GP do México de F1: Max Verstappen vence e bandeiras vermelhas prejudicam Ferrari

Por a 30 Outubro 2023 16:17

Desde muito cedo se percebeu que o Max Verstappen estaria a caminho da vitória no Grande Prémio da Cidade do México, tendo a luta pelo segundo posto, entre Charles Leclerc e Lewis Hamilton, sido o grande motivo de incerteza.

Não se esperava que se verificasse no Circuito Hermanos Rodriguez uma surpresa que pudesse impedir Max Verstappen, ou em último caso um Red Bull, de triunfar, dada a superioridade do carro de Milton Keynes que apenas fica em risco quando o traçado apresenta um relevo que obriga a que a altura ao solo seja aumentada, tirando a máquina concebida sob a batuta de Adrian Newey da sua janela de funcionamento, o que não se verifica no Circuito Hermanos Rodriguez.

No entanto, a pista mexicana está situada a mais de dois mil e duzentos metros de altitude, o que, por vezes, destabiliza o equilíbrio competitivo do pelotão.

Ainda assim, Verstappen foi o mais rápido em todas as sessões de treinos-livres, porém, atrás dele verificavam-se algumas surpresas com Alex Albon a sua maior ameaça em duas delas, ao passo que a Ferrari não convencia e a Mercedes admitia dificuldades, depois da boa performance de Austin.

Foi então uma enorme surpresa ver a ‘Scuderia’ a monopolizar a primeira linha, com Charles Leclerc na pole-position, relegando o Tricampeão Mundial para o terceiro posto da grelha de partida.

Os carros de Maranello deram-se bem com as condições que se verificaram durante a qualificação, mais calor, o que prejudicou o Williams de Albon, que não chegou à Q3.

Por seu lado, Lando Norris por entre erros seus e da equipa, juntamente com algum infortúnio, não passava sequer da Q1.

Lewis Hamilton era o melhor representante da Mercedes, mas não ia além de sexto, atrás de Daniel Ricciardo que, espetacularmente, levava o seu AlphaTauri até ao quarto posto à frente de Sergio Pérez, que frente ao seu público não conseguia melhor que o quinto crono atrás do piloto que é visto como o seu potencial substituto.

Com os seus dois carros na primeira linha, era esperada uma boa prova da Ferrari, mas havia ainda dúvidas quanto ao seu ritmo de corrida do SF-23 e o facto de o traçado mexicano apresentar a aceleração mais longa até à primeira travagem da temporada, Verstappen era o grande favorito a emergir da primeira curva na liderança.

O cenário antevisto confirmou-se, mas com dramatismo para Pérez, que se colocara por fora na discussão da travagem pelo primeiro lugar. O mexicano apertou Leclerc e este, com Verstappen ao seu lado direito, não tinha para onde ir, não evitando o contacto que atirou o favorito do público para fora de prova.

Com os pilotos da frente a usar pneus médios para o primeiro ‘stint’, Verstappen mostrou-se ligeiramente mais rápido que Leclerc, que tinha danos na asa dianteira provocado pelo incidente com Pérez, mas o monegasco conseguia mantê-lo no seu horizonte.

Por seu lado, Sainz estava agora em terceiro e abria para Ricciardo, que era pressionado por Hamilton, que rodava em quinto, com o abandono do mexicano da Red Bull.

O inglês da Mercedes só na décima primeira volta se desenvencilhou do australiano, então a 2.4s de Sainz, mas conseguiu realizar uma aproximação ao espanhol, ainda que sem o conseguir ultrapassar, ficando em posição de realizar um ataque através do ‘undercut’.

A diferença entre uma ou duas paragens nas boxes era mínima, dada a elevada temperatura da pista, mas entre os homens da frente, apenas Verstappen tinha pneus novos para adotar essa estratégia.

O neerlandês, após se ter queixado dos pneus, foi chamado às boxes na décima nona volta, para montar duros, assumindo uma corrida com duas paragens, mantendo-se os seus perseguidores em pista.

Por seu lado, Hamilton entrava nas boxes assim que teve uma ‘clareira’ para sair das boxes sem tráfego, na vigésima quarta passagem pela meta, com o intuito de poder atacar Sainz através de um ‘undercut’.

