GP Hungria F1: McLaren, de segundo pior a segundo melhor

Por a 24 Julho 2023 17:25

O domínio da Red Bull e de Max Verstappen é avassalador, mas atrás dele existe um enorme equilíbrio, o que leva a que o Segundo Pelotão vá desde a McLaren até à Williams, impondo-se neste grupo a equipa que menos erros comete e que tem um carro que melhor se adapta às características de um dado circuito. No Grande Prémio da Hungria foi Lando Norris o triunfador e poderá estar a marcar uma nova tendência.

FOTOS Martin Trenkler e Oficiais

Ao longo da temporada já se viu a Williams, a Alpine e até a Alfa Romeo a incomodar a Mercedes, Ferrari, Aston Martin, as estruturas que iniciaram a temporada como as candidatas a assegurar o papel de perseguidora à Red Bull, evidenciando a proximidade que existe atrás da formação de Milton Keynes.

Em Hungaroring, a Mercedes surpreendeu na qualificação, tendo Lewis Hamilton assegurado a pole-position ao bater Verstappen por três milésimos de segundo.

Lando Norris não ficou longe, no terceiro posto, confirmando a subida de forma da McLaren iniciada em Spielberg e prosseguida em Silverstone, com Oscar Piastri logo atrás.

As grandes desilusões foram a Ferrari e a Aston Martin, que chegavam a um traçado que, aparentemente, tinhas a características que os respetivos carros gostam.

A equipa italiana esperava poder lutar pela pole-position, mas viu Carlos Sainz a ficar na Q2, ao passo que Charles Leclerc não conseguiu melhor que o sexto posto, sofrendo a ignominia de se ver batido por Guanyu Zhou, aos comandos de um Alfa Romeo que tem uma unidade de potência de Maranello.

Os Ferrari tinham dificuldades em gerir as temperaturas dos pneus traseiros, chegando ao final da volta com as borrachas demasiado quentes para permitir aos seus pilotos realizassem os tempos que ambicionavam.

Já os carros que defendem as cores da marca de Arese, com uma distância entre eixo reduzida num circuito que não exige muito da eficiência aerodinâmica, estiveram rapidíssimos, tendo Valtteri Bottas secundado o seu colega de equipa ao registar o sétimo crono.

Uma vez mais, era evidente que basta que uma equipa coloque o seu monolugar na janela correcta de funcionamento para conseguir subir na tabela de tempos.

Já a Aston Martin voltava a ser bafejada pela frustração com Fernando Alonso apenas oitavo à frente de um desapontante Sergio Pérez, que sofria mais que Verstappen com a afinação da Red Bull que privilegiava a corrida, e de Nico Hulkenberg, que voltava a fazer milagres com o Haas, colocando-o no décimo posto.

O carro de Silverstone não padecia de um problema em concreto, apenas não era suficientemente rápido para que Alonso conseguisse chegar-se aos lugares da frente, ao passo que Lance Stroll não ia além de décimo quarto.

Este era o cenário para a corrida de domingo, havendo até a esperança que Hamilton e os McLaren pudessem ser ameaças a Verstappen. Estas esfumaram-se rapidamente, em poucos metros, e o interesse passou a ser quem poderia impor-se atrás do neerlandês.

O inglês da Mercedes caía para quarto no arranque, com o piloto da Red Bull a assegurar o comando a caminho de mais uma vitória, ao passo que Piastri assumia o segundo posto seguido do seu colega de equipa.

Estes pilotos ficaram juntos até à primeira ronda de paragens nas boxes, mas foi então que a prova destes pilotos se definiu.

Hamilton foi o primeiro a parar dos três, tentando realizar o ‘undercut’ pelo menos a Norris, mas este respondeu na volta seguinte, décima sétima, e com dificuldades em aquecer os pneus duros, o heptacampeão mundial perdeu para os dois pilotos da McLaren sete segundos nas duas voltas seguintes, não ganhando qualquer posição, ao passo que o seu conterrâneo suplantava o seu colega de equipa, subindo a segundo.

Hamilton, com as dificuldades que sentiu com as borrachas marcadas a branco, ficava exposto a Pérez, que aproveitava o Red Bull afinado para corrida para realizar uma prova agressiva, subindo até terceiro.

O mexicano chegou a ameaçar o segundo posto de Norris, mas no final com os pneus a sofrerem acabou por ficar a menos de quatro segundos do piloto da McLaren.

Com uma boa gestão de pneus, Hamilton estendeu o seu segundo ‘stint’ até à quadragésima nona volta, esperando com os pneus médios ter o ritmo para suplantar Piastri e até Pérez, que lhe fizera o ‘undercut’ durante a derradeira ronda de paragens nas boxes.

Com pneus médios, o Mercedes mostrou-se muito competitivo e o australiano foi presa fácil para o heptacampeão mundial, mas o mexicano e o pódio acabaram por ficar a um segundo e meio.

O McLaren, apesar de ser mais duro para os pneus que o Mercedes, mostrava-se mais consistente que o seu rival de Brackley e só danos no fundo do monolugar de Piastri o impediu de lutar pelo pódio.

Já o Mercedes, apesar de ser capaz de estender a vida dos Pirelli, mostrou as suas debilidades em aquecer os pneus, o que foi determinante para perder a luta por um lugar no pódio.

A Ferrari não se mostrou muito longe destas duas equipas em performance ao longo da prova de setenta voltas, mas uma vez mais, erros operacionais – Leclerc perdeu sete segundos na sua primeira troca de pneus e recebeu uma penalização de cinco segundos por ter excedido a velocidade máxima na via das boxes – deixaram-na longe dos lugares que tinha ao seu alcance.

Sem os doze segundos que perdeu devido às questões mencionadas, o monegasco poderia ficar em quinto à frente de Piastri, isto sem contabilizar o tempo e o desgaste de pneus que lhe custou recuperar da sua péssima paragem nas boxes devido a uma pistola de aperto avariada.

Leclerc acabou por se ver batido por George Russell que recuperou até sexto, depois de uma péssima qualificação o ter deixado na décima oitava posição da grelha de partida.

A Aston Martin, sem performance, viu Fernando Alonso terminar em nono, atrás de Carlos Sainz, e Lance Stroll em décimo.

Os pilotos da Alfa Romeo, depois do melhor sábado da temporada, viram a sua corrida implodir logo na partida, com péssimos arranques de Zhou e de Bottas, não aproveitando a oportunidade que conquistara na qualificação.

As flutuações de competitividade tiveram novo episódio em Hungaroring, mas começa a ficar evidente que a McLaren deu um claro passo em frente e parece pronta para se assumir como a segunda força em pista, depois de no início da época ter tido, em diversas ocasiões, o segundo pior carro da grelha de partida. Uma evolução impressionante que poderá servir de motivação às equipas com as quais agora luta.

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