GP da Bélgica de Fórmula 1: Max Verstappen ‘esmaga’ em Spa

Por a 29 Agosto 2022 18:42

Se na quinta-feira alguém dissesse a Max Verstappen que arrancaria de 14º e, ainda assim, venceria o GP da Bélgica por mais de 18s, o Campeão do Mundo talvez duvidasse, mas desde a segunda sessão de treinos-livres que essa possibilidade foi ganhando força e o holandês concretizou-a, conquistando um dos seus mais impressionantes triunfos.

O piloto de vinte e quatro anos está confortavelmente no comando do Campeonato de Pilotos, antes da prova de Spa-Francorchamps com uma vantagem de 80 pontos para Charles Leclerc, mas a sua vantagem não foi construída devido a uma superioridade competitiva da parte da Red Bull face à Ferrari, mas antes devido a falhas estratégicas e à falta de fiabilidade que apoquentaram o monegasco desde o Grande Prémio de Espanha.

Tendo em vista este cenário, quando foi conhecido que Max Verstappen e Charles Leclerc montariam novos componentes das respectivas unidades de potência, o que os atirava para o fundo da grelha de partida, poucos apostariam numa vitória destes dois pilotos, uma vez que na cabeça do pelotão estariam Sérgio Pérez, Carlos Sainz e os dois Mercedes, que depois da subida de forma em Hungaroring eram vistos como possíveis candidatos ao triunfo na Bélgica.

No entanto, logo na segunda sessão de treinos-livres começaram a surgir evidências de que o Campeão do Mundo poderia estar num planeta completamente distinto dos demais, incluído o seu colega de equipa…

Na sexta-feira a pista estava fria, em torno dos 20ºC, e a chuva complicou a vida aos pilotos e equipas em ambas as sessões, tendo aparecido no final da tarde quando estavam a ser realizadas as simulações de corrida, deixando bastantes incógnitas para a corrida de domingo.

Ainda assim, um primeiro vislumbre do ritmo infernal que Verstappen poderia imprimir foi visto, quando na segunda sessão realizou o primeiro crono, deixando Leclerc a mais de 0,8s.

Claro que era demasiado cedo para tirar conclusões, desconhecendo-se em que condições cada um dos pilotos tinha rodado, porém, do lado da Ferrari as preocupações começaram a emergir logo aí, tendo as declarações dos pilotos da formação de Maranello dado voz à inquietude que reinava na equipa.

No sábado, ainda com a pista a manter-se fria, o Campeão do Mundo continuava a evidenciar um ritmo inalcançável pelos demais, ainda que Sérgio Pérez tenha sido o mais rápido na terceira sessão, ao bater o seu colega de equipa por 0,137s.

Porém, na qualificação, Verstappen dizimou a oposição, realizando a melhor marca ao bater Carlos Sainz por uns impressionantes 0,632s e o seu colega de equipa por 0,797s.

O holandês alinharia no décimo quarto posto da grelha de partida – que se transformaria em décimo terceiro na prática, quando Pierre Gasly foi obrigado a arrancar das boxes – mas subitamente, uma vitória da sua parte não era apenas uma possibilidade distante, parecendo ser mais que um desejo íntimo do Campeão do Mundo.

Havia ainda algumas condicionantes a ter em conta para o dia de prova que poderia alterar completamente o equilíbrio de forças entre as equipas da frente – a temperatura da pista subia em 15ºC relativamente à qualificação e dia anterior e, sem que os pneus da Pirelli tenham sido testados devidamente, o seu desgaste poderia ser um problema.

O holandês e os pilotos da Ferrari arrancavam com pneumáticos macios, ao passo que os restantes – excepto Yuki Tsunoda que, a arrancar das boxes, apostou em duros – escolhiam médios para uma corrida que, devido ao calor, prometia exigir uma estratégia de duas paragens.

Com uma primeira volta contida, mas a aproveitar as oportunidades, Verstappen era oitavo quando passou pela primeira vez na linha de meta, sendo seguido de perto por Leclerc, talvez até perto demais.

Com muitos detritos na sua viseira, o piloto da Red Bull, tirou uma das suas ‘tear offs” que se alojou na conduta de arrefecimento do travão dianteiro – direito do monegasco, obrigando-o a uma paragem nas boxes que deitou por terra a sua estratégia, deixando de ser um factor na luta pelos lugares no pódio.

