F1, HISTÓRIA do GP de San Marino (1981-95/1997-2006)…antes ‘da’ Emiglia Romana

Por a 12 Dezembro 2022 13:58

Imola acolheu pela primeira vez uma prova extra campeonato de F1 em 1963, mas seria preciso alguma ‘politização’ com Monza em 1980 antes de a pista receber a honra de acolher o Grande Prémio de Itália pela primeira vez nesse ano. A partir de 1981, as duas pistas coexistiram em perfeita harmonia no calendário, com Imola a assumir o seu famoso título de ‘San Marino’, e passando a receber um total de 27 Grandes Prémios até 2006. Voltou como Grande Prémio Emilia Romagna em 2020. Conheça a história até 2006…

Se houve um Grande Prémio maldito, ele foi sem dúvida o de San Marino. Nascido em 1981, recebendo nesse ano o nome da pequena república incrustada em plena bota italiana, porque era a segunda corrida (a outra era, claro, o GP de Itália, em Monza) a ter lugar naquele país – e, como tal, tinha que ter o nome do território independente cuja fronteira estivesse mais perto do circuito – teve sempre lugar na pista bolonhesa de Imola (uma das mais antigas em Itália, construída a partir de 1950 e que teve a sua primeira corrida de automóveis em 1954) e correndo-se no sentido contrário ao dos ponteiros dos relógios.

A razão desta maldição é por demais conhecida. Mas, tirando isso, pode dizer-se que o GP de San Marino viveu duas fases: antes e após 1 de maio de 1994. Antes disso, caraterizava-se pela enorme rapidez da pista de Imola, com grandes retas de velocidade elevada, entrecortadas por chicanes (Variante Alta e Bassa e Acque Minerali) mais ou menos rápidas, mas onde se chegava sempre muito depressa.

No entanto, particularmente empenhativa era a curva de Tamburello e a zona antes das curvas Villeneuve e Tosa, que se fazia sempre de pé em baixo, a mais de 280 km/h – e onde, antes de Ayrton Senna, outros pilotos protagonizaram momentos de pânico, na sequência de embates violentíssimos, como foram os casos de Nelson Piquet (1987) e de Gerhard Berger (1989), com este a dever a vida à rápida reação dos socorros, pois o Ferrari rapidamente ficou envolto em chamas… Porém, e para lá disto, o GP de San Marino ficou marcado por uma situação menos vulgar na F1 – foi palco da primeira greve das equipas, com as ligadas à FOCA (os construtores) a boicotarem a prova! Em consequência disso, somente 14 carros alinharam e, após o abandono dos dois Renault (Alain Prost e René Arnoux), os dois Ferrari não tiveram adversários à altura e dominaram os acontecimentos, com uma ‘dobradinha’. Mas, contudo, este foi um resultado amargo para a ‘Scuderia’, pois significou o corte de relações entre os seus dois pilotos, que nunca mais se dirigiram a palavra. Isolados na frente, a Ferrari deu ordens aos dois pilotos – Villeneuve e Pironi, que rodavam por esta ordem – para refrearem o andamento, por forma a não terem problemas mecânicos. Mas, enquanto o canadiano pensou que a ordem de andamento era para manter, o francês acreditou que a corrida estava aberta e passou Villeneuve. Este, recuperado da surpresa, ainda tentou reganhar a liderança, mas teve que se contentar com o 2º lugar, considerando o sucedido como uma traição do seu amigo Pironi e, portanto, decidindo nunca mais lhe falar. Duas semanas mais tarde, morreu nos treinos para o GP da Bélgica, em Zolder…

Michael Schumacher foi o piloto que mais vezes triunfou no GP de San Marino (sete: 1994, 1999, 2000, 2002 a 2004 e 2006) e a Ferrari foi a marca que mais vezes ganhou (8).

O dia 1 de maio de 1994: quando a F1 mudou

Pode parecer recorrente, escolher como destaque do GP de San Marino a edição em que morreram Roland Ratzenberger e Ayrton Senna. Mas o certo e que, se quisermos ser sinceros, depois disso a F1 nunca mais foi a mesma. Ou seja, há uma F1 ‘Antes de Senna’ e ‘Depois de Senna’. E não apenas em questões de segurança, mas principalmente no que respeito diz ao espetáculo que pouco a pouco foi desaparecendo, para dar lugar à atual F1.

