Lancia ECV: a mais bela iteração dos ‘super-monstros’ do Grupo B

Por a 26 Agosto 2022 14:53

O Lancia ECV foi o modelo que deveria ter substituído o Lancia Delta S4 no Mundial de Ralis, caso a FIA não tivesse abolido os Grupos B no final de 1986.

Tratou-se de um projeto nascido, ainda em 1985, do qual foram produzidos dois chassis e três motores. O ‘pai’ desta máquina foi o Eng. Claudio Lombardi, na altura diretor técnico e desportivo da equipa italiana, que nos referiu: “O chassis usava muitos materiais compósitos, incluindo carbono. O chassis era idêntico ao do S4, mas revestido com telas de carbono, nas partes laterais e anterior, que aumentavam a rigidez torsional.

Tínhamos também desenvolvido uma caixa contínua, com a vantagem dos pilotos não terem de engrenar velocidades numa classificativa. E, finalmente, desenvolvemos também um motor de conceção diferente, com base em dois turbos e não um turbo e compressor volumétrico, como era a solução anterior. Além da aerodinâmico externa, o coração do projeto era o motor Triflux, que apenas foi experimentado uma vez no banco e depois num curto ensaio de pista. O conceito deste motor era o de obter potência superior ao que tínhamos no S4, com a colocação de um turbo para cada lado do motor. A ideia era ter um tempo de resposta ideal quer em baixo que a alto regime.

A segunda vantagem era a de ter uma sobrealimentação que batizamos de sequencial, através de um sistema de válvulas, que nos permitia ter um turbo a funcionar nos baixos regimes e dois no altos.

Para isso modificamos radicalmente a cabeça do motor, num sistema que patenteamos. Alternamos nos dois lados do motor a disposição das válvulas, com uma válvula de escape seguida de uma de aspiração, ou seja, duas válvulas de escape e duas de aspiração de cada lado do motor. Unimos as duas condutas de aspiração ao centro das válvulas, na parte superior do motor, e na parte inferior do motor juntámos os coletores de escape. Tínhamos assim um fluxo de aspiração e dois de escape e daí o motor chamar-se Triflux.

Este sistema tem ainda uma grande vantagem térmica: com o facto das válvulas estarem alternadas nos lados do motor, as dilatações da cabeça são iguais nos dois lados, garantindo assim uma maior eficiência de todo o sistema. “

O carro surgiu em San Marino com as cores oficiais da Martini Racing e a versão atual foi terminada pelo preparador italiano Giuseppe Volta, com Miki Biasion ao volante, tendo apenas cumprido uma exibição nas duas super especiais.

Depois de abandonar a Ferrari, Claudio Lombardi foi o responsável técnico pelo desenvolvimento dos motores da Aprilia que permitiu a Max Biaggi ganhar o Mundial de Superbikes.

Com uma carreira plena de sucessos – e que agora se encaminha para uma reforma tranquila – Claudio Lombardi tem nos ralis a sua mais grata recordação: “O projeto de desenvolvimento do Lancia Delta Integrale que nos permitiu finalmente ganhar o Safari será, para sempre, a melhor memória da minha atividade desportiva.”

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