Que futuro para Aston Martin e Honda?
É um dos temas de conversa do momento, a possibilidade, cada vez mais forte, de a Honda se juntar à Aston Martin, o que abre algumas perspetivas para lá do óbvio. Analisamos aquelas que nos parecem ser os caminhos mais evidentes para uma futura relação entre as duas entidades.
É um dos temas do momento, o possível casamento entre a formação de Silverstone e o construtor nipónico, que depois de ter anunciado em 2020 abandonar a Fórmula 1 no final de 2021, a entrada de uma nova equipa de gestão reverteu a decisão, passando a trabalhar num regresso oficial em 2026, enquanto fornece às suas unidades de potência à Red Bull neste período até à entrada em vigor do novo ciclo regulamentar.
No fundo, a Honda com os seus avanços e recuos acabou por espoletar a resolução de Christian Horner e Helmut Marko em criar um departamento de motores para a equipa de bandeira austríaca, o que implicou que o envolvimento dos nipónicos passasse a ser supérfluo, acabando por lhe cair nos braços a Ford, cujo envolvimento pouco mais é que um exercício de marketing, sendo toda a responsabilidade técnica imputada à Red Bull Powertrains.
Segundo os rumores, a Honda terá contactado a Williams, a McLaren e a Aston Martin e de acordo com as conversas nos bastidores, será a formação que representa as cores do construtor britânico a escolhida, não só pelos resultados que tem vindo a conseguir este ano, mas também pelo projecto que estar a pôr em marcha, com um investimento massivo em infraestruturas e mão de obra, o que oferece garantias os homens do país nascente.
No entanto, este casamento oferece alguns problemas, uma vez que as imagens da Aston Martin e da Honda não estão alinhadas – a britânica aponta para o luxo, ao passo que japonesa relaciona-se com produtos bem mais económicos e de cariz familiar sem sequer aspirar ao mercado premium.
Um Aston Martin Honda, portanto, poderia não ir de encontro aos objectivos de marketing das duas marcas, mas ambas já estiveram juntas, quando o construtor britânico patrocinava a Red Bull e a japonesa fornecia as suas unidades de potência à equipa de Milton Keynes, em 2019 e 2020.
Portanto, pode não ser uma situação impossível, mas não é o cenário mais perfeito para ambas as partes.
Mas existem outras possibilidades para o casamento entre as duas entidades possam juntar forças.
Uma delas seria Lawrence Stroll sair de cena e, com ele, a Aston Martin.
O canadiano gastou, e ainda gasta, muito dinheiro na Fórmula 1 com o intuito de levar o seu filho, Lance, até um título mundial, como fez na Fórmula 4 Itália e na Fórmula 3 Euro Series, mas cada vez fica mais claro que piloto de vinte e quatro anos não tem o que é preciso para se impor no exigente mundo da categoria máxima.
Todos os anos brilha em uma ou duas corridas, mas ainda não mostrou a consistência e rapidez que lhe permita um dia bater-se por ceptros.
Este ano, está a ser completamente trucidado por Fernando Alonso, que está ainda num processo de adaptação à equipa, estando o espanhol a evidenciar as debilidades do jovem colega de equipa.
Quando a equipa de Silverstone tiver nos seus carros as unidades de potência japonesas, o jovem Stroll estará na sua nona temporada na Fórmula 1 e, se mantiver a tendência, com muito pouco para mostrar.
Talvez então, seja o momento certo de os Stroll reavaliarem o seu investimento na categoria máxima e a oportunidade para vender a equipa à Honda, conseguindo um retorno significativo do seu investimento inicial, para além de garantir a subsistência da estrutura de Silverstone.
Do lado dos japoneses, já foi mostrado interesse em ter uma equipa de Fórmula 1, num momento em que estas podem ser um centro de lucro, graças ao Tecto Orçamental, à subida dos lucros da FOM e à forma mais equitativa como o dinheiro dos direitos comerciais é distribuído.
A Honda teria uma exposição muito maior pela sua participação na categoria, algo que parece ser importante para os nipónicos, e poderia treinar os seus engenheiros tanto na área das motorizações como na do chassis, um dos objectivos que sempre foi caro aos japoneses.
Outra possibilidade seria a Aston Martin pagar à Honda pelas unidades de potência desta, rebaptizando-as com o seu nome, no fundo o mesmo que a Ford fará com a Red Bull.
Isto implicaria que Lawrence Stroll continuasse com o seu projecto de Fórmula 1 para promover a marca britânica, que também lidera.
Neste cenário, a Honda poderia treinar os seus engenheiros na categoria máxima, ainda que apenas na área dos motores, mas, apesar de ter alguma exposição mediática – a grande parte do público saberia que seriam da Honda os motores da Aston Martin –, não poderia ter campanhas de marketing sobre o seu envolvimento na Fórmula 1, o que poderia ser um aspecto menos positivo para os japoneses.
Estes são alguns dos caminhos que o cada vez mais certo casamento entre os britânicos e os japoneses poderão tomar, podendo agora ser pouco óbvios, mas que poderão ser adotados a médio prazo.
Na minha modesta opinião, se o Lawrence Stroll quiser a Honda, vai ter de se acautelar bastante contra “os humores” dos japoneses, caso contrário arrisca-se a ficar sem motores dum ano para o outro, como aconteceu em 92 com a McLaren e recentemente com a Red Bull.
Demasiado contorcionismo. Que seja uma Williams Honda e ficamos todos felizes.