GP da Rússia de F1: Renault desaproveita oportunidade

Por a 28 Setembro 2020 18:00

Sérgio Pérez venceu o Segundo Pelotão do Grande Prémio da Rússia, mas com uma estratégia mais agressiva a Renault poderia ter colocado Daniel Ricciardo no quarto posto e assegurar o triunfo atrás dos três do ‘costume’.

A luta entre a formação do construtor gaulês, a Racing Point e a McLaren prometia ser animada desde a primeira sessão de treinos-livres, estando este trio muito junto e sendo os seus pontas de lança o australiano, o mexicano e Carlos Sainz.

Curiosamente, todos pilotos que estão de saídas das respectivas equipas e no caso dois últimos sem acesso às evoluções técnicas que os seus colegas tinham nos seus monolugares.

Na qualificação confirmaram-se as suspeitas e Pérez e Ricciardo estiveram em luta pelo desejado quarto lugar, acabando o piloto do “Mercedes Cor de Rosa” por bater o seu rival da Renault por quarenta e sete milésimos de segundo, ao passo que Sainz ficava no encalço deste duo, a 0,233s.

Entre os escudeiros, Esteban Ocon foi o melhor, com o sétimo lugar, a menos de três décimos de segundo do seu colega de equipa, seguido de Lando Norris, que estreava em qualificação o novo nariz da McLaren, ficando ainda assim a quase três décimos de segundo do espanhol.

Lance Stroll, por seu lado, não chegou sequer à Q3. Na zona de perigo quando Sebastian Vettel se despistou a pouco mais de dois minutos do final da Q2, quando se colocou na fila dos pilotos que pretendiam regressar à pista o mais rapidamente possível assim que os semáforos passassem a verde, o motor Mercedes do seu monolugar começou a sobreaquecer, obrigando a regressar às boxes de onde não mais saiu.

No final, o canadiano, que nunca se mostrou ao nível do seu colega de equipa apesar de ter as novas evoluções da equipa, arrancava de décimo terceiro, beneficiando da penalização de cinco lugares na grelha de partida de Alex Albon, que trocou de caixa de velocidades entre a qualificação e a corrida.

Era então aguardada uma luta intensa entre Racing Point, Renault e McLaren, muito embora a formação de Silverstone estivesse em desvantagem por ter um piloto fora dos dez primeiros, o que, no entanto, lhe dava a liberdade para escolher os pneus que desejava, ao passo que os restantes tinham de arrancar com os macios que usaram na respectiva melhor volta para aceder à Q3.

No entanto, a longa aceleração até à aproximação à Curva 2, onde se efectua primeira travagem, prometia muitas lutas por cones de aspiração e por posições e uma chegada à primeira curva entusiasmante.

Os dois McLaren não arrancaram muito bem, vendo-se ultrapassados por Pierre Gasly e pelo foguete Stroll, que depois da primeira travagem estava atrás do seu colega de equipa.

Sainz, que discutiu a travagem com o canadiano, acabou por recorrer à escapatória, o que obrigava a passar por entre as barreiras indicadas por Michael Masi para regressar à pista. O espanhol, porém, avaliou erradamente a velocidade a que circulava e embateu violentamente num muro de protecção.

O incidente de Sainz teria ainda impacto na prova de Lando Norris, que teve de reduzir substancialmente a sua velocidade, caindo para a cauda do pelotão. Em pouco mais de um quilómetro, a McLaren ficava fora da luta pela vitória do Segundo Pelotão.

Poucos metros mais à frente, Stroll, que rodava em sétimo atrás do seu colega de equipa, era acossado por Charles Leclerc, tendo um ligeiro toque entre o pneu dianteiro/esquerdo do Ferrari e o traseiro/direito do seu “Mercedes Cor de Rosa”, o que enviou o canadiano para os muros de protecção.

Quando o pó assentava, com dois carros destruídos em pista, não restava outra opção a Michael Masi senão enviar o Safety-Car para a frente do pelotão.

Entretanto, Ocon liderava o pelotão atrás dos três primeiros do costume, seguido do seu colega de equipa e de Pérez, que tinha sido o grande perdedor da primeira volta, estando a Renault em vantagem estratégica face à Racing Point por ter ainda dois carros em pista.

A corrida foi retomada na sexta volta e rapidamente se percebeu que Ocon segurava o seu colega de equipa e Pérez. O australiano raramente esteve a mais de um segundo do francês, mas nem mesmo com DRS conseguia suplantar Ocon, o mesmo se passando com o mexicano, que não tinha velocidade de ponta para passar os Renault.

Verificando a vantagem que Ricciardo recuperou e cavou face ao francês até á quinquagésima terceira volta, depois de o ultrapassar, concluímos que, enquanto esteve atrás do seu colega de equipa, perdeu 0,7s por volta até à décima quinta, momento em que entrou nas boxes para trocar os pneus macios usados pelos duros que o levaria até ao final da corrida.

Sem estes 6,3s que perdeu, sairia à frente de Kimi Raikkonen, não perdendo o segundo e meio atrás do Alfa Romeo ao longo de três voltas, o que o deixaria à frente de Sérgio Pérez, quando este entrou nas boxes na vigésima volta para trocar de pneus.

Isto sem levar em consideração que, se a Renault tivesse dado a ordem para que Ocon deixasse passar o seu colega de equipa, Ricciardo poderia alongar o seu primeiro “stint” numa tarde em que o “undercut” não era particularmente eficaz, deixando-o em melhores condições para a restante corrida.

Existem algumas atenuantes para que a equipa de Enstone não tenho dado a ordem a Ocon para ceder a sua posição a Ricciardo ainda antes da paragem nas boxes, a mais evidente o facto de Pérez estar muito perto, podendo o francês perder um lugar também para o mexicano, mas bem feito e no local certo era possível.

Mas complicado poderia ser gerir a situação no seio da equipa, uma vez que o piloto que vai continuar na equipa, teria de assumir o lugar de apoio ao homem que vai para uma rival no próximo ano.

A situação acabou por se verificar, dado que na vigésima quinta volta Ocon recebeu a ordem que não desejava, depois de não ter conseguido ultrapassar Sebastian Vettel. Ricciardo passou para a frente do seu colega de equipa e na vigésima sétima volta suplantou o alemão da Ferrari.

Mas então, Sérgio Pérez tinha já desaparecido na frente, triunfando na luta do “Segundo Pelotão”, mostrando uma vez mais ser o seu valor numa altura em que ainda não tem volante para a próxima temporada.

Ocon ver-se-ia batido Charles Leclerc que, com a nova evolução da Ferrari e uma estratégia de um primeiro “stint” longo, conseguiu intrometer-se entre os dois pilotos da Renault, somando um bom sexto lugar.

O francês acabaria ainda a corrida acossado por Daniil Kvyat que realizou uma das suas melhores provas da temporada, ao passo que Pierre Gasly viu a bandeira de xadrez no nono posto, à frente de Alex Albon, que voltou a ter uma prova decepcionante.

No final, a Renault ganhou pontos à McLaren e à Racing Point na luta pelo terceiro lugar no Campeonato de Construtores, mas numa luta tão intensa entre as três, o Grande Prémio da Rússia representou uma oportunidade perdida pela equipa do construtor francês.

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