GP da Hungria F1: Ocon abençoado, Alonso brilhante, Hamilton em grande

Por a 1 Agosto 2021 17:33

Que grande espetáculo na Hungria! Em teoria, Hungaroring não é uma pista que proporcione grandes espetáculos, mas na prática temos visto provas espetaculares e a de hoje foi uma das mais emocionantes. O incidente da curva 1 virou a corrida do avesso, com favoritos a ficarem de fora ou fortemente prejudicados pelos toques na carambola provocada por Valtteri Bottas e Lance Stroll. O azar de uns foi a oportunidade para outros brilharem.

Esteban Ocon fez uma corrida brilhante. Já poucos se lembram que o francês chegou a ser considerado um dos maiores talentos jovens da F1 e depois de uma fase menos boa, Ocon venceu na F1. Uma carreira feita de altos e baixos, que parecia condenada quando ficou sem lugar em 2019. Regressou em 2020, demorou a recuperar o ritmo, mas conseguiu um pódio no final da época passada e hoje venceu merecidamente, com uma excelente gestão da corrida, dos pneus e das suas emoções. Mas a vitória de Ocon deve-se a Fernando Alonso. A forma como se defendeu dos ataques de Lewis Hamilton foi simplesmente brilhante e uma lição para muitos pilotos de como defender de forma agressiva, no limite, mas sem nunca exagerar. Quando se fala em agressividade e corridas duras, Alonso mostrou como se faz, atrasando Hamilton que iria provavelmente incomodar os homens da frente nas últimas voltas. Alonso pode ter 40 anos, mas ainda tem muito para dar à F1. Há algo que resulta bem para a Alpine (Renault) na Hungria e depois de Alonso ter vencido pela primeira vez nesta pista, Ocon venceu também pela primeira vez na Hungria. Um balão de oxigénio para a equipa que assim recupera terreno no campeonato e ganha um novo impulso para o futuro.

Sebastian Vettel fez mais uma excelente prova e conquistou o segundo pódio para a Aston Martin. O alemão tentou chegar a Ocon, sem sucesso, mas ainda assim fez uma boa corrida e justifica o investimento feito pela equipa. Geriu bem a corrida e manteve sempre a pressão em Ocon, que não quebrou. É mais um resultado que motiva a equipa e o piloto de quem se espera mais e melhor na segunda metade. Também se espera mais de Lance Stroll que cometeu um erro semelhante ao de Bottas recebendo a mesma penalização. A Aston precisava de mais este pódio para apaziguar Lawrence Stroll e assim poder trabalhar sem pressão para 2022.

Lewis Hamilton é também um dos grandes destaques do dia. A opção de ir para a segunda grelha de partida com os intermédios foi claramente errada e isso foi claro quando fez o arranque sozinho, com o resto dos pilotos na box a trocar de para os slicks. Caiu para o último lugar e teve de fazer o que já fez várias vezes… ir contra as odds e fazer uma recuperação brilhante. Beneficiou de uma boa estratégia da equipa, com duas paragens, uma jogada agressiva, mas que resultou em cheio e só não deu mais porque encontraram um Alonso com vontade de mostrar serviço. Hamilton regressa à liderança do campeonato, aproveitando um dia negro da Red Bull que em muito se deveu ao erro grave do colega de Hamilton. Valtteri Bottas borrou a pintura, num erro que é fácil de cometer, mas que não deve acontecer a este nível. Foi penalizado com cinco lugares para a grelha de Spa de forma merecida. Se Toto Wolff decidir qual o piloto que vai fazer companhia a Hamilton na próxima época, durante o verão, este não é um bom “cartão de visita” para Bottas. A Mercedes volta para a liderança do campeonato com uma corrida bem gizada e bem executada.

