O Altos e baixos do GP da Toscânia Ferrari 1000 de Fórmula 1

Por a 15 Setembro 2020 09:06

Foi a primeira vez que a F1 fez uma visita a Mugello e ainda bem que o fez! Depois de Monza, parece mesmo que Itália ainda tinha mais algo para oferecer, quanto mais não seja, por termos visto a corrida mais louca dos últimos tempos. Desta vez, para o GP da Toscânia, os suspeitos do costume conquistaram os primeiros lugares na grelha de partida e, no 1000º GP disputado pela Ferrari, tivemos duas paragens por bandeira vermelha – algo que não acontecia desde o GP do Brasil de 2016 – e apenas uma das oito voltas iniciais da corrida foram, efetivamente, a correr. Fica aqui o melhor e o pior do GP da Toscânia Ferrari 1000.

Lewis Hamilton

Já nem dá para perceber se é mesmo fácil correr como Lewis Hamilton ou se é ele quem faz com que isto tudo pareça fácil. Há dias em que vemos Hamilton a chegar à vitória sem qualquer ponta de esforço ou brilhantismo. Depois há dias como hoje em que Hamilton, depois de perder a posição para o seu colega de equipa nos momentos iniciais da corrida, levou a questão a peito e, no recomeço, depois da bandeira vermelha, arregaçou as mangas e em menos de uma curva já tinha a questão resolvida para aí ficar até ao final. Mas atenção! Estamos a falar de dois pilotos que, em teoria, têm o mesmo carro e as mesmas armas para vencer corridas. Só que Hamilton é melhor. Hamilton é algo de ‘outro mundo’. E, quer queiramos, quer não, caminha a passos largos para ser o piloto de maior sucesso da história da F1. E sejamos honestos: já ninguém tem a menor dúvida que isso vá acontecer. Vai tornar-se o ‘GOAT’? É esperar para ver. A sua carreira ainda não acabou…

Valtteri Bottas

Tente Bottas o que tentar. Faça ele o que fizer, queira ele o que quiser: bater Lewis Hamilton simplesmente não parece que vá acontecer. Argumentemos que a equipa não quer prejudicar Hamilton em benefício de Bottas, mas sejamos realistas e digamos que Bottas não é feito da mesma fibra que o britânico e isso é evidente a cada GP que passa. Bottas vence ocasionalmente e quando o faz, é num dia menos bom para Hamilton. É verdade que não teve sorte na qualificação, mas nesta corrida também teve oportunidade de manter a liderança depois do primeiro período de bandeira vermelha e não foi capaz de suportar o primeiro ataque do seu colega de equipa. Depois, tentou correr atrás do prejuízo, tentou fazer-se valer de um “undercut” apenas para a sua estratégia ser replicada por Hamilton e obliterar todas as hipóteses do finlandês lucrar. Claro que seria incrível vermos uma luta na Mercedes como vimos em 2016, mas para isso muita coisa teria de mudar e, especialmente, Bottas teria de mudar. Num universo paralelo em que Hamilton não existisse, Bottas seria o campeão indiscutível. Mas é neste universo que estamos e, este, pertence a Lewis Hamilton.

Alexander Albon

Foi uma corrida discreta de Alex Albon, mas a verdade é que é ele quem leva o pódio e, mais uma vez, Verstappen só o vê pela televisão. Mas também é verdade que Albon só conquistou a posição que Verstappen perdeu e, como muitos hão-de dizer, o que importa, muitas vezes, numa corrida é acabá-la. E nisso Albon prova ser mais consistente que o holandês. É pena que apenas acabar corridas não valha um belo punhado de pontos, mas consistência vale de muito e disso, Albon tem a rodos. Porque quando Verstappen falha (não foi o caso de falhar, alguém ‘falhou’ por ele), é bom ter alguém com quem contar e, excluindo raras ocasiões, Albon consegue fazer-se valer quando nada mais parece brilhar para a Red Bull. Haverá mais outra razão para merecer um lugar ao lado de Verstappen?

