Linksport: Também tu podes ser piloto!
O desporto motorizado é reconhecidamente caro, parecendo estar apenas ao alcance de alguns. São muitos os que têm o sonho de fazer corridas, sem, no entanto, terem os meios de o conseguir. Mas há comunidades cada vez maiores de apaixonados pelo desporto motorizado que se encontram em eventos dedicados a amadores, onde não é preciso gastar muito dinheiro. A Linksport é provavelmente a maior comunidade do país, com praticantes amadores de karting, que percorrem os kartódromos de norte a sul, para dar asas à sua paixão, sem necessidade de orçamentos faraónicos.
Na liderança da Linksport está alguém que até nem é praticante da modalidade e que só andou três vezes em pista, apesar de organizar os maiores campeonatos amadores do país, já com projeção internacional. Tiago Soares é o homem do leme, numa aventura que começou há já muito tempo e onde o desporto foi sempre peça central de um negócio que se vai tornando cada vez mais amplo.

Uma aventura que começou na faculdade
O AutoSport falou com o Tiago e quis saber um pouco mais do seu projeto, da abrangência da Linksport e dos projetos para o futuro. Quisemos começar pelo início, tentando perceber o que é a Linksport desde o seu arranque até se tornar numa referência do desporto amador:
“A Linksport nasceu ainda durante a minha passagem pela faculdade, no IPAM, onde estudei Gestão de Marketing. Sempre fui apaixonado por desporto — joguei de tudo um pouco: futebol, ténis de mesa, surf… E foi numa cadeira do curso, em 2007, que tive de desenvolver um projeto online. Como eu e os meus amigos nos juntávamos para jogar futebol, lembrei-me de criar um portal onde estivessem listados todos os campos disponíveis para aluguer em Lisboa, tanto indoors como outdoors. Na altura, era algo meramente informativo — não dava para marcar, só consultar.
Essa ideia foi evoluindo. Eu já trabalhava por conta própria, em nome individual, na área da informática, e decidi apostar nesse projeto. Comecei a vender visibilidade no site a esses espaços desportivos. Os valores praticados não permitiam a minha sustentabilidade, mas o projeto deu um salto quando recebi o seguinte desafio: por que não rentabilizar os horários mortos dos campos? Assim nasceram os torneios de futsal — inicialmente para empresas, em horários onde os espaços estavam vazios. E a verdade é que funcionou. Crescemos muito com o futsal: chegámos a ter 120 equipas a jogar regularmente, mais de 50 árbitros, uma equipa de filmagem, e uma comunidade gigante.
Mais tarde, já como praticante regular de padel, comecei a dinamizar também os horários ‘off-peak’ em vários clubes de Lisboa. O karting surgiu de forma gradual. Começou de forma muito informal em 2009, com apenas três provas por ano. Mas foi com a pandemia que demos um salto. O karting passou a ser visto como um desporto seguro, sem contacto físico, e as pessoas estavam com vontade de sair de casa. Já tinha uma base de 60 a 80 pilotos, e com a entrada do Duarte Lopes — uma referência no karting amador — tivemos um crescimento exponencial. Hoje em dia temos uma equipa de seis pessoas, três a tempo inteiro, e organizamos provas para cerca de 300 pilotos. Dividimos por níveis competitivos, por peso, idade, e temos diferentes formatos de endurance: corridas de 1, 2 e 4 horas.
Também organizamos grandes eventos de resistência, com provas de 13 a 26 horas. A mais conhecida é a de Évora, que já conta com 25 anos de história e que organizamos desde 2021. É uma prova com grande notoriedade, onde 60% dos participantes são estrangeiros e o nível competitivo é altíssimo, com muitos dos melhores pilotos do mundo — mesmo que sejam do circuito amador.”

Karting amador, com muito profissionalismo à mistura
A base de toda a competição são os karts de aluguer, material que já está disponível nos kartódromos e que permite acesso fácil e acessível a todos:
“Trabalhamos exclusivamente com karts de aluguer. Não usamos karts próprios — levamos os nossos pilotos aos kartódromos e competimos com as frotas locais. No mundo do karting amador, a marca Sodi domina, com cerca de 90 a 95% do mercado mundial. A grande maioria das provas que a Linksport organiza pontua para o maior ranking mundial de karting amador, promovido pela Sodi. Todos os anos existe um evento anual organizado pela marca – SWS World Finals, em que os pilotos representam o país pelo qual apuraram, e lutam pelo título de campeão mundial. Em Portugal, contribuímos para o apuramento de várias categorias, tendo pela primeira vez este ano, pelo menos um piloto a representar Portugal em cada uma das categorias – júnior, sénior, master, feminino e endurance.
Estas finais mundiais realizam-se todos os anos em diferentes países. A presença portuguesa tem sido forte, e muitos dos nossos pilotos já competiram, e venceram, em vários eventos internacionais, como é exemplo o Troféu Endurance no Dubai.
O nosso objetivo é continuar a crescer, mantendo o karting amador de aluguer como algo altamente competitivo, acessível e com projeção internacional”.

