O que ganha a Red Bull com a permanência da Honda na F1

Por a 7 Fevereiro 2022 18:11

Afinal a Honda não vai abandonar a Fórmula 1, apenas o faz oficialmente, o que tens implicações fortes tanto para o construtor nipónico como para a Red Bull.

Depois de anunciar a sua saída da Fórmula 1 no final de 2021, a Honda voltou atrás com a decisão e vai continuar como fornecedora de motores na F1 por mais alguns anos.

A marca japonesa anunciou que deixaria a categoria máxima em meados de 2020, mas sem uma opção interessante ao seu dispor, a formação de Milton Keynes chegou a um acordo com a Honda para adquirir os direitos de propriedade intelectual das unidades de potência desta para que as pudesse usar até ao final de 2025, entrando no ano seguinte numa nova era de motores com a introdução de um novel regulamento técnico.

Os homens da mais conhecida companhia de bebidas energéticas rapidamente começaram a montar um departamento de motores, criando infraestruturas e contratando massivamente, inclusivamente alguns técnicos à Mercedes, o que enfureceu Toto Wolff.

O plano passava por ser a Honda a preparar as unidades de potência da Red Bull e da Alpha Tauri em 2022 e 2023, passando a Red Bull Powertrains a tomar conta delas até ao final do atual ciclo regulamentar de motores.

Porém, estes planos acabaram por não se verificar e será o construtor japonês a tomar conta das suas unidades de potência até ao final de 2025, não vendendo os direitos de propriedade intelectual à Red Bull, sendo paga por esta para o efeito.

Pode parecer uma alteração de pormenor, mas tem um impacto importante de ambos lados, saindo todos a ganhar.

Do lado da Honda, esta mantém a tecnologia do seu lado sem que alguém lhe pudesse ter acesso.

Os rumores apontam com cada vez maior insistência que a Red Bull chegará a um acordo com a Porsche para a representar a partir de 2026.

Se fosse o braço dos motores da equipa de Milton Keynes a tomar conta das unidades de potência nipónicas de 2024 em diante seria com naturalidade que os alemães, a confirmar-se o seu envolvimento na Fórmula 1, pudessem analisar interessadamente a tecnologia dos V6 turbo híbridos oriundos de Sakura.

Com o mais recente acordo, a Honda controlará totalmente os seus produtos, vedando-os à Porsche ou qualquer outra marca que se alie à Red Bull.

Para além disso, a marca japonesa continua na Fórmula 1, ganhando experiência nas baterias eléctricas num ambiente de grande exigência, uma área da qual os carros de estrada da marca britânica podem beneficiar. Para compor as coisas, a Honda será paga pela Red Bull, o que lhe permite manter-se na categoria máxima do desporto automóvel, sem estar e sem gastar um iene.

Continuar-se-á a falar da Honda, mas sem os custos que normalmente estão associados a uma participação oficial – quem tiver já alguns anos de vida lembrar-se-á dos motores da TAG, que na verdade eram Porsche, vindo muitas vezes a marca alemã à baila.

Do lado da Red Bull, apesar de ter um custo financeiro maior, dar-lhe-á a possibilidade de poder construir o seu departamento de motores sem a pressão de ter tudo em funcionamento já em 2024, tendo até 2026 para que tudo esteja bem oleado e pronto para o novo regulamento técnico para as unidades de potência.

Mas terá ainda outra grande vantagem – será considerada um novo construtor de motores quer tenha uma parceria com uma das marcas do Grupo Volkswagen, sendo a Porsche a mais provável, ou decida construir os seus próprios propulsores.

No próximo ciclo regulamentar de motores haverá diversas limitações no recurso às ferramentas de simulação, à semelhança do que acontece com o desenvolvimento da aerodinâmica, havendo um número de horas máximo de utilização dos bancos de potência.

Porém, para evitar as dificuldades dos novos construtores, como sucedeu com a Honda, que entrou na era turbo híbrida um ano depois das suas adversárias, a FIA e a FOM, com o acordo dos actuais construtores, decidiram dar algumas vantagens a quem entre mais tarde no jogo.

Estas vantagens traduzir-se-ão em mais horas nos bancos de potência, podendo assim ter maior capacidade de desenvolvimento.

Ora, sem que tenha qualquer envolvimento no desenvolvimento e construção das unidades de potência que carregarão o seu nome desde este ano até ao final de 2025, a Red Bull, através do seu departamento de motores, será considerada um novo construtor, beneficiando das benesses conferidas a quem se estreia na categoria máxima como fornecedor de unidades de potência.

Parece um pequeno pormenor, esta alteração na relação entre a Red Bull e a Honda, mas tem um impacto profundo em ambos os lados e deixa a estrutura de bandeira austríaca numa situação mais favorável para o novo ciclo regulamentar de motores.

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