‘Estórias do Rali de Portugal 1997: O capotanço que ‘tramou’ Rui Madeira


Poucos duvidam que em 1997, Rui Madeira e Nuno Rodrigues da Silva estavam bastante bem encaminhados para dar sequência a uma carreira no Mundial de Ralis, e o que estavam a fazer no Rali de Portugal contribuía e muito para reforçar essa quase certeza, mas como tantas vezes acontece nos ralis, uma saída de estrada transformou o que se poderia tornar numa bela história, no começo doutra bem diferente.

Algum tempo depois, a Galp retirava o ‘tapete’ para uma participação no WRC em ‘full-time’, e daí para a frente Rui Madeira e Nuno Silva fizeram apenas um programa parcial, acabando por vir correr para o Campeonato Nacional de Ralis.

Aquela madrasta classificativa da Cabreira, não traçou o destino, mas ajudou, pois se a dupla confirmasse no Rali de Portugal até ao fim da prova o que estava a fazer até ali, seria bem mais fácil aos decisores abrirem os cordões à bolsa. Mas o destino não quis assim.

Para muitos, era a classificativa mais temida, a reedição, depois de muitos anos, de parte do célebre troço da Cabreira, ainda que agora numa versão mais curta, menos dura e denominada Vieira-Cabeceiras. Infelizmente, a 18ª especial do rali acabaria por ser aquela da grande desilusão para Rui Madeira e Nuno Rodrigues da Silva. Estávamos ainda no início do troco, por volta do quilómetro sete, quando, de forma que piloto e navegador não conseguem explicar, o Subaru Impreza capotou e ficou poucos metros abaixo da estrada, numa zona onde era bem difícil de voltar a colocá-lo na posição ideal: “Não tenho grande explicação. Não tocámos em nada e de repente aconteceu isto”, afirma, apontando para o carro, já na assistência da Lixa, quando os mecânicos da Prodrive- Allstars tentavam reparar os estragos, os quais se limitavam, basicamente, ao pára-brisas partido… e pouco (muito pouco) mais. “Era uma direita que classificamos como média longa/longa feita a uma velocidade longe do limite. O carro começou a atravessar-se, mas sem grande exagero, até que uma das rodas trancou”. Capotámos muito devagar e ficámos num buraco, direitos, sem hipótese de virmos para a estrada por meios próprios”, explica Nuno Rodrigues da Silva, mais conclusivo e muito, mesmo muito, agradecido aos espetadores: “Aí, eles demonstraram o seu carinho de uma forma muito especial. Quase pegaram no carro ao ‘colo’, colocando-o de novo na estrada. Não foi uma tarefa fácil, já que o buraco ainda era grande e obrigamos a transmissão e os diferenciais a um esforço enorme.”

A equipa portuguesa perdeu cerca de 30 minutos na operação, sendo ainda obrigada a fazer dois troços com o pára-brisas partido, antes da chegada à Lixa. Ai, acreditámos, pelo desalento que demonstrava, que Rui Madeira tivesse pensado em desistir, mas depois de uma conversa com o piloto de Almada moralizou-se e voltou a estrada já com o Subaru minimamente reparado. O 19º lugar que então ocupava deixava-o fora da luta pelas melhores posições. Daí até à Figueira da Foz, no dia seguinte, só lhe restava brilhar, com alguns tempos ‘canhão’ nos trocos. Pelo caminho e tendo em conta o que a seguir se passou, ficou a hipótese de subir ao pódio no final da prova. Mas como é usual dizer-se… só não tem despistes, quem não anda depressa! E devagar foi coisa que o Rui Madeira não soube andar ao longo do rali..

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