GP Emilia-Romagna F1: Ricciardo sobe ao pódio com erro da Racing Point

Por a 2 Novembro 2020 17:57

Renault, Ferrari e Racing Point chegavam ao Grande Prémio da Emilia-Romagna com grandes expectativas. Após o fim-de-semana de Imola, os franceses, com um pódio, e os italianos tinham motivos para contentamento, ao passo que os ingleses, uma vez mais deixavam escapar uma oportunidade.

A formação do construtor gaulês tinha vindo a progredir consistentemente ao longo da temporada, mas em Portugal assistiu-se a uma quebra de forma, que os responsáveis da equipa quereriam mostrar em Itália que fora uma questão pontual e não o nascimento de uma tendência.

Por seu lado, os homens da “Scuderia” pretendia isso mesmo, confirmar a tendência de recuperação das últimas corridas catalisada pelo desenvolvimento técnico do SF1000. Agora numa pista em que a potência é de grande importância – o principal óbice do monolugar de Maranello.

A Racing Point precisava de colocar para traz das costas o desapontamento que fora o Grande Prémio de Portugal, quando viu Lance Stroll abandonar e a corrida de Sérgio Pérez condicionada por um toque logo na primeira volta, e maximizar o potencial do RP20, que a pode colocar no topo do Segundo Pelotão.

Porém, o fim-de-semana tinha a característica sui-generis de ter apenas dois dias, roubando tempo de pista às equipas e pilotos num circuito que já não era visitado pela Fórmula 1 desde o longínquo ano de 2006, o que tornava irrelevantes os dados de então ao dispor das estruturas.

Após a hora e meia de treinos-livres, foi a Racing Point quem levou a pior, não colocando sequer um piloto na Q3, ao passo que a Renault colocava Daniel Ricciardo em quinto e a Ferrari Charles Leclerc em sétimo.

No entanto, o resultado desapontante da formação de Silverstone, com o décimo primeiro lugar de Pérez, acabaria por ser uma dádiva para a corrida.

Mas, na qualificação, a estrela era a AlphaTauri que tinha Pierre Gasly, com mais uma prestação notável, no quarto lugar bem secundado por Daniil Kvyat, em oitavo.

Os homens da Faenza aproveitavam da melhor forma o teste que realizaram em Imola antes do início da temporada para se colocarem numa posição muito confortável na luta pelos louros do Segundo Pelotão.

As equipas chegavam ao dia da corrida sem muito informação sobre o comportamento dos pneus, mas parecia ser unanime que os pneus médios eram mais confiáveis que os macios, o que levou a que a Ferrari tenha tentado levar os seus pilotos para a Q3 com as borrachas marcadas a amarelos, mas ao contrário da Mercedes e de Max Verstappen, os esforços de Leclerc foram infrutíferos, tendo de recorrer aos macios da Pirelli.

O circuito de Imola, com a suas curvas de entradas de alta velocidade, era também, alvo de preocupação, uma vez que, apesar do DRS, componente que não existia em 2006, eram esperadas dificuldades nas ultrapassagens, o que fazia do arranque um momento de capital importância.

Ricciardo e Leclerc mostraram-se fortes neste exercício, ultrapassando, respectivamente, Gasly e Alex Albon, para ascenderem a quarto e sexto, ao passo que Pérez mantinha a sua posição, rodando em décimo primeiro, mas com benefício de ter no seu Racing Point pneus médios, o que lhe abria maiores perspectivas estratégicas.

O australiano da Renault liderava um longo comboio de carros, todos muitos próximos entre si, mas sem que ninguém conseguisse ultrapassar, evidenciando que a estratégia seria determinante para o resultado final.

Porém, Gasly, desgraçadamente, era uma vítima dos problemas detectados pela AlphaTauri ainda na pré-grelha. Os técnicos da formação de Faenza verificaram que a unidade de potência da Honda evidenciava falta de pressão da água e tentaram resolver a questão, mas na oitava volta ficou claro que não tinha sido debelada, obrigando o francês a um penoso abandono.

Leclerc subia a quinto, e Pérez a décimo, e depois de ter perdido algum tempo para Ricciardo, com o decorrer da corrida ia ganhando terreno ao australiano, estando apenas a 1,7s do Renault, quando estavam cumpridas treze voltas.

