os pilotos vão-se tornar ainda mais importantes e penso também que os carros serão mais difíceis de pilotar nos limites, e isto numa altura em que a competição é mais dura do que alguma vez foi. Hoje em dia tudo está a ficar mais rápido e competitivo”.

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