GP do Brasil F1: O filme da corrida

Por a 13 Novembro 2022 20:24

Depois da chuva de sexta, que nos deu a surpresa da pole de Kevin Magnussen, e da corrida Sprint de sábado, em que George Russell venceu e mostrou que a Mercedes tinha hipóteses de lutar pela vitória na corrida, veio o Grande Prémio de São Paulo, num fim de semana que já estava recheado de surpresas. O que mais poderíamos ver na corrida?

Bancadas cheias de fãs fervorosos, céu praticamente limpo e com a chuva a ser apenas uma recordação do passado, os pilotos prepararam-se para as 71 voltas ao traçado de Interlagos, que celebrava 50 anos desde a primeira corrida. 

Na pole, George Russell, após um desempenho sem mácula na Sprint, seguido de Lewis Hamilton, com ambos a dizerem que iriam jogar para a equipa, focados na vitória. Na segunda linha, dois Red Bull com prestações estranhamente discretas até então e com Max Verstappen a admitir que os Mercedes eram favoritos (palavras que não se ouviam há já muito tempo).  Na terceira linha, Charles Leclerc e Lando Norris, com Carlos Sainz (penalizado) ao lado da estrela do fim de semana Kevin Magnussen. A temperatura do ar estava nos 24ºC, com pouco vento, mas a temperatura da pista estava nos 50ºC na hora do arranque, o que poderia dar trabalho extra às borrachas. 

O top 4 optou por pneus macios para o arranque, tal como Norris e Sebastian Vettel. Charles Leclerc, Carlos Sainz, Kevin Magnussen eram os únicos no top 10 a optar por pneus médios. Fora dos top 10 apenas Mick Schumacher, Lance Stroll, Fernando Alonso, Nicholas Latifi optaram pelos médios e Alex Albon apostou nos pneus duros no arranque.

Arranque atribulado

No arranque, Russell largou muito bem e agarrou a liderança, seguido de Hamilton e dos dois Red Bull. Lando Norris conseguiu ganhar um lugar a Leclerc, numa altura em que Kevin Magnussen e Daniel Ricciardo se embrulharam num incidente que motivou a entrada do Safety Car. Ricciardo deu um toque em Magnussen, que entrou em pião e colheu o McLaren #3 no caminho. 

Assim, tínhamos Russell na frente, seguido de Hamilton, Verstappen, Pérez, Norris, Leclerc, Sainz, Vettel, Pierre Gasly e Mick Schumacher. Os melhores arranques foram de Lance Stroll, Valtteri Bottas e Lando Norris. Alex Albon, que começou com os duros, foi o único a entrar nas boxes para colocar um conjunto de pneus médios.

O Safety Car entrou na via das boxes no final da volta seis e no recomeço da prova, Russell aguentou o primeiro lugar, enquanto Verstappen não evitou contacto com Lewis Hamilton, com ambos os carros a ficarem danificados e a perderem lugares. Mas Verstappen seria penalizado com cinco segundos por ter provocado a colisão. Pouco depois, numa luta entre Lando Norris e Charles Leclerc, o piloto britânico não evitou o toque e atirou Leclerc contra as proteções da pista. Norris também recebeu uma penalização de cinco segundos pelo toque em Leclerc. 

Russell na frente

Depois do caos do recomeço, Russell liderava, seguido de Pérez, Norris, Sainz e Vettel. Verstappen e Leclerc entraram nas boxes para reparações e para colocar pneus  médios. Norris queixava-se de uma sensação estranha no volante, enquanto Pérez e Russell escapavam. Lewis Hamilton passou Mick Schumacher pelo sétimo posto e começava a recuperar, após ter perdido seis posições no toque com Verstappen.  O #44 parecia estar com o gás todo e passou Gasly pelo sexto posto pouco depois.

Carlos Sainz passou Lando Norris pouco depois e assumiu o terceiro lugar, na mesma altura em que Hamilton pressionava Vettel pelo quinto posto.

Na volta 14, Hamilton subiu ao quinto posto, passando Vettel na reta da meta, atacando Norris logo de seguida, com o piloto da McLaren sem argumentos para segurar o #44 na volta 15, a mesma volta em que Fernando Alonso parou para colocar pneus médios. Duas voltas depois, Vettel passou por Norris, com o alemão a instalar-se no top 5. 

Carlos Sainz parou na volta 18 para colocar pneus macios (uma paragem motivada por um travão a sobreaquecer por um pedaço de plástico no ducto a impedir a passagem do ar), caindo para 11º, atrás de Alex Albon, que despachou pouco depois.

Carlos Sainz mostrava bom ritmo com os pneus macios, recuperando quatro lugares em quatro voltas e na volta 22 Leclerc voltou a parar para colocar pneus macios.

As jogadas estratégicas nas boxes

Na volta 24, Pérez parou para colocar pneus médios, com os dois Mercedes na frente da corrida nesta fase. O mexicano saiu no meio do trânsito e perdeu algum tempo, o que permitiu a Russell responder ao undercut da Red Bull, regressando à pista à frente do #11 da Red Bull. Hamilton era agora o líder da corrida.  

