Faleceu Manuel Amaral, “Larama”

Por a 13 Agosto 2023 09:00

Faleceu Manuel Amaral, conhecido no mundo das corridas como Larama. Nasceu em Lisboa, foi cedo viver para África, onde começou a fazer corridas, regressou a Portugal em 1975, ficou cá pouco tempo e atravessou o oceano rumo aos Açores: “Cheguei lá em 1975 e fui acolhido como um deles. Vivi lá dez anos. Então, um dia mandei vir o [Ford] Escort e inscrevi-me no rali [Volta à Ilha de São Miguel].”

Já antes, em 73 e 74, tinha participado no Rali Internacional TAP (Ford Escort RS 1600 MKI). Contou então Larama um episódio caricato:

«O rali de 1973 realizou-se numa data curiosa para mim, pois foi uma semana antes do meu casamento. E quase que não me casava… A história começou quando, depois do último troço em asfalto, Figueiró, na viagem para Arganil, os pneus saíram da carrinha de assistência e foram a rebolar pela serra abaixo, deixando-me sem pneus para os troços de terra. Ainda fiz os primeiros dois com pneus ‘slick’, mas, à entrada para o troço grande do Marão, com uns 40 quilómetros, estava uma camioneta da Mabor a vender pneus. Comprei quatro pneus novinhos, para terra e, no troço, comecei logo a aproximar-me dos carros que seguiam à minha frente. Os primeiros 15 quilómetros do troço eram com precipício do lado esquerdo. Depois, passava-se o alto da serra e os quilómetros a seguir já tinham o precipício do lado direito. Ora eu seguia sempre no pó dos outros carros e guiava-me pelas copas das árvores – se seguiam para direita, a estrada era para a direita e assim sucessivamente. A certa altura, o meu navegador [Carlos Silva] ditou-me a nota de ‘curva à direita com lomba’. Mas, na minha visão, as árvores ‘seguiam’ em frente… pois havia uma estradinha de terra em frente. Então, quando a meio da lomba percebi que existia mesmo a dita curva, e com a síndrome do precipício do lado esquerdo, atirei-me contra a primeira árvore, que existia, do outro lado da estrada. O carro ficou um bocado longe da estrada e não se via. Foi pelas 10h00 da noite e, sem nada que pudesse fazer, acabámos por adormecer dentro do carro. Então foi o pandemónio! Não chegámos ao final do troço, ninguém nos tinha visto, o carro-vassoura já tinha passado e ninguém sabia onde estávamos! Logo, tínhamos ido pela ribanceira abaixo e estávamos mortos! A GNR foi chamada a intervir, com patrulhas a cavalo e foi uma dessa patrulhas, que estava a percorrer a serra, que nos encontrou, lá pelas 4h00 da madrugada, ainda ferrados a dormir e sem suspeitar de nada!”

O talento de Larama não passou despercebido como nos retrata a história da Volta à ilha de São Miguel,

em 1977. “Larama”, acompanhado por Horácio Franco, venceu a prova: “No primeiro ano em que ganhei, fui muito contestado pelos pilotos continentais. Não acreditavam nos tempos que eu tinha feito, diziam que eram tempos impossíveis e que andávamos a ser beneficiados! Nunca percebi porquê…

No ano a seguir, o rali não teve pilotos do Continente, porque houve uma greve dos transportes marítimos e os barcos com os carros não chegaram a tempo. Então, ganhei novamente. Mas, de raiva, bati todos os tempos que tinha feito no ano anterior e que, diziam, eram impossíveis de fazer!”

Anos mais tarde, “em 1985, quando fiz a ronda de Sintra do Rali de Portugal com o [Citroën] Visa, cheguei ao fim em 14º da [classificação] geral, tendo mesmo feito um 9º tempo à geral na Peninha. Isto, repare-se, com todos os carros da fábrica em prova! Então, as pessoas lembraram-se do que sucedido nos Açores e começaram a dizer que, se calhar, até era verdade eu ter feito aqueles tempos!”

Faleceu com 74 anos. À família e amigos as nossas sentidas condolências.

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2 Comentários
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JAIMICKX07
JAIMICKX07
8 meses atrás

O Larama correu em Angola , em velocidade, Turismos, nomeadamente, num Ford Capri 2600 RS do Gr.1 ! Era muito bom piloto. – vi-o correr ! Os meus pêsames á Família :…

christopher-shean
christopher-shean
8 meses atrás

DEP!

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