Pilotos pagantes com menos espaço na F1 é uma boa notícia, mas…

Por a 1 Setembro 2023 19:41

Há casos de sucesso e que até campeonatos do mundo de Fórmula 1 conquistaram, mas na maior parte dos casos isso não aconteceu. Os pilotos que pagavam a sua entrada na disciplina rainha sempre foi uma realidade, quase sempre porque se tratavam de equipas pequenas e com parcos meios para se aguentarem na competição. Quando chegava um piloto com um bom patrocinador ou tinha os bolsos carregados de dinheiro para ‘comprar’ um lugar, havia sempre uma equipa pronta para o receber. 

O paradigma mudou e os responsáveis das equipas, afirmam que este modelo acabou, não havendo espaço para pilotos pagantes. A Fórmula 1 vive um momento de evolução e pela primeira vez na história da competição, as 10 equipas que integram o pelotão podem sonhar com saldos positivos na sua conta e os seus donos em recuperar parte do investimento. Por isso, não precisam de pilotos para os ajudar a pagar uma época. 

Como explicou James Vowles, curiosamente responsável de uma equipa que precisou de pilotos pagantes para se manter na competição durante os últimos anos, as diferenças em pista entre as equipas são tão curtas que precisam dos melhores pilotos, passando a tratar-se mais de meritocracia do que trazer “alguns milhões” para terminar no fundo da tabela classificativa. Precisam de pilotos que deem o máximo.

O mesmo já tinha afirmado Günther Steiner da Haas, enquanto Franz Tost, que no final do ano está de saída da AlphaTauri – onde passaram dois dos últimos campeões do mundo da disciplina em formação para chegarem à Red Bull – lembrou que o sistema da Super Licença da FIA, que obriga um piloto a ter o mínimo de 40 pontos na sua licença para poder pilotar na F1, obrigou, em parte, a retirar da equação os pilotos pagantes. 

No entanto, foi um antigo membro da academia da Renault quem lembrou que não havendo espaço na F1 para pilotos pagantes, o mesmo não acontece na Fórmula 2 e Fórmula 3. Tratou-se de Louis Delétraz, que foi piloto da formação júnior da Renault e piloto de reserva da Haas, preterido por Pietro Fittipaldi para substituir Romain Grosjean depois do acidente horrível sofrido pelo francês no Bahrein em 2020, e que é agora piloto na resistência, conquistando títulos no European Le Mans Series e no Campeonato do Mundo de Resistência da FIA na classe LMP2. 

Delétraz recordou que os orçamentos na Fórmula 3 e Fórmula 2 estão em níveis muito altos, explicando nas redes sociais que podem ser de mais de 3 milhões de euros por temporada para cada piloto. Na opinião do piloto suíço toda a pirâmide até chegar à Fórmula 1 deveria estar saudável financeiramente, para que os pilotos talentosos pudessem lá chegar. 

Isso é mesmo importante. Os 7 primeiros classificados da Fórmula 2 são pilotos das equipas juniores das estruturas da Fórmula 1, com o seu devido apoio, ocupando lugares nas melhores equipas desse campeonato. Enquanto muitos dos restantes classificados não têm qualquer apoio desse tipo, dificilmente se vão aguentar a competir ao mais alto nível e não terão ao seu dispor o melhor material, ou seja, espaço nas melhores equipas. 

A Fórmula 1 pode navegar por águas mais tranquilas em termos financeiros, permitindo toda uma nova dinâmica para pilotos, mas tem de ser ‘alimentada’ com o melhor talento. Juntamente com o facto de parecer ser mais vantajoso apostar em pilotos mais experientes do que em estreantes – que têm cada vez menos tempo dentro de um F1 em pista antes de entrarem na competição a sério – e os pilotos terem uma carreira mais longa do que noutras eras, todo o sistema que permite às equipas procurarem as melhores ‘jóias’ entre os pelotões das séries de formação, está a tremer com altos orçamentos que estrangulam as hipóteses dos jovens pilotos brilharem.

Foto: Mark Thompson/Getty Images/Red Bull Content Pool

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leandro.marques
8 meses atrás

Continuo a defender que deveria ser obrigatório as equipas de F1 terem de ter, pelo menos, uma equipa na F2 e outra na F3. Já que este é o caminho mais fácil de fazer os pontos da super licença embora sejam campeonatos menores do que uma Indy, por exemplo. E já que diminuíram os testes na F1, diminuindo o espaço para jovens irem treinando e se habituando a monolugares completamente diferentes, as sprints não deveriam contar para a pontuação do campeonato das corridas a sério e serem ocupadas por jovens das academias de cada equipa (as equipa poderiam escolher se… Ler mais »

Last edited 8 meses atrás by Leandro Marques
Pity
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Reply to  leandro.marques
8 meses atrás

Pense um bocadinho: as F2 e F3 correm nos mesmos fins de semana que a F1, como é que os pilotos iam conseguir estar a “mudar o chip” duma categoria para a outra, no mesmo dia?
A solução, que acontecerá já no próximo ano, é F2 ter um carro mais próximo dos F1.

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