GP Rússia F1: Notas AutoSport (Parte I)

Por a 1 Outubro 2018 15:59

A Rússia recebeu pela quinta vez a Fórmula 1, em Sochi, uma pista que tem sido um bom refúgio para a Mercedes. Este ano não foi excepção à regra, mas a vitória dos Flechas de Prata teve um sabor agridoce. Quanto à Ferrari, tiveram  mais um fim de semana difícil e viu a Mercedes ser melhor em toda a linha. Verstappen teve direito a uma boa prenda de anos.

 

Mercedes – Uma vitória com sorrisos amarelos

Ordens de equipa. São um pouco como os impostos: Ninguém gosta, muitos duvidam da forma como são aplicados  e a unanimidade em torno do assunto está longe de ser atingida. Mas apesar de tudo, existem, já existiam no passado e existirão sempre. Bottas pode olhar para 2018 como uma espécie de Annus horribilis  com uma acumulação de azares que por vezes parece exagerada. O finlandês já podia ter pelo menos duas vitórias em seu nome (Baku e Red Bull Ring), mas o destino assim não quis e o  tímido piloto da Mercedes ficou de fora a lamentar a sua sorte. Em Sochi, Bottas transforma-se e torna-se praticamente imbatível. Foi no traçado russo que conseguiu a primeira vitória da sua carreira e é uma das pista onde claramente se dá melhor. E o fim de semana mostrava que a tendência se poderia repetir. A Mercedes apareceu claramente mais forte que a concorrência, e na qualificação Bottas conseguiu superar Hamilton. Na corrida largou melhor e estava bem encaminhado para conquistar finalmente a vitória, mas eis que surge Verstappen, que ainda não tinha parado e que começou a atrasar Bottas e Hamilton. Vettel aproximou-se do duo da Mercedes e a equipa temeu o pior, usando medidas drásticas para evitar dissabores… Pediu para Bottas deixar passar Hamilton. Depois desta troca ficou claro que a Mercedes não iria repetir a manobra até por que Vettel nunca deixou de “apertar” e não deu espaço para tal. Hamilton mostrou que estava rápido (talvez ligeiramente mais rápido que Bottas até) mas não festejou a vitória, e a Mercedes também não festejou. Todos sabiam que tinham tirado a Bottas, provavelmente o melhor “team player” do grid, o prémio merecido. Hamilton quis até dar-lhe a taça de primeiro lugar mas Bottas recusou. Bottas fez tudo bem, é o “vencedor moral” da prova e não pode ser criticado por ter obedecido a uma ordem directa. Hamilton foi rápido, fez o que lhe era exigido e venceu a prova alargando a vantagem para 50 pontos. A equipa também tomou a decisão que achou mais correcta. Aproveitou o facto de estar mais forte, para dar as melhores opções ao candidato ao título e assim aumentaram a vantagem para 50 pontos, um número confortável. Foi uma decisão difícil, mas se por acaso o motor Mercedes decidir ceder nas últimas provas ou se Hamilton tiver um azar, todos olharão para esta decisão como a correcta. A mesma decisão que a Ferrari não tomou em Monza e que custou caro.

 

Valtteri Bottas: Nota 9

Lewis Hamilton: Nota 8

Mercedes: Nota 9

 

Ferrari – A esperança esfuma-se a cada GP

A distância de Vettel para Hamilton no regresso depois da pausa de verão era de 17 pontos. Em quatro corridas esta vantagem dilatou-se significativamente e Hamilton tem agora uma almofada de 50 pontos para o alemão.  Vettel não desiste e acredita até ao fim mas será difícil tirar o “caneco” a Hamilton. 2018, mais que 2017, será uma oportunidade desperdiçada por parte da Scudeira. Durante grande parte da época tiveram a máquina mais forte, mas sempre por culpa própria, foram desperdiçando oportunidades de ouro. E mais uma vez depois da pausa de verão perderam o comboio do título de forma quase incompreensível. Decisões erradas, estratégias mal gizadas, erros de Vettel… tudo contribuiu para  esta situação.  Na Rússia a Ferrari trouxe um pacote de melhorias que não trouxe os resultados desejados. A Mercedes foi claramente mais forte e isso notou-se pela forma como Hamilton passou por Vettel e alargou a vantagem para o alemão. Vettel lutou como pôde mas não teve argumentos para mais. Aquele ligeiro erro antes da ultrapassagens de Hamilton pode ter sido a causa da vantagem do britânico mas claramente que os Mercedes tinham algo mais em relação ao monolugares vermelhos. Já Kimi Raikkonen foi um actor secundário neste filme. Longe do andamento dos Mercedes, também não conseguiu igualar Vettel e ficou assim na quarta posição numa corrida onde raramente se viu. 2018 tem sido recheado de surpresas mas a surpresa da recuperação da Ferrari, embora possível, parece cada vez menos provável, até pela sucessão de pequenos erros, que por si não têm importância mas que no conjunto vão tirando confiança à equipa. A estratégia aplicada para Vettel foi até a correcta mas faltou um pouco mais de andamento para ficar à frente de Hamilton.