Carlos Sainz conseguiu compensar o erro da qualificação com uma grande prova. O espanhol, tal como todos os pilotos que acabaram na frente da corrida, teve sorte em escapar aos incidentes da curva 1, mas teve uma gestão de corrida muito boa, chegando mesmo a contrariar as ordens da equipa, o que ajudou, pois graças a isso conseguiu entrar na luta pelo top3. Sainz pode não ser o mais talentoso, o mais rápido, mas é sem dúvida um dos pilotos mais completos e inteligentes e provou-o hoje mais uma vez. A corrida de Charles Leclerc foi curta e a Ferrari, mais uma vez, poderia ter complicado a vida com uma estratégia menos conseguida, mas o caráter de Sainz permitiu um bom resultado. 

Para a Alpha Tauri foi também um bom dia, com Pierre Gasly em sexto lugar e Yuki Tsunoda em sétimo (apesar de não ter ficado agradado com a troca orquestrada pela equipa). Mas a dupla conseguiu aproveitar bem o incidente para marcar bons pontos, apesar de não terem sido particularmente brilhantes. Boa prova para a dupla, especialmente para Tsunoda, depois de mais um erro na qualificação.

Para a Williams é dia de festa. Finamente pontos depois de tantas oportunidades perdidas. Curiosamente foi Nicholas Latifi a conseguir mais pontos hoje, tendo passado um terço da corrida no top 3. O ritmo da Williams não permitia sonhar com um pódio, mas o top 10 da dupla é importantíssimo para as contas finais. George Russell ficou em nono, um lugar atrás de Latifi mas estava visivelmente emocionado no final por conseguir pontuar pela equipa. Mostrou maturidade ao dizer que não se importava de ser sacrificado para beneficiar o colega de equipa e garantir os pontos. Russell merece claramente mais que a Williams e tem tudo para ser uma referência no futuro, quer pelo talento quer pela postura. Estes pontos são merecidos para a equipa que tem evoluído muito depois de vários anos de calvário. Não deixa de ser curioso ver que marcaram pontos na única corrida em que não foram à Q2 e que Russell, claramente a estrela da equipa, ficou atrás de Latifi. Coisas da F1.

Para a Red Bull foi uma tarde negra. Sergio Pérez ficou fora de prova logo na curva 1 e Max Verstappen conseguiu manter-se em prova, mas os danos eram tantos que não permitiam ao neerlandês sonhar com uma recuperação. Ainda assim o #33 não baixou os braços e tentou o melhor que pôde, neste caso um décimo lugar. Um dia difícil para a equipa que perdeu a liderança dos dois campeonatos, depois de toda a campanha feita com o incidente em Silverstone. 

Kimi Raikkonen acabou às portas dos pontos, o que depois de um par de erros e uma penalização, não foi mau. Má foi a tarde de Daniel Ricciardo, sem argumentos para lutar por mais que um décimo lugar, provavelmente com danos no seu monolugar depois do violento toque (tarde dura para a McLaren que ficou a zeros, quando todas as adversárias marcaram pontos). Mick Schumacher teve a sua primeira amostra do que é lutar com os grandes nomes da grelha e mostrou potencial, talento e agressividade nas doses certas.

Segue-se a merecida pausa de verão para recuperar das emoções e o regresso está marcado para Spa, a 29 de Agosto. Lewis Hamilton lidera o campeonato com 192 pontos, seguido de Max Verstappen (186), Lando Norris (113), Valtteri Bottas e Sergio Pérez (108).

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MLS
MLS
2 anos atrás

O que fica e que Vertappen perde pontos em 3 corridas em que tem 0 culpa….

MurrayWalker
Reply to  MLS
2 anos atrás

Mas isso de perder pontos sem ter culpa própria já voltou novamente a ser contabilizado?!

Julgava que isso tinha deixado de ser utilizado desde 2016.

Curiosamente nesse ano, o Bottas também destruiu numa largada a corrida do Hamilton. Ele há coincidências do carago…

Last edited 2 anos atrás by Murray Walker
piquet
piquet
Reply to  MLS
2 anos atrás

Coitadinho do menino Max…deveriam arranjar mais umas corridas para o menino mimado.

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