Daniel Ricciardo

Foi um dos vencedores silenciosos do GP da Toscânia. No meio de todo o caos inicial, Ricciardo conseguiu ir ganhando posições e com uma estratégia perfeitamente ajustada chegou à última paragem da corrida na 3ª posição com tudo a ganhar ou a perder. Chegou mesmo a estar no 2º lugar depois do recomeço da corrida, mas a potência do Mercedes de Valtteri Bottas fez-se valer para voltar a relegar Ricciardo para a 3ª posição. Mas Alex Albon pareceu não querer que Cyril Abiteboul seja obrigado a fazer uma tatuagem e, roubou aquilo que seria um pódio quase perfeito para o australiano. Nada falta a Ricciardo para lá chegar, mas parece que aquilo que distingue uma grande equipa de uma equipa medíocre tem faltado à Renault. Cá estaremos para ver o que Ricciardo conseguirá fazer com um McLaren.

Max Verstappen

É daquelas coisas que mesmo que queiramos que tudo corra bem, nada vale. Um arranque relâmpago de Verstappen fez com que o holandês se colocasse em posição de ataque a Valtteri Bottas, mas, mais uma vez, um problema na unidade motriz do RB16 fez com que Verstappen caísse várias posições sem que nada pudesse fazer para o evitar. Como se não bastasse, um tremendo exagero de Gasly criou uma reação em cadeia que levou “Super Max” a ser um mero passageiro num acidente que o deixou preso na gravilha. E assim, em apenas duas semanas, as esperanças de um 2º lugar no campeonato de pilotos tornam-se cada vez mais diminutas. É uma história, curta? É, mas não há muito mais a acrescentar.

Pierre Gasly

Se era preciso alguma prova de que aquilo que F1 dá, tira tão facilmente, falemos com Pierre Gasly. Depois de um tremendo brilharete em Monza, Gasly chegou a Mugello com esperanças de repetir a proeza, ou pelo menos voltar a impressionar. E o facto é que impressionou. Da pior maneira, mas impressionou. Uma terrível sessão de qualificação fez com que o francês partisse da 16ª posição e, com uma tremenda vontade pouco fundamentada, exagerou e tentou levar tudo à frente na primeira volta da corrida. E não só tentou, como levou. Exagerou, bateu em Kimi Räikkönen, que bateu em Verstappen e imediatamente o Safety Car saiu para a pista, com Gasly e Verstappen fora da corrida. Se há formas de impressionar, esta não é uma delas. Christian Horner que o diga.

Carlos Sainz

Depois do início da corrida, chegamos a pensar que o pior que poderia acontecer a Carlos Sainz seria o seu quase despiste na 1ª volta. Pensamos errado, claro. No recomeço da corrida, depois do Safety Car pelo incidente de Max Verstappen e Pierre Gasly, Valtteri Bottas comandava o pelotão e mantinha uma passada lenta na tentativa de controlar o arranque e preservar a sua liderança, o que não foi percetível para os pilotos que chefiavam a retaguarda da corrida, tendo estes arrancado rápido quando os líderes ainda mantinham uma passada mais lenta e o caos instalou-se. Giovinazzi enfaixou-se na traseira de Magnussen, Sainz ‘engoliu’ a traseira de Giovinazzi e Latifi acabou também por ser implicado neste incidente. Resumo da história: DNF para Sainz, depois do melhor resultado da sua carreira. Gasly conhece a sensação.