Sebastian Vettel: Nota 8

Kimi Raikkonen: Nota 6

Ferrari: Nota 7

 

Red Bull – Verstappen dá-te asas

Max Verstappen foi provavelmente o melhor piloto da prova russa ( a par de Leclerc). O holandês  voltou a mostrar que tem os ingredientes todos para ser campeão e numa entrevista admitiu o seu ambicioso plano de ser tetra-campeão nos próximos nove anos. Um rapaz com ideias fixas. Tratou de justificar a sua ambição com mais uma prestação e grande nível, especialmente nas primeiras voltas da prova em que, largando do 19º lugar, conseguiu subir até quinto,  em oito voltas! Foi como faca quente em manteiga, com ultrapassagens para todos os gostos. Muitas foram facilitadas pois os pilotos do “campeonato B” tendencialmente não perdem muito tempo com “os grandes”, mas ainda assim a recuperação merece destaque. Depois a partir daí foi gerir os pneus para conseguir o ataque final nas últimas voltas e quem sabe tentar um pódio. Max fez render os macios de forma soberba e no final do seu stint fazia os melhores tempos da corrida. A pouco menos de dez voltas do fim trocou para os ultra-macios, mas não conseguiu colocar o mesmo ritmo e teve de se contentar com um quinto posto, o objectivo traçado. Mais uma exibição fantástica que confirma a evolução do piloto em 2018. Já Ricciardo fez também o que lhe competia e chegou ao sexto lugar. Teve um mau arranque e um toque num adversário comprometeu o ritmo do australiano, pois os danos na asa dianteira levaram a uma perda significativa de apoio aerodinâmico, de tal forma que mesmo no final da prova, aquando do seu único “pit stop”, trocou de asa. Mais uma prova discreta do sorridente piloto que voltou a ter o azar como companhia. Verstappen foi a estrela mas Ricciardo ficou impedido de fazer igual ao seu colega. Ainda assim subiu paulatinamente até ao sexto lugar, o melhor resultado possível.

Max Verstappen: Nota 10

Daniel Ricciardo: Nota 8

Red Bull: Nota 9

 

Sauber – Leclerc voltou a fazer magia

A notícia da sua ida para a Ferrari fez bem ao jovem. Ao invés de se atemorizar com a atenção a que passou a estar sujeito, Charles Leclerc subiu o seu nível e pontuou em Singapura e agora na Rússia. Em Sochi fez uma qualificação espantosa, alicerçada  na boa evolução da Sauber (novo fundo plano está a trazer bons resultados) que colocou dois carros na Q3. Mas na corrida Leclerc foi novamente brilhante, passou por Magnussen com classe. Fez uma corrida muito sólida sem concorrência à altura ( e sem capacidade para chegar aos “grandes”). Leclerc leva para casa o prémio de melhor do “Campeonato B”, o que olhando para a Sauber há um ano atrás é um feito tremendo e pode ser considerado uma vitória. Ericsson mostrou porque está de saída da F1… teve uma qualificação positiva, mas um toque no arranque complicou a vida ao sueco. Não esteve particularmente mal, mas não tem recursos para fazer melhor. Mais uma excelente prestação da Sauber que parece ter capacidade para fazer um bom final de época, estando apenas a 2 pontos da Toro Rosso

 

Charles Leclerc: Nota 10

Marcus Ericsson: Nota 6

Sauber: Nota 8

 

Haas – Magnussen volta aos pontos

Depois de duas corridas consecutivas fora do top 10 o dinamarquês voltou ao serviço do costume. Excelente na qualificação, tem como única mancha na corrida não ter segurado Leclerc. De resto fez uma prova “à Magnussen”: bom ritmo, agressivo na defesa do seu lugar (Ocon e Pérez que o digam) e eficiente. Mais uma boa prestação do dinamarquês que foi confirmado como piloto Haas para 2019, tal como Grosjean, que não conseguiu acabar nos pontos. O ritmo não foi mau mas ficou dois lugares abaixo do que conseguiu na qualificação… os lugares que os Red Bull “roubaram”.

Kevin Magnussen: Nota 8

Romain Grosjean: Nota 6

Haas: Nota 7

 

 

Continua

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