Paulo Pinheiro: “Há muita vontade da Dorna em trazer o MotoGP para Portugal”
Falámos com Paulo Pinheiro, CEO do Autódromo Internacional do Algarve, e sendo a conversa sobre o MotoGP inevitável, a pergunta que se impõe é se existem contactos para trazer uma prova para Portugal, nomeadamente ao AIA?
Sim, há contactos muito
avançados, há muita vontade da Dorna em trazer a MotoGP para
Portugal para o Autódromo do Algarve, temos tido muitas reuniões
com eles e estão muito avançadas as negociações, só falta criar
as condições todas para que isso seja possível. Cá também há a
vontade política, não há oposição à ideia, o que há é que
criar um modelo de negócio que seja sustentável para todas as
partes, que traga vantagens à economia nacional, que seja uma coisa
boa para a economia nacional e que seja viável do ponto de vista
económico também para nós, não podemos ser nós a financiar, a
perder dinheiro, a ter prejuízo, para trazer a MotoGP a Portugal,
não queremos ganhar dinheiro mas também não queremos perder
dinheiro, tem de ser criar aqui um equilíbrio que seja aceitável e
bom para todas as partes…
Teria de ser sempre na
época baixa, não faz sentido trazer cá uma prova de MotoGP na
época alta de Turismo, era um contrassenso nunca fizemos isso nem
era agora que íamos fazer, portanto, faz todo o sentido marcar a
prova fora da época turística por assim dizer…
Mesmo com quatro outros
Grandes Prémios na Península Ibérica toda a gente acha que o
circuito é uma infraestrutura fantástica, e temos condições de
apoio para ter desde turismo, hotéis, restaurantes, é um sítio a
que qualquer pessoa traz os patrocinadores e toda a gente te boa
vontade, portanto é claramente um destino fantástico, além de que
a pista é unanimemente considerada uma das melhores do mundo, por
isso acho que temos tudo o que é necessário para que toda a gente
tenha vontade de vir até Portimão…
A marcar, teria de ser
para o fim da época, para ser muito desfasado de Jerez… Estamos a
trabalhar ativamente para que seja o mais cedo possível e o ideal
seria já 2020… Isso daria um campeonato com 20 provas, e há uma
série de circuitos a querer entrar, para a MotoGP, nós sabemos
isso, países com grande poder económico.
Nós, não tendo o poder
económico de outros circuitos, temos muitas outras vantagens, mas
pelos visto a Dorna aprecia as nossas vantagens independentemente da
questão monetária e o fator Miguel Oliveira é fundamental, é
fortíssimo, hoje em dia o Miguel é um herói nacional, é uma
referência, um exemplo e portanto acho que isso seria fantástico…
Também o facto de termos o Presidente da FIM, todos esses fatores em
conjunto contribuem para que haja boa vontade.
Seria o maior evento de Portugal nos últimos dez anos, provavelmente.
E o anúncio está para breve?
Sabes como são estas
coisas, não nos compete a nós dizer nada até estar tudo assinado,
preto no branco…
Que outros Campeonatos vêm ao AIA este ano?
Nós vamos ter mais uma
vez o European Le Mans Series, a última corrida do Campeonato mais
uma vez, que é a maior corrida de carros desportivos em Portugal,
vamos ter as 24 Horas Creventic, temos um série de Campeonatos mais
pequenos, temos um Calendário cheio com 10 corridas ao longo do ano,
o que é claramente interessante. Nas motos, temos Campeonato
Nacional duas vezes, e o Mundial de Superbike , depois temos os Seis
Dias de Enduro que para nós foi um desafio e um mundial que foi uma
surpresa ganhar, é uma prova gigantesca em termos de dimensão, do
número de pessoas envolvidas…
Nós vamos ser o centro
logístico e vão utilizar aqui uma das nossas especiais de
Todo-Terreno, mas depois é uma prova transversal a todas as regiões
do Algarve, que visita quase todos os concelhos algarvios, queremos
que seja uma grande festa do motociclismo mundial no Algarve, em
finais de Outubro, numa época em que, tradicionalmente, o Turismo é
mais fraco… Por isso mesmo, temos todas as condições para criar
um grande evento…
O que se tem feito para atrair espetadores às Superbike?
Para atrair espetadores às
Superbike, nós temos uma estratégia de facilitar a vinda ao
Autódromo às pessoas, temos acordos com a CP, temos uma empresa de
transportes , mais uma vez vai haver 2 autocarros todo o
fim-de-semana a circular entre Faro e Sagres a acabar no Circuito,
portanto não há razão para as pessoas não virem às Superbike,
até porque temos uma estratégia de preços bastante agressiva com
os bilhetes, há promoções constantes ao longo de todo o ano, até
praticamente às vésperas da corrida… temos feito tudo com as
marcas também, a parceria com a Yamaha tem funcionado muito bem, o
próprio Miguel Oliveira tem-se associado a nós na promoção e
divulgação da corrida, por isso acho que tudo aquilo que podia ser
feito, temos estado insistentemente a fazê-lo, senão não
organizávamos a prova.
Em termos dos comissários a experiência de organizar cá as Superbike também dá garantias…
Sim, ao longo dos anos
fomos trabalhando com várias organizações, começámos com o Motor
Clube do Estoril, que no arranque foi fundamental para irmos ganhando
a experiência, hoje somos praticamente autónomos, temos um Diretor
de Corrida nacional, que é o Délcio, temos os nossos comissários
que em conjunto com outros que vêm do Motor Clube do Estoril, de
Espanha, de outros sítios, tem sido uma associação perfeita e é
um fator que joga também a nosso favor, a qualidade da organização
desportiva que temos…
Paulo, com a AIA a caminho dos 11 anos, que reflexões fazes deste tempo? Foi mais fácil construir, ou posteriormente atrair o público?
Construir também foi
difícil, nós andámos sete anos, quase oito anos, a tratar do
licenciamento, depois construímos foi muito depressa, construímos
tudo em oito meses e desde que começámos a operar, em termos de
ocupação de pista, estamos sempre na linha da frente, somos sempre
claramente dos circuitos da Europa e do mundo com mais utilização.
Ainda o ano passado tivemos 348 dias que acho que deve ser um
recorde… está bem, não temos muito público… mas o público, a
aderência do público, é um problema transversal a todos os
desportos motorizados.
Se excluirmos a Fórmula 1 e a MotoGP, é um desafio para toda a gente. Há uma fotografia que costumo mostrar aos meus amigos quando falamos disso, que é do Red Bull Ring o ano passado do DTM, do vencedor a cortar a meta e não se vê um único espetador na bancada… Portanto, é um problema que toda a gente tem. Nós com as Superbike até acho que temos uma boa corrida, somos a segunda corrida do Campeonato com mais público, que acho que foi fantástico, com muito trabalho, muito esforço de toda a equipa, dos parceiros, dos jornais, das revistas, de toda a gente que está ligada ao motociclismo, mas hoje em dia é realmente um desafio trazer o púbico a corridas que não seja a Formula 1 e a MotoGP… Basta ver o que aconteceu em países como a Alemanha… Na Inglaterra, tens o BSB que tem crescido muito, mas é um fenómeno um bocado isolado, também fruto das condições muito particulares do mercado Inglês, mas não é fácil para ninguém…
Por Paulo Araújo
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