Com um espaço de pista livre para colocar o monegasco após uma pargem nas boxes, a Ferrari chamou o seu piloto na décima terceira volta, tentando realizar o “undercut” ao australiano da Renault.

Porém, ao montar pneus duros, e com a pista fria que nunca ultrapassou os 22ºC, os seus tempos não melhoraram significativamente, o que permitiu à Renault responder, chamando Ricciardo na volta seguinte e assim manter a posição relativa ao monegasco.

Mas, tal como sucedera com o piloto da Ferrari, também os pneus duros do australiano demoraram a subir até à temperatura correcta de funcionamento, e foi então que Pérez começou a entrar na equação.

O mexicano arrancara com médios, cortesia da eliminação na Q2, e com a sua mestria que se lhe reconhece em manter os pneus vivos durante longos períodos de voltas, mesmo depois de Ricciardo e Leclerc terem montado borrachas novas, mostrava-se mais rápido que o duo que liderara o segundo pelotão até as trocas de pneumáticos.

A questão era perceber se o piloto da Racing Point conseguiria garantir a vantagem suficiente, para poder realizar a sua mudança de pneus sem perder o ansiado quarto lugar.

Com os médios a mostrarem-se mais eficazes que os duros de Ricciardo e Leclerc, o mexicano manteve-se em pista até à vigésima sétima volta, momento em que entrou nas boxes, e, quando regressou à pista, já com duros para ir até ao fim da corrida, estava na liderança virtual do segundo pelotão com 1,8s de vantagem face ao piloto da Renault e 4,5 ao da Ferrari.

Tudo parecia encaminhado para que Pérez, que ainda não tem qualquer contrato para 2021, pudesse vencer a corrida atrás dos três do costume, até porque, com pneus treze voltas mais frescos, o ritmo do Racing Point mostrava-se inalcançável para o Renault e Ferrari.

No entanto, na quinquagésima primeira volta, a doze da bandeira de xadrez, Max Verstappen sentia o pneu traseiro / direito rebentar devido a um detrito, enviando-o para um despiste na zona da Chicane de Tamburello, o que precipitou uma situação de Safety-Car.

As dificuldades em ultrapassar em Imola foram evidentes, mas a Racing Point, que tinha o seu piloto no terceiro lugar, considerou que o colocar com borrachas macias para defender a sua posição era prioritário, uma vez que alguns dos seus perseguidores poderiam montar pneus macios para a ponta final da prova, que depois da saída do Safety-Car seriam muito mais rápidos a aquecer.

Contudo, Ricciardo e Leclerc não pararam e, durante o período de neutralização, George Russell, precisamente ao tentar manter temperatura nos seus pneumáticos, despistou-se na aproximação à Acqua Minerale, o que alongou ainda mais a situação de Safety-Car, que saiu da pista a cinco voltas da bandeira de xadrez.

No sexto posto, Pérez tinha agora uma desafio ainda maior para suplantar e no novo arranque, para lhe dificultar a vida, viu-se ultrapassado por Daniil Kvyat, que também parara, mantendo, porém, o sexto lugar ao passar Alex Albon, que tinha mais uma corrida para esquecer sublinhada com um pião logo após a ultrapassagem do mexicano.

O russo da Alpha Tauri ainda conseguiu ultrapassar Leclerc, que ainda se debatia com os pneus frios, mas Pérez nada conseguia fazer quanto ao piloto da Ferrari, perdendo um pódio devido a um erro estratégico da sua equipa e terminando num desapontante sexto lugar.

Ricciardo aproveitou da melhor forma a falha estratégica da Racing Point para subir pela segunda vez ao pódio em três corridas, não se esquecendo, desta feita, do “shoey” que partilhou com Lewis Hamilton.

No final da corrida, a Renault mostrava que o abaixamento de forma no Algarve fora episódico, ao passo que a Ferrari confirmava a evolução verificada nas últimas provas com o quinto posto de Leclerc.

A Racing Point, como tem vindo a acontecer amiúde este ano, voltou a falhar, não concretizando o potencial do “Mercedes Cor de Rosa”.

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas Autosport Exclusivo
últimas Autosport
autosport-exclusivo
últimas Automais
autosport-exclusivo
Ativar notificações? Sim Não, obrigado