Karting para carteiras pequenas
O segredo do sucesso das competições amadoras de karting é o preço. O karting federado exige um investimento avultado, enquanto o karting amador permite competição equilibrada e renhida por uma fração do preço:
“Quando se entra no karting federado, o nível é muito mais elevado. Tens que ser federado, ter seguro, um kart próprio, dois ou três motores por ano, mecânico, e muito dinheiro. Em contraste, connosco, é possível competir nas duas temporadas anuais de sprints por cerca de 1120€.
As nossas provas custam, em média, 80 € cada. Multiplicando isso por 14 fins de semana, dá cerca de 1120€, e com isso competes o ano todo, em várias tipologias de prova. É por isso que temos uma base de clientes tão grande — oferecemos competição regular, acessível e com bom nível.”
Muito mais do que corridas
Mas o conceito da Linksport não se fica apenas pela competição em pista. O objetivo é criar uma comunidade dinâmica e uma porta de entrada privilegiada para o mundo da competição, sem custos exagerados:
“Também oferecemos formação. Muitos clientes novos procuram isso, e temos pilotos experientes que dão treinos personalizados, com track walk da pista, rádio nos capacetes, e acompanhamento em pista. Primeiro com o instrutor à frente do formando, para mostrar quais as trajetórias certas e depois com o formando à frente, com o instrutor a dar dicas. Custa 125 € e é um investimento que permite um salto enorme na performance.
Além disso, mantemos o nosso site sempre atualizado — resultados saem na hora, temos cronometragem em tempo real com a app Speedhive, fotos, vídeos, entrevistas, rankings. No último fim de semana de competição, por exemplo, fizemos 18 corridas sprint com 96 pilotos. Se não fosse a festa do título na véspera, tínhamos tido mais de 120, que é a nossa média habitual.
O nosso foco é criar uma comunidade. Ao sábado temos jantares convívio pós provas, para os que competem durante o dia, sendo que ao domingo o dia é longo mas proveitoso. As pessoas começam a formar equipas, sonham com as 13 ou até as 26 horas de prova. Isto é o que somos: uma comunidade unida, apaixonada, e que vai atrás da nossa marca e da forma como fazemos as coisas.
Além disso, continuamos a inovar. No ano passado transportámos uma frota inteira até Abrantes para correr numa pista onde os karts eram muito antigos. Vamos repetir este ano — os pilotos adoram essa novidade e esgotam as inscrições em 24 horas.
Hoje temos cerca de 300 pilotos ativos. Muitos competem mais do que uma vez por mês. Um campeonato nosso pode custar cerca de 560 € a 595 € por metade do ano (fazemos duas temporadas por ano)”.

Como fazer para começar a ser piloto?
A entrada nesta comunidade acontece de forma muito simples. Se estiver interessado em experimentar, eis o processo que o espera:
“Se alguém quiser experimentar uma corrida connosco na Linksport, o processo é simples. Temos as ‘Sextas-Feiras Loucas’ duas vezes por mês no Bombarral ou no Campera, onde qualquer pessoa se pode inscrever, independentemente do nível. Isso permite-nos perceber o nível de condução do piloto. Outra possibilidade é começar logo numa etapa do campeonato nos rookies (iniciados), se houver vagas.
O nosso campeonato está organizado por níveis competitivos: rookies, bronze, platina, silver, gold e pro. Toda a gente começa por baixo, a menos que mostre logo grande andamento. Aí podemos colocá-los um pouco mais acima, até, no máximo, ao nível platina. Temos também categorias específicas para pilotos com menos de 15 anos, Kids, com menos de 20 anos, Júnior, e ainda participantes que correm com peso mínimo de 95Kgs, Fortes.
Para entrares, basta escolheres uma dessas provas (sextas ou rookies) e inscreveres-te. O custo é 80 € por prova (85 € na segunda parte do ano). Não tens que trazer nada. Fornecemos capacete, kart, combustível, tudo. Só precisas de entrar em contacto com a Linksport, e a partir daí entras na nossa base de dados e recebes sempre novidades, fotos, vídeos, listas de inscritos, etc. Ajudamos ainda a fazer o registo na Plataforma da Sodi, para garantir que pontuas para o ranking mundial.
A nível de campeonato, damos flexibilidade no calendário. Cada temporada tem 7 provas e podes faltar a uma sem ser prejudicado. Retiramos os 3 piores resultados no final. Se pagares tudo e faltares, podemos fazer crédito.
Este sistema cria uma progressão natural: os rookies que se destacam sobem para bronze, os bronze para platina, e assim sucessivamente. Todos os anos, entre 20 e 30 pilotos saem, por isso precisamos sempre de gente nova. Já temos 15 rookies inscritos para a segunda parte do ano.
Há clientes que estão com a Linksport há mais de 10 anos. Alguns transferem-nos um valor global e nós fazemos a gestão das provas, como se fosse uma conta corrente. Temos uma relação próxima com os pilotos”.
Preço “chave na mão”, sem complicações
Os inscritos, não precisam de levar material nenhum e contam com um tempo em pista já considerável, com todas as comodidades, para um dia bem-passado, com a garantia que será incluído num grupo com um nível competitivo semelhante:
“A participação num domingo típico envolve 51 minutos totais de pista, divididos em três sessões de 5 minutos de treino mais 12 minutos de corrida, com sorteio de karts em cada uma. Ou seja, andas sempre com um kart diferente. Todos os que fazem pódio, ganham uma garrafa de vinho de alta qualidade e ainda há patrocinadores que oferecem prémios como jantares, formações, vouchers, e até condução num Ginetta no Autódromo do Estoril, como aconteceu no ano passado.
O foco é sempre garantir que os pilotos competem com outros do seu nível, para que ninguém ande completamente desfasado — ninguém gosta de dobrar ou ser dobrado constantemente.
Na Linksport, acreditamos no poder de unir pessoas e criar comunidades. O nosso propósito é proporcionar momentos de interação, colaboração e diversão, onde todos se sintam parte de algo maior. Somos uma empresa com paixão e compromisso pelo karting amador”.

