GP Bahrein de Fórmula 1: Serão os pilotos a fazer a diferença no 2º pelotão

Por a 29 Março 2021 13:56

O Segundo Pelotão parece estar mais competitivo que nunca, este ano, tendo-se assistido no Grande Prémio do Bahrein a uma luta entre a McLaren e a Ferrari. A primeira saiu de Sakhir vitoriosa neste primeiro embate, num ano em que os pilotos serão determinantes o resultado final.

Se recuássemos treze anos no tempo, esta seria uma batalha sem quartel por vitórias e campeonatos, sendo, portanto, com alguma melancolia que se verifica que em 2021 estes dois monstros da Fórmula 1 estão a lutar pelas melhores posições atrás da Red Bull e Mercedes.

No entanto, ambas estão em evolução, dando um passo no sentido certo este ano, sobretudo a Ferrari, depois do seu “annus horribilis” de 2020.

Mas estas duas equipas não estão sozinhas na luta pela primazia no Segundo Pelotão, sendo a Aston Martin e a Alpha Tauri também contendores nesta batalha, ao passo que Alpine e Alfa Romeo estão ligeiramente atrás deste quarteto, mas poderão ser factores importantes ao longo da temporada.

Depois de testes e treinos-livres, a qualificação deu-nos a primeira indicação do que poderia ser ordem competitiva e aí, com um plantel tão junto, foram os pilotos que fizeram a diferença, tendo Charles Leclerc assegurado o quarto posto da grelha de partida à frente de Pierre Gasly, que confirmou o bom andamento do Alpha Tauri.

Da McLaren esperava-se mais, tendo Lando Norris e Daniel Ricciardo assegurado o sexto e sétimo lugares, respectivamente, batendo Carlos Sainz, que na sua estreia com a Ferrari, tinha uma qualificação sólida.

Fernando Alonso, como nos habituou ao longo da sua longa carreira, ultrapassava o material que tinha à sua disposição e carregava o seu Alpine até ao nono posto, superiorizando-se a Lance Stroll, que não conseguia melhor que o derradeiro lugar da Q3.

Ficava no ar a ideia de que, enquanto alguns pilotos conseguiam alcançar ou até talvez ultrapassar o potencial do material que tinham à sua disposição – como foi o caso de Leclerc, Gasly, os pilotos da McLaren, Alonso – outros ficaram bastante aquém.

Yuki Tsunoda, um rookie, foi um dos casos, mas dada a sua inexperiência, é natural esperar que o japonês nem sempre acompanhe o seu colega de equipa, mas de Esteban Ocon e Sebastian Vettel, apesar de todas as condicionantes, esperava-se mais do que serem eliminados logo na Q1.

A corrida, porém, seria um novo exercício e, num circuito em que as ultrapassagens não são impossíveis, poder-se-iam verificar alterações relativamente à ordem de partida.

Quando a prova teve, finalmente, o seu início, Leclerc suplantou Valtteri Bottas, ao passo que Gasly mantinha os dois McLaren sob respeito, mas a prova seria interrompida pouco depois devido ao despiste de Nikita Mazepin, que terminava o seu primeiro Grande Prémio em poucos metros.

O recomeço seria madrasto para o francês da Alpha Tauri que, depois de ter sido suplantado por Norris e Ricciardo, tocava ligeiramente com a asa dianteira no pneu traseiro/esquerdo do australiano, partindo o componente aerodinâmico do monolugar de Faenza, enquanto o pneumático do carro de Woking passava incólume ao ataque. Gasly ficava fora de combate, ainda que continuasse em prova.

Na cabeça do Segundo Pelotão, era evidente que o Ferrari de Leclerc não é ainda capaz de se manter à frente de um Mercedes e Bottas suplantou o monegasco na sexta volta, seguindo para a sua corrida.

Mais preocupante para os homens de Maranello foi ver que também Norris era mais rápido e, apesar da defesa estóica de Leclerc, o inglês impôs-lhe o seu McLaren na nona volta, começando a desenhar a sua primeira vitória de 2021.

Se no ano passado a Ferrari perdia sobretudo nas rectas – em Sakhir o primeiro e terceiro setores – na corrida do passado fim-de-semana era no segundo sector, mais sinuoso, que Leclerc não conseguia acompanhar Norris, deixando-o escapar consistentemente ao longo de toda a corrida.

No final das cinquenta e seis voltas de prova, o inglês terminava no quarto posto, colocando-se ao abrigo de Sérgio Pérez, exibindo uma vantagem de 12 segundos para o monegasco, que via a bandeira de xadrez no sexto lugar.

Daniel Ricciardo terminou no sétimo posto à frente de Carlos Sainz, tendo ambos os pilotos realizado performances sólidas na estreia com as novas equipas, mostrando o espanhol que a Ferrari deu também um passo em frente nesta área.

Impressionante foi Yuki Tsunoda que, depois de uma qualificação em que ficou aquém do esperado, agarrou no seu Alpha Tauri e levou-o até aos pontos, batendo-se de igual para igual com pilotos bem mais experientes, como foi o caso de Fernando Alonso ou Kimi Raikkonen.

O japonês bateu Lance Stroll que salvou com um ponto uma tarde deprimente para a Aston Martin.

A estreia de Sebastian Vettel com a equipa de Silverstone foi para esquecer, arrancando da última posição da grelha de partida, depois de não ter respeitado as bandeiras amarelas na qualificação, terminando num distante décimo quinto lugar – bateu apenas Mick Schumacher.

Pelo caminho foi ainda penalizado com dez segundos por ter embatido desastradamente na traseira do Alpine de Esteban Ocon após ter sido suplantado por este.

A Alpine foi outra das equipas que saiu de Sakhir com um amargo de boca. Alonso ainda rodou nos pontos, mas foi ficando claro que o espanhol tinha suplantado o potencial do A521 na qualificação e, na corrida, foi perdendo posições até abandonar na trigésima segunda volta com problemas de travões provocados por detritos que entraram para as condutas de arrefecimento.

Mas ficou evidente que o espanhol está de regresso ao seu elevado nível e será preponderante para o resultado da sua equipa. Alonso é a prova que sem bons pilotos será difícil uma equipa impor-se no Segundo Pelotão e no final do ano poderá haver uma ou outra que terá alguns motivos de arrependimento com a suas decisões no mercado de pilotos.

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