Russell tinha uma margem de quase quatro segundos para Pérez, o que o deixava confortável no segundo lugar, enquanto Hamilton esticava o seu stint com os macios, sendo o único nesta fase a ainda não ter parado (volta 28) tendo começado com os pneus marcados a vermelho. A temperatura da pista era agora de 44 °C, o que ajudava a tarefa das borrachas da Pirelli. Na volta 29, Hamilton parou para colocar pneus médios, regressando à pista na quarta posição, sendo o piloto melhor colocado para fazer apenas uma paragem. 

A meio da corrida tínhamos Russell na frente, seguido de Pérez, Sainz, Hamilton, Alonso, Valtteri Bottas, Vettel, Ocon, Gasly e Norris no top 10.

As segundas paragens

A segunda paragem de Alonso na volta 36 foi mais demorada e na volta seguinte Sainz parou para colocar pneus médios, regressando no quarto lugar, numa altura em que o top 8 tinha pneus médios. 

Hamilton começava a apertar Sérgio Pérez (2º classificado), que já estava a sete segundos de Russell, que controlava a corrida como queria. O mexicano da Red Bull tinha de se começar a preocupar com Hamilton e com Sainz, que começava a forçar o andamento para tentar o undecut ao #11. 

Charles Leclerc passou Norris na volta 43 pelo oitavo posto, desta vez sem incidentes entre os dois, enquanto um pouco mais à frente Hamilton atacava Pérez de forma incisiva, mas o mexicano defendia-se com mestria. A defesa claudicou na reta da meta e o #44 passou o #11 pelo segundo posto, com Russell 10 segundos à frente. 

Pérez parou para colocar pneus médios na volta 48, e regressou à pista atrás de Sainz, que era agora terceiro, atrás dos Mercedes. Na volta seguinte, Hamilton parou para colocar macios, para cobrir o undercut de Pérez, regressando à pista atrás de Sainz. Verstappen também parou para colocar macios e Russell entrou para colocar pneus macios. Russell regressou à pista na liderança e a vitória parecia bem encaminhada, quando estávamos na volta 50, numa decisão bem medida da Mercedes.

Leclerc era sétimo na volta 51, passando por Vettel, com Bottas na sexta posição (grande prestação) e na volta seguinte, o McLaren de Norris ficou parado na pista, o que motivou um Virtual Safety Car, que a Ferrari aproveitou para fazer parar Sainz para colocar os macios, caindo para quatro, atrás de Pérez. O Safety Car foi lançado para a pista para retirar o #4 da McLaren e o pelotão iria ser reagrupado. 

O derradeiro recomeço

Russell perguntou se estava a competir com o colega de equipa ou se a Mercedes queria manter a dobradinha e a resposta foi que estava a competir com o colega de equipa. Os Mercedes tinham pneus macios usados calçados, enquanto Pérez tinha médios novos e Sainz tinha macios novos. A Alpine lançava um aviso para Ocon não lutar com Alonso. O recomeço prometia.

Russell recomeçou bem e manteve a liderança, enquanto Sainz atacava Pérez, com Leclerc por perto.  Russell conseguiu afastar-se de Hamilton e fugiu do DRS do colega de equipa. Sainz atacava Pérez, mas o mexicano defendia-se bem. 

Sainz acabou por passar Pérez e assumiu a terceira posição, com Leclerc a tentar passar o Red Bull também. Leclerc passou Pérez e também Alonso, com o mexicano agora à frente de Verstappen que era sétimo, à frente de Ocon, Bottas e Stroll. Verstappen passou Pérez, com os pneus errados na hora errada e o #1 tentou alcançar Alonso e Leclerc. 

Nas últimas voltas, Hamilton tentou chegar ao primeiro lugar, mas Russel não cometeu qualquer erro e viu a bandeira de xadrez em primeiro, seguido de Lewis Hamilton. Carlos Sainz terminou em terceiro  à frente de Leclerc. O monegasco pediu para trocar de posição com o colega, a pensar nas contas do título, mas a equipa não deu luz verde para que tal acontecesse, ao que o piloto respondeu “bom trabalho” de forma irónica. 

Fernando Alonso terminou em quinto lugar em mais uma excelente prova do espanhol e desta vez, sem problemas de fiabilidade, conseguiu pontos importantes. Esteban Ocon (terminou em oitavo) recebeu ordens expressas para não atacar Alonso no recomeço, o que mostra bem que a equipa apostou as fichas todas no espanhol, que estava com uma estratégia melhor no fim da corrida. 

Mas os casos não ficam por aqui. Pérez, com os pneus errados no último recomeço da prova após Safey Car, não teve argumentos para se defender da concorrência e de Verstappen. O neerlandês tentou chegar ao top 5, sem sucesso e foi-lhe pedido para dar o lugar a Pérez, a pensar nas contas do campeonato. Max negou-se a fazer isso e afirmou já ter explicado as suas motivações. Pérez agradeceu no rádio e disse“ Isto mostra o que ele realmente é”, num episódio que pode ser o início do fim da relação entre os dois pilotos.

Valtteri Bottas conquistou um ótimo nono lugar e Stroll completou o top 10 com uma boa corrida. 

Uma corrida movimentada, com muitos casos e um novo vencedor na F1. George Russell entrou na história do desporto e promete fazer ainda mais.

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