O fim-de-semana fatídico começou, mal, logo na sexta-feira. Na primeira sessão de qualificação (nessa altura existia uma sessão na sexta-feira e outra no sábado), Rubens Barrichello abordou depressa demais (em cerca de 20 km/h) a Variante Bassa, a cerca de 245 km/h. O Jordan levantou voo num corretor e foi atirado contra o topo das barreiras de pneus, imobilizando-se de rodas para o ar, após duas cambalhotas.

Inconsciente desde o primeiro embate, o piloto foi primeiro tratado no local e depois transportado para o hospital de Bolonha, onde passou a noite, regressando ao circuito no dia seguinte, mas sem autorização para correr.

A tragédia continuou no sábado: a vinte minutos do final da segunda qualificação, o austríaco Roland Ratzenberger (Simtek) falhou a curva Villeneuve e embateu com violência no juro de cimento, morrendo de imediato, com fratura da base do pescoço. O acidente foi provocado pela quebra de um apêndice aerodinâmico dianteiro, danificado numa saída em Acque Minerali, na volta anterior; Ratzenberger seguia a 305 km/h quando isso sucedeu.

No domingo, o GP iniciou-se sob um manto de tristeza. Na largada, JJ Lehto ficou parado na grelha e sofreu o embate, por trás, do Lotus de Pedro Lamy. Os destroços voaram para as bancadas e feriram, com mais ou menos gravidade, nove espetadores. A corrida continuou atrás do “safety car” e, quando este se retirou, seis voltas depois, Ayrton Senna, que seguia na frente, saiu para a direita em Tamburello, batendo forte no muro, com a parte direita do Williams.

Uma peça da suspensão penetrou na junção da viseira do seu capacete, alojando-se no cérebro e provocando a morte no local do piloto – embora ela apenas tenha sido declarada horas mais tarde, no hospital de Bolonha. Nunca se soube muito bem o que causou o despiste, quando o carro seguia a 306 km/h (Senna travou forte e acertou no muro a 211 km/h), mas acredita-se que terá sido uma quebra da coluna da direção.

A prova foi logo interrompida, com bandeira vermelha, sendo reatada 37 minutos após o acidente. Michael Schumacher foi o vencedor e ainda está na nossa memória as celebrações do piloto da Benetton, justificando-as mais tarde por desconhecer o estado de Senna… Seja como for, ainda antes do pesadelo em que se tornou o GP de San Marino terminar, na volta 48, durante a sua paragem nas boxes, saltou a roda traseira direita do Minardi de Michele Alboreto, quando este já ía em direção à pista, colhendo dois mecânicos da Ferrari e outros dois da Lotus, que necessitaram de tratamento hospitalar.

Em jeito de conclusão, com um saldo de dois pilotos mortos e um ferido, bem como nove espetadores e quatro mecânicos, este GP de San

Marino foi uma das mais trágicas corridas de F1 da História. E mudou a face da F1 para sempre…

Palmarés

1981 – Nelson Piquet (Brabham/Ford)

1982 – Didier Pironi (Ferrari)

1983 – Patrick Tambay (Ferrari)

1984 – Alain Prost (McLaren/TAG Porsche)

1985 – Elio de Angelis (Lotus/Renault)

1986 – Alain Prost (McLaren/TAG Porsche)

1987 – Nigel Mansell (Williams/Honda)

1988 – Ayrton Senna (McLaren/Honda)

1989 – Ayrton Senna (McLaren/Honda)

1990 – Riccardo Patrese (Williams/Renault)

1991 – Ayrton Senna (McLaren/Honda)

1992 – Nigel Mansell (Williams/Renault)

1993 – Alain Prost (Williams/Renault)

1994 – Michael Schumacher (Benetton/Ford)

1995 – Damon Hill (Williams/Renault)

1997 – Damon Hill (Williams/Renault)

1998 – David Coulthard (McLaren/Mercedes)

1999 – Michael Schumacher (Ferrari)

2000 – Michael Schumacher (Ferrari)

2001 – Ralf Schumacher (Williams/BMW)

2002 – Michael Schumacher (Ferrari)

2003 – Michael Schumacher (Ferrari)

2004 – Michael Schumacher (Ferrari)

2005 – Fernando Alonso (Renault)

2006 – Michael Schumacher (Ferrari)

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