O mais natural era que a Ferrari respondesse na volta seguinte para defender a posição do espanhol, mas os homens de Maranello apostavam em optimizar a sua corrida e manter os seus dois pilotos em pista.

O pensamento entre os estrategas da ‘Scuderia’ era que, se conseguissem um bom ‘delta’, Leclerc e Sainz estariam em melhor posição para o final da corrida, podendo o espanhol atacar Hamilton e recuperar a terceira posição, ao passo que com o monegasco manteria sempre a sua posição.

Assim, Sainz parava na trigésima volta e Leclerc na trigésima primeira, montando pneus seis e sete voltas mais frescos, respetivamente, relativamente aos de Hamilton.

Esta era uma estratégia que poderia dar os seus frutos, podendo, inclusivamente, pressionar Verstappen, se não houvesse situações de bandeiras vermelhas, um cenário que nunca fora visto desde que a Fórmula 1 regressou à Cidade do México, em 2015.

No entanto, uma volta depois da entrada nas boxes de Leclerc, Kevin Magnussen saía de pista a alta velocidade na Curva 8, devido a uma falha na suspensão do seu Haas, provocando o aparecimento de bandeiras vermelhas.

Isto permitia a Verstappen ‘realizar a sua segunda paragem nas boxes’ durante a interrupção da corrida e a Mercedes rever a sua estratégia, ao passo que os estrategas da Ferrari estavam amarrados à paragem que tinham feito poucas voltas antes e pouco confiantes em arriscar realizar mais de metade da prova com um jogo de pneus médios usado que ambos os seus pilotos ainda dispunham.

Quando a corrida foi retomada, através de um arranque tradicional, era evidente que Verstappen estava com um jogo de pneus novos no seu Red Bull, o que lhe permitia realizar as restantes voltas sem parar, ao passo que a Mercedes arriscava e apresentava os seus dois carros com borrachas médias usadas.

O objetivo era claro – dar a Hamilton e a Russell as ferramentas necessárias para ultrapassar Leclerc e Sainz, respetivamente, e depois gerirem os pneumáticos de modo a poderem chegar ao final da corrida sem nova passagem pelas boxes.

Assim que as luzes dos semáforos se apagaram os dois ingleses lançaram-se ao ataque dos pilotos da Ferrari, desejosos de aproveitar a vantagem de performance dos seus pneus.

Hamilton parecia particularmente ameaçador para Leclerc e, apesar da defesa musculada do monegasco, na quadragésima volta, o inglês, finalmente, conseguia desfeitear o seu adversário e assumir o segundo posto.

A questão era agora saber se os pneus médios de Hamilton conseguiam aguentar o resto da corrida, ou se os duros de Leclerc, com o passar das voltas, se tornariam mais eficazes, podendo este recuperar o segundo posto.

No entanto, ambos os pilotos da ‘Scuderia’ eram obrigados a gerir as temperaturas dos seus monolugares. Com o ar rarefeito que se experimenta na Cidade do México, as equipas são obrigadas a abrir os seus carros para que possam arrefecer os seus componentes mecânicos, mas isso implica perder eficácia aerodinâmica.

A Ferrari arriscou neste parâmetro e na segunda metade da prova, tanto Leclerc como Sainz foram obrigados a fazer ‘lift & coast’, não para poupar gasolina, mas antes para gerir as temperaturas da sua unidade de potência.

Era assim difícil a Leclerc ir buscar Hamilton, até porque os pneus deste nunca ficaram em mau estado, graças a uma pilotagem brilhante do heptacampeão mundial, que assinou a melhor volta da prova quando viu a bandeira de xadrez.

A ‘Scuderia’ via-se assim batida pela Mercedes no duelo entre o monegasco e o inglês, mas impunha-se à sua rival na luta entre Sainz e Russell. O jovem britânico, sem conseguir ultrapassar o espanhol, ‘derreteu’ os seus pneus, tendo sido ultrapassado por Lando Norris na ponta final da corrida e cruzando a linha de meta sob pressão de Ricciardo.

Verstappen com as bandeiras vermelhas viu a sua vida facilitada, caminhando sem problemas para a sua décima sexta vitória da temporada, ao cruzar a linha de meta com uma vantagem de quase catorze segundos para Hamilton, estampando uma vez mais a sua autoridade, que poderia ser mais contestada sem a interrupção a meio da prova

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