Lembra-se de: Quando Barrichello deixou a F1 em ‘polvorosa’…

Por a 12 Janeiro 2023 09:26

Foi precisamente há 15 anos que Rubens Barrichello falou pela primeira vez em termos públicos relativamente à vergonha que se passou no GP da Áustria de 2002. Depois de vários anos em que ninguém lhe ouviu nada sobre o assunto, em 2008, o brasileiro, abriu o livro, numa entrevista à TV Globo. Recordemos o que disse, através do que o AutoSport escreveu na altura: “Rubens Barrichello acusou Jean Todt e a Ferrari de o terem ameaçado com o despedimento imediato durante o GP da Áustria de 2002, onde o brasileiro liderou toda a prova para deixar Michael Schumacher vencer, ao abrandar já na reta da meta, a dezenas de metros do final da corrida.

O paulista proferiu essas declarações num programa da TV Globo, provocando um pequeno terramoto no mundo da Fórmula 1 e reações muito evasivas tanto da Ferrari como de Michael Schumacher.

Como os leitores do AutoSport estarão recordados, Barrichello já tivera de ceder o segundo lugar a Schumacher na mesma pista em 2001, quando ambos seguiram Coulthard até à última curva e, depois, o brasileiro abrandou para que Schumacher ganhasse dois pontos suplementares, mas em 2002 ninguém podia combater a superioridade da Ferrari nas pistas e, com Barrichello longe do alemão na tabela classificativa, esperava-se que – com ainda dez provas por disputar – a Scuderia não impusesse ordens de equipa.

A maior vaia de sempre Mas foi isso que aconteceu, levando o público austríaco a dar a maior vaia de sempre a um vencedor de um Grande Prémio, ao ponto de Schumacher se ter sentido constrangido a fazer subir Barrichello ao lugar mais alto do pódio, escutando o hino alemão a partir do degrau destinado ao segundo colocado. Um procedimento que valeu uma multa de um milhão de dólares à Ferrari e aos seus pilotos e levou à introdução duma norma no regulamento desportivo que passou a proibir as ordens de equipa.

Até agora Barrichello nunca revelara exatamente o que se passara naquele dia, mas sentindo que os seus dias na Fórmula 1 estão a chegar ao fim o brasileiro decidiu contar o que aconteceu no A1-Ring: «A dez voltas do fim começaram a mandar-me deixar passar o Michael Schumacher, “por causa do campeonato”, segundo me diziam, mas eu fui argumentando que ele tinha uma liderança enorme e não necessitava de ajudas para ser Campeão. Mas as ordens por rádio foram aumentando de intensidade, até que o Jean Todt começou a falar diretamente comigo, sobrepondo-se ao Ross Brawn. Continuei a pedir para me deixarem ganhar, pois tinha tido um início de Mundial muito azarado e uma vitória era mesmo o que eu precisava, mas ele continuou a mandar-me deixar o Michael passar. Nas últimas duas voltas ele mudou de discurso e disse-me claramente “pensa bem no teu contrato, pensa bem no teu futuro”, o que eu entendi como uma ameaça direta de despedimento.

Eu tinha acabado de assinar um novo contrato com a Ferrari até ao final de 2004 e agora estava a ser ameaçado de despedimento imediato. Foi por isso que levantei o pé e deixei o Schumacher passar.»

Ferrari questionada

Como é evidente a Ferrari foi imediatamente questionada sobre esta versão dos factos, com um seu porta-voz a limitar-se a dizer que, «quando se fizer a história, toda a verdade virá ao de cima», o que quer dizer que a Scuderia não desmentiu Barrichello. Já Michael Schumacher, também através da sua porta-voz, disse somente que «ninguém fica mais lento por causa dum contrato, pois se fores mais rápido não é um contrato que te vai abrandar.» Interessante é o facto de Barrichello e Schumacher terem estado neste fim-de-semana, no mesmo evento no Brasil, uma corrida karting organizada por Felipe Massa, competindo por equipas diferentes. Mas como os dois homens há muito que se deixaram de relacionar, não se esperam desenvolvimentos em relação a esta nova polémica.

Subscribe
Notify of
1 Comentário
Inline Feedbacks
View all comments
Scirocco
Scirocco
1 ano atrás

Provávelmente das situações mais vergonhosas da F1. As ordens de equipa fazem sentido existirem quando são para o bem comum. Neste caso era uma completa subjugação ao MS, em que o 2º piloto era apenas um moço de fretes. Jean Todt levou a sua autoridade como director de equipa a niveis autoritários que, quanto a mim, não deveriam ter lugar na F1. Foram aliás atitudes destas que levou muita gente (eu incluido) a não ter grande consideração pelo MS, apesar do seu extraordinário talento como piloto

últimas AutoSport Histórico
últimas Autosport
autosport-historico
últimas Automais
autosport-historico
Ativar notificações? Sim Não, obrigado