Charles Leclerc

Chegou a estar em 3º lugar. 3º! Mas sejamos minimamente realistas. Este ano qualquer monolugar da Ferrari não pertence num lugar no top 3. Nem no top 5. Com muita sorte, talvez um top 10. Isto porque há outras equipas que usam uma unidade de potência Ferrari e seria quase blasfémia posicionarem-se à frente da Scuderia. Já aconteceu, e foi vergonhoso, só. Mas Leclerc é um daqueles pilotos que ainda não percebeu que, dentro da Ferrari, quem percebe da poda são os pilotos, muito à semelhança daquilo que Vettel tem tentado fazer. Ouviu no rádio que o melhor seria o plano C e assim foi. Parou à volta 23 para pneus duros e muito basicamente arruinou a sua corrida daí para a frente, quando já tinha caído para a 7ª posição. Claro que o último período de paragem da corrida não ajudou, mas como poderíamos esperar que ajudasse quando uma equipa não consegue ajudar-se a si própria?

George Russell

Quase rejubilámos. Quase festejamos, gritamos e fizemos todos uma vénia a George Russell pelo seu primeiro ponto na F1. Ponto que foi roubado por Sebastian Vettel que tem já pontos que abundam e que, muito honestamente, este não lhe fará diferença alguma. Claro, é bom ver ambos os Ferrari a pontuar no 1000º GP disputado pela Scuderia, mas uma grande maioria gostaria de ver todo o esforço e dedicação de Russell a serem finalmente recompensados. Com muita pena não foi desta, mas havemos de ver Russell a brilhar ainda mais do que aquilo que temos visto até hoje. Alguém que o deixe coxo e ele conseguirá bater o seu colega de equipa na qualificação. Alguém que lhe dê um carro competitivo e toda a grelha que se cuide. Russell está aqui para chegar ao topo, e ninguém mais duvida que o rapaz consiga. Vamos só dar tempo ao que tem de ser dado e esperar que o este nos dê razão.

Nuno Freitas Faria

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alexname
alexname
3 anos atrás

Excelente artigo!
So nao percebi porque no inicio diz ‘por Jose Luis Abreu’ e no fim vem assinado por Nuno Freitas Faria!

Last edited 3 anos atrás by [email protected]
831ABO
831ABO
Reply to  alexname
3 anos atrás

Achou isto «excelente»? Além de ser um compêndio de banalidades, de não se saber quem é ao certo o autor e das vírgulas usadas sem critério, o artigo contém erros de apreciação – o Pierre Gasly foi ensanduichado por dois pilotos sem culpa nenhuma e o Alex Albon é tudo menos consistente -, ainda manifesta aquele ressentimento ridículo contra o Vettel no último parágrafo. Digamos que já li melhor por aqui. Também não entendi qual foi o critério para escolher os pilotos que foram assunto do artigo. Não foi o dos pilotos que pontuaram, nem foi uma apreciação de todos… Ler mais »

no-team
Reply to  831ABO
3 anos atrás

Para interpretar aquele último parágrafo como ressentimento ridículo contra o Vettel tem mesmo de ser muito morcão. Eu diria que o você tem uma série de obsessões ridículas à volta do Vettel. Os ódios mesquinhos contra o Leclerc e contra o Ricciardo são a clara prova disso mesmo.

831ABO
831ABO
Reply to  no-team
3 anos atrás

Lá vem a anormal…

no-team
Reply to  831ABO
3 anos atrás

Mas como Ferrarista que é, diga-me lá! Vai torcer pelo Leclerc, pelo Sainz ou pela Aston Martin em 2021?

Last edited 3 anos atrás by NOTEAM
alexname
alexname
Reply to  831ABO
3 anos atrás

É um artigo que considerei de opinião e foi neste contexto que o classifiquei de excelente. Como é óbvio há alguns pontos que você aborda e que também eu, tal como você, não concordo mas, essa é a minha opinião é não a de quem escreveu. A isto eu chamo respeito pelo outro. Também acho que a forma de escrever, algo coloquial é divertida, o que aprecio. Daí mais uma razão para ter gostado.

