GP de Espanha: Teria Hamilton vencido?

Por a 24 Maio 2022 10:45

Lewis Hamilton protagonizou no Grande Prémio de Espanha uma prestação notável com um ritmo impressionante, indo desde a depressão na primeira volta, até à exaltação do final de uma recuperação que indica que poderia estar, no mínimo, na luta pelos lugares do pódio ou até pela vitória.

A Mercedes chegou a Barcelona com um novo pacote técnico para o recalcitrante W13 e desde os treinos-livres de sexta-feira que se verificava uma subida de forma do carro de Brackley, que deixava de exibir o violento “porpoising” que o caracterizava desde o início da temporada.

Finalmente, tanto o inglês como George Russell podiam extrair do seu monolugar o potencial que a Mercedes acreditava ter e isso foi evidente na qualificação.

O “Flecha de Prata” não teve argumentos para entrar na luta pela pole-position, exclusiva de Charles Leclerc e Max Verstappen, mas George Russell conseguiu elevar-se até ao quarto posto, batendo Sérgio Pérez e o seu colega de equipa.

Hamilton teve uma qualificação muito aquém do que se espera de um heptacampeão que dominou a Fórmula 1 nas últimas oito temporadas, ficando no sexto lugar a mais de um décimo de segundo seu colega de equipa.

Não que a diferença seja enorme, mas espera-se que seja o homem do carro número 44 a liderar a ofensiva da Mercedes, mesmo se Russell é um talento a ter em conta.

Para agravar a situação de Hamilton, a corrida começou da pior forma para o heptacampeão mundial, com um toque com Kevin Magnussen a furar-lhe o pneu dianteiro esquerdo, o que o atirou para o penúltimo lugar e o obrigou a parar nas boxes para trocar de pneus.

Quando regressou à pista com pneus macios, no início da segunda volta, o piloto da Mercedes estava a 53 segundos de Leclerc e a 51 de Russell, o seu colega de equipa.

Neste momento, o inglês chegou mesmo indagar a Mercedes sobre a validade de continuar em pista e colocar em esforço a sua nova unidade de potência sem grandes perspectivas de um resultado de relevo. Peter Bonnington retorquiu que um oitavo lugar estava no horizonte.

O primeiro “stint” de Hamilton não foi particularmente impressionante, apesar de ter pista livre à sua frente, tendo perdido cerca de sete segundos para Leclerc até à décima segunda volta e ganho apenas 0,7s ao seu colega de equipa, que estava entretido a defender-se dos ataques dos Red Bull.

Na décima terceira volta o inglês começou a apanhar tráfego e claro o seu rendimento sofreu com isso, perdendo ainda mais tempo para o monegasco e na vigésima volta estava já a 1m10 do piloto da Leclerc, que pararia na volta seguinte para trocar de pneus.

O piloto da Mercedes parava uma volta depois, montando borrachas médias, tal como a grande parte dos restantes pilotos, com o objectivo de adoptar uma estratégia de apenas duas paragens.

Quando saiu das boxes Hamilton estava a 1m15s de Leclerc, que ainda não tinha abandonado, e a 1m08 do seu colega de equipa, que seguia em segundo, e foi neste “stint” que o inglês mostrou um ritmo impressionante.

Até à sua derradeira paragem nas boxes, que ocorreu na quadragésima oitava volta, estava a apenas 31s de Pérez, o então comandante, 29s de Verstappen e a 21s de Russell, Leclerc já tinha abandonado.

Se levarmos em consideração que em Barcelona uma troca de pneus custa cerca de 22s, concluímos que Hamilton ganhou 25s em performance pura ao seu colega de equipa e 10 a Pérez, ao passo que para Verstappen, que já tinha realizado a sua terceira paragem nas boxes, perdera 5s.

Quando todas as trocas de pneus estavam concluídas, na quinquagésima terceira volta, Hamilton estava a 43s de Verstappen, a 16s de Pérez e a 7s do seu colega de equipa.

No “stint” final, o inglês continuou a ganhar tempo ao holandês, que tinha sido o primeiro a realizar a sua derradeira paragem nas boxes, e na sexagésima terceira volta, momento em que foi obrigado a reduzir o andamento devido a uma fuga de água, estava a 39s do líder. Já para o mexicano e para Russell perdeu algum tempo, uma vez que estes tinham pneus mais frescos.

Ainda assim, estava a apenas a 21s do piloto da Red Bull e a 12s do seu conterrâneo da Mercedes, depois de no início da corrida estar a mais de cinquenta segundos dos quatro primeiros.

As últimas três voltas foram de sofrimento para o britânico, que teve de levantar o pé para garantir que chegava ao fim, perdendo o quatro lugar para Carlos Sainz.

Isto significa que poderia ter vencido sem o incidente inicial? É difícil responder, dado que, se Hamilton estivesse na equação as decisões da Red Bull seriam diferentes, mas parece claro que o inglês estaria seguramente na luta com Verstappen e poderia obrigar a que este alterasse a sua estratégia para responder ao desafio proposto pelo heptacampeão.

Seja como for, parece evidente que a Mercedes deu um passo em frente com o W13 e nas próximas corridas poderá ser um factor a ter em conta pela Red Bull e pela Ferrari.

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