O karting de volta às ruas
A Linksport, à imagem do seu timoneiro, quer sempre mais e melhor e além procurar melhorias constantes nas competições já existentes, pegou num conceito antigo e deu-lhe nova vida… o karting em circuitos citadinos. Reguengos de Monsaraz recebeu a primeira experiência que já mereceu nota positiva:
“Já começámos a levar o karting para dentro das cidades. Acreditamos que a chave para encontrar mais interessados é levar o desporto até eles. Fizemos a primeira prova urbana em Reguengos de Monsaraz e estamos a tentar replicar isso noutros sítios. Tivemos, inclusive, uma reunião com a Câmara de Oeiras para montar um kartódromo temporário junto à praia, durante dois meses. Estamos a ver se ainda conseguimos concretizar isso este ano.
Acreditamos que ao levar o karting até às pessoas, dentro das cidades, vamos atrair mais público e mais patrocinadores. E mesmo quem não compete, ao ver de perto, acaba por ganhar o ‘bichinho’. A nossa taxa de crescimento tem sido positiva, mas sabemos que podemos crescer ainda mais — mais pilotos, mais provas, mais kartódromos.
Ao expandir a nossa operação de karting para o espaço urbano, montando pistas fora dos kartódromos tradicionais — enfrentamos um desafio logístico e financeiro considerável. Para repetir a experiência com mais sucesso, precisamos de reforçar o apoio de patrocinadores e melhorar ainda mais a preparação. Esta abordagem recupera o espírito das antigas corridas em vilas, agora com maior segurança e estrutura”.
Além do passo para as provas citadinas, outros dos objetivos da Linksport é de adquirir uma frota própria de karts, idealmente com 36 unidades — equilibradas, novas e capazes de sustentar tanto provas urbanas como grandes eventos em kartódromos sem frota própria.
Atualmente, a Linksport opera de norte a sul do país, passando por locais como Viana, Cabo do Mundo, Leiria, Batalha, Castelo Branco, Bombarral, Évora, Algarve, Alcanena, entre outros — e já realizou eventos de rua em Reguengos, estando a planear novas edições em Oeiras, Santarém, Azambuja.
Cascais é o próximo encontro
O próximo desafio deste género será organizado em Cascais, um evento dedicado a empresas, mas que vai permitir que os interessados em experimentar possam ter essa oportunidade no fim de semana seguinte:
“Na próxima semana vamos ter uma prova citadina muito especial na Marina de Cascais, com o Manuel Gião como piloto principal. Será uma competição só para empresas, com 19 equipas a participar. Este projeto é bastante complexo e caro, pois exige muita logística: gruas, mergulhadores, licença da FPAK, comissários, karts, e um plano de segurança muito rigoroso. Teremos quatro mergulhadores e duas gruas de apoio permanentes para garantir que, se um kart cair na água, ele possa ser retirado rapidamente.
No domingo seguinte, todo o equipamento ficará montado para que qualquer pessoa possa andar na marina em formato de kartódromo aberto — é só chegar, pagar, e andar, com capacetes e karts disponíveis”
Uma comunidade gigante à sua espera
O desporto motorizado não tem de ser exageradamente caro. E este tipo de competição, além de permitir estar integrado numa comunidade alargada e muito dinâmica, permite correr com custos muito controlados, com garantia de uma competição nivelada, interessante, e que pode abrir portas para provas internacionais. O trabalho da Linksport é fundamental, pois permite que uma realidade que, à primeira vista, é inacessível, se torne numa possibilidade. Mais ainda com o projeto dos circuitos citadinos, onde as pessoas poderão ver de perto todo este admirável mundo das corridas. O esforço e a qualidade da equipa de Tiago Soares estão à vista. Mais de 300 praticantes, campeonatos consolidados, que abrem portas para provas internacionais. Se quer entrar no mundo das corridas, esta pode muito bem ser a sua porta de entrada.

Linksport 2.0 Projecto Abrantes 2024
26H Karting 2024
Linskport no Campera Karting em 2024
Linksport no KIRO – Bombarral 2023
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