Depois de uma intervenção do Safety-Car para recuperar o Mercedes de Lewis Hamilton, que abandonou depois de um toque com Fernando Alonso, e o Alfa Romeo de Valtteri Bottas, que ficou atascado na gravilha devido a contacto de Nicholas Latifi, Verstappen prosseguiu a sua recuperação.

O ritmo do holandês era para lá do que mais alguém conseguia evidenciar e na oitava volta era já terceiro, tendo apenas pela frente Sérgio Pérez e Carlos Sainz. O Safety-Car ajudou-o, uma vez que impediu que o pelotão se estendesse ao longo do circuito, mas ainda assim, era uma performance impressionante.

Na décima primeira volta o Campeão do Mundo chegava a primeiro, ainda que beneficiando da primeira paragem nas boxes de Carlos Sainz, que liderava desde a primeira volta, mas era evidente já, que só algo que fugisse ao controlo de Verstappen o poderia impedir de vencer o Grande Prémio da Bélgica.

Quando o holandês saiu das boxes após a sua primeira paragem nas boxes, montando médios, estavam decorridas quinze voltas, estava no segundo posto a apenas três segundos do espanhol e, no espaço de duas voltas, ultrapassou o piloto da Ferrari e ganhou ainda mais de dois segundos face ao seu rival.

Era uma prestação de outro planeta da parte de Verstappen, que em dezoito voltas, quatro delas com Safety-Car, tinha ido de décimo terceiro na grelha de partida até à liderança.

Daí para frente, o piloto da Red Bull exibiu a sua supremacia ao longo dos mais de sete quilómetros que compõem o circuito de Spa-Francorchamps, deixando o seu colega de equipa, que se superiorizou a Sainz, a 17,8s, o que diz bem do domínio que Verstappen exerceu face a todo o pelotão.

O espanhol, a contas com problemas de sobreaquecimento dos pneus, ainda se viu acossado por George Russell, mas um erro do inglês da Mercedes acabou por deixar o piloto da Ferrari respirar, salvando um pódio num dia em que a formação de Maranello esteve aquém do esperado no que diz respeito à performance.

Charles Leclerc parecia a caminho de um desapontante quinto lugar, mas a duas voltas do fim foi chamado para montar pneus macios e tentar conquistar a volta mais rápida da corrida.

No entanto, para além ter perdido uma posição para Alonso na operação, que recuperou, não conseguiu alcançar o objectivo e, ainda por cima, foi penalizado no final da corrida com cinco segundos por ter ultrapassado a velocidade máxima na via das boxes, acabando classificado atrás do espanhol da Alpine. Um dia para esquecer para Leclerc…

Max Verstappen

O holandês esteve num nível à parte do resto do pelotão. É verdade que o Red Bull estava particularmente à-vontade em Spa-Francorchamps, mas o facto de Verstappen ter arrancado de 13º, recuperado até primeiro e ter dado ainda 18s ao seu colega de equipa evidencia que, por muito forte que o seu carro fosse, foi ele que fez a diferença relativamente a Pérez, que deve ter motivos para ficar preocupado, dada a sua falta de andamento face ao seu companheiro.

Treinos-Livres 2

Na sexta-feira soube-se que Verstappen teria uma penalização na grelha de partida por ter montado novos componentes da sua unidade de potência, o que prometia dificultar a vida ao Campeão do Mundo. No entanto, logo na segunda sessão de treinos-livres começou a ficar evidente que o holandês tinha um ritmo do qual mais ninguém se poderia aproximar. No domingo, Verstappen colocou esse potencial em prática e conquistou uma das vitórias mais impressionantes da sua carreira.

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Scirocco
Scirocco
1 ano atrás

Max foi superlativo nesta corrida. Sergio Perez teve aqui o segundo lugar mais amargo da sua carreira. Com ou sem ordens de equipa é fácil perceber (para aqueles que se recusam a ver o evidente) quem é de longe o melhor piloto.
Esperemos no entanto que para bem da emoção das corridas os Ferrari possam dar um pouco mais de luta em Zandvoort.

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