Williams F1: Um novo início

Por a 8 Fevereiro 2023 10:33

Depois de uma temporada em que ficou, uma vez mais, na última posição do Campeonato de Construtores, a Williams parte para a temporada de 2023 para iniciar um novo processo de reconstrução de modo a poder a médio longo prazo regressar à competitividade.

A outrora força dominante da Fórmula 1 foi a lanterna vermelha da grelha de partida por quatro ocasiões nas últimas cinco temporadas, o que demonstra a verdade nua e crua da realidade da equipa fundada por Frank Williams nos anos 1970.

A Dorilton Capital, que comprou em 2020 a estrutura à família que a governou desde a sua fundação, tem vindo a investir na formação sediada em Grove, mas o seu crescimento não tem sido notado em pista, em parte devido ao erro de casting que mostrou ser Jost Capito, que passou a liderar a Williams no final do mesmo ano.

A liderança do alemão dividiu a equipa, sendo muitos os relatos de membros da equipa que se mostravam contra a forma como ele impunha a sua presença, havendo outros que apontavam que Capito era exactamente do que a estrutura de Grove precisava.

Seja como for, o germânico não conseguiu unir a equipa em torno de um objectivo e acabou por sair no final do ano passado, dando lugar a James Vowles, o chefe da estratégia da Mercedes, que, sem possibilidade de subir na equipa de Brackley, respondeu positivamente ao desafio que lhe foi lançado pela Dorilton.

A tarefa do inglês não é facil e, antes de mais, tem como função unir a equipa de modo a que todos remem para o mesmo ao lado, ao contrário do que, aparentemente, aconteceu durante o governo da Capito.

Vowles terá de criar uma cultura no seio da estrutura que crie um verdadeiro espírito de equipa e o facto de ter saído de uma formação de Fórmula 1 com espírito ganhador, como era a Mercedes, poderá ser um facto de capital importância para conseguir alcançar os seus desideratos.

Neste aspecto o inglês tem uma vantagem face ao seu antecessor, que entrara na Williams com pouquíssima experiência na categoria máxima, apesar do sucesso que teve com a Volkswagen no Campeonato do Mundo de Ralis – resumia-se a pouco mais de dois meses como CEO da McLaren.

A experiência de Vowles na categoria máxima será igualmente de extrema importância na identificação das áreas em que a Williams tem maiores debilidades e são muitas, caso contrário não estaria na situação em que está atualmente.

O departamento técnico não tem a capacidade de outrora, tendo vindo a criar carros que ficam bastante aquém das suas rivais, o que não lhe tem permitido ir além de se imiscuir na luta pela segunda metade do Segundo Pelotão.

O departamento aerodinâmico tem-se evidenciado historicamente muito longe da concorrência, nunca tendo recuperado da perda de Adrian Newey, que saiu da Williams para a McLaren no final de 1996.

Tem surgido alguns rumores que dão conta da possibilidade de Vowles levar alguns técnicos da Mercedes consigo, que têm o desejo de ganhar maior responsabilidade no projecto mas que têm o caminho tapado na equipa de Brackley, o que poderá ser uma forma de a equipa de Grove ganhar uma nova capacidade técnica, cortando com o passado recente.

Também o departamento comercial tem mostrado ficar bastante aquém das necessidades da equipa, o que tem levado a que a Dorilton se veja obrigada a colocar dinheiro na operação.

São muitos aspectos que Vowles tem de recuperar no seio da estrutura inglesa e, depois de identificar as áreas que precisam de maior desenvolvimento, o inglês terá de ter o apoio dos seus patrões e isso significa maior investimento nas infraestruturas da Williams, isto se os americanos quiserem que a sua equipa dê um passo competitivo em frente.

Tendo tudo isto em conta, 2023 será um ‘ano zero’, mais um, para a formação fundada por Frank Williams. Mais que resultados, o mais importante será encontrar uma um direcção que possa permitir à formação de Grove regressar à competitividade e deixar, a médio prazo, a incómoda posição de lanterna vermelha.

Uma primeira expressão dessa direcção seria uma aproximação da Williams às equipas mais competitivas do Segundo Pelotão, mas Vowles precisa de tempo, esperando-se que a Dorilton lho possa dar.

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