*RPMS*™
Reply to  831ABO
3 anos atrás

Forista ABO, essa ideia de que há uma “cabala” do AutoSport e de todos os seus jornalistas contra o Vettel também já cansa.
Já li aqui muitos artigos generosos com o piloto alemão, e também já li muitos artigos não tão generosos acerca de muitos outros pilotos. Você, infelizmente, encaixou essa ideia na sua cabeça…
“Quem anda sempre com um martelo na mão, tudo lhe parece um prego!”

Cumprimentos

Scb2
Scb2
3 anos atrás

Ora bem o Sainz esteve mal pk apanha um acidente à frente e não pode fazer nada. O Gasly é ensanduichado e esteve mal. O Leclerc é mau pk tem o pior motor da grelha (ele é projectista em Maranello durante a semana).

Já o Russel que deixa um espaço enorme para travar de repente e causar o enorme acidente que vimos, é espetacular, merecia um ponto, oh Vettel por favor dá um pontinho vá lá.
Isto é jornalismo ou um texto de um fan boy?

831ABO
831ABO
Reply to  Scb2
3 anos atrás

Um texto de um fanboy.

no-team
Reply to  Scb2
3 anos atrás

O artigo diz que o Sainz esteve mal onde? Que o Gasly esteve mal onde? Que o Leclerc é mau onde? As suas críticas ao artigo caem em saco roto, porque por alguma razão estranha entendeu tudo ao contrário. Do que li do seu comentário, sei que não é jornalista, eu apostava em “fanboy”.

Scb2
Scb2
Reply to  no-team
3 anos atrás

Abre os olhos e lê

no-team
Reply to  Scb2
3 anos atrás

Não consigo perceber se está a ser irónico ou se é burro. Peço desculpa se não encontrei ironia no seu comentário.

Scb2
Scb2
Reply to  no-team
3 anos atrás

Estás te a ver ao espelho só podes

Honda Power
Honda Power
3 anos atrás

“Alexander Albon…
Foi uma corrida discreta”, “Daniel Ricciardo…
Foi um dos vencedores silenciosos”… vá lá uma pessoa entender isto…

no-team
Reply to  Honda Power
3 anos atrás

Entende-se e eu explico-lhe porquê. O Albon largou de 5º e terminou em 3º, o Ricciardo arrancou de 8º e terminou em 4º, sendo ultrapassado pelo Albon já bem perto do final da corrida. Acho que podemos concordar que o RB era mais eficiente que o Renault certo? Então porque é que o Albon não esteve na luta pela vitória ou pelo menos em posição de pódio durante toda quase toda a corrida? Em vez disso, assegurou o pódio já bem perto do final? Em primeiro lugar o arranque. O Albon perdeu um lugar para o Leclerc no arranque, acabando… Ler mais »

Pity
Pity
Reply to  no-team
3 anos atrás

O Albon largou de 4º

no-team
Reply to  Pity
3 anos atrás

Erro meu. Tem toda a razão, arrancou em 4º. Apesar de ter perdido posição no arranque para o Leclerc, acabou por manter-se em 4º devido aos problemas mecânicos que afectaram o Max.

alexname
alexname
Reply to  no-team
3 anos atrás

Bom comentário!

Honda Power
Honda Power
Reply to  no-team
3 anos atrás

O amigo escreveu isso tudo do Albon… e ainda diz que teve uma corrida discreta… fará se não fosse, ainda estava a escrever.

garantia4
garantia4
3 anos atrás

Artigo de opinião em que é analisada livremente a corrida de alguns pilotos escolhidos. E escolhendo também um deles, o Leclerq , há que dizer q a redacção é equívoca. “Com muita sorte, talvez um top 10”, o que se quer dizer com isto? Que pode estar fora do top 10, por exemplo? E depois lá vem a habitual boa disposiçao e a bonomia dos jornalistas quando falam da Ferrari, na verdade querendo ridicularizar a marca, como esta historieta da blasfémia que dá a ideia que estao a falar de pacóvios e labregos pertencentes a um mundo medieval cheio de… Ler mais »

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