Fórmula 1: As questões que pairam sobre a Alpha Tauri

Por a 15 Fevereiro 2023 09:19

Depois de uma temporada em que ficou muito aquém do esperado, a Alpha Tauri encara de 2023 com algumas questões que poderão, inclusivamente, colocar em causa a médio prazo a sua existência tal e qual a conhecemos hoje.

Em 2022 a ‘equipa-B’ da Red Bull caiu espetacularmente na classificação do Campeonato de Construtores, descendo ao nono posto, com apenas trinta e cinco pontos, depois de no ano anterior ter conseguido um honroso sexto lugar com cento e quarenta e dois.

A equipa de Faenza não acertou com o novo regulamento e, em cima disso, não desenvolveu o AT03 convenientemente, perdendo competitividade ao longo da temporada, o que significou a sua pior época desde 2018, então ainda conhecida como Scuderia Tor Rosso e no seu primeiro ano com a Honda, que depois de deixar a McLaren, passou pela formação dirigida por Franz Tost para curar os muitos problemas de fiabilidade que ainda tinha no seu V6 turbo híbrido.

O AT04, que foi apresentado digitalmente na passada seman, tem, portanto, a dura missão de mostrar que 2023 foi um percalço na existência da Alpha Tauri, ao invés do início de uma tendência que poderá mostrar-se decisiva para o futuro da equipa.

Contudo, existem algumas questões que poderão ter um impacto negativo na formação liderada por Tost.

Para este ano a Alpha Tauri não contará com Pierre Gasly, o piloto que, desde que foi despromovido pela Red Bull em 2019, foi o responsável por grande parte dos resultados da equipa, tendo inclusivamente conquistado a sua segunda vitória, no Grande Prémio de Itália de 2020.

O francês talvez não seja um Campeão Mundial em potência, tendo alguns momentos de ausência ao longo de uma época, mas Tost sabia que, se tivesse um carro competitivo e consistente, poderia alcançar o potencial do material que tinha à sua disposição.

Esta característica de Gasly foi determinante para os resultados da equipa nos últimos anos, tendo ele assumido a liderança em pista da Alpha Tauri.

Sem o gaulês como farol das capacidades do seu monolugar, a formação sediada em Faenza poderá ter algumas dificuldades em encontrar o seu caminho durante a próxima temporada, até porque os seus pilotos de 2023 encerram algumas dúvidas que poderão não a ajudar.

A rapidez de Yuki Tsunoda é inquestionável, sendo capaz de assinar performances impressionantes, tendo em algumas ocasiões ofuscado Gasly ao longo da convivência de ambos.

No entanto, a sua consistência é um ponto débil, se olharmos para a sua, ainda curta, carreira na Fórmula 1.

Não são poucas as vezes que vemos jovem japonês ‘enfaixado’ numa barreira de protecção, custando-lhe resultados e dinheiro à equipa, o que num tempo de Tecto Orçamental tem um duplo custo – mais recursos para a recuperação de chassis, significa menos capacidade de desenvolvimento.

Para além disso, o japonês tende por diversas vezes a ficar perdido em discussões com os seus engenheiros, perdendo o foco em ser mais rápido e em concretizar o seu potencial do material que tem à sua disposição.

No seu terceiro ano na categoria máxima, esta será a sua derradeira oportunidade para mostrar ser capaz de ter uma carreira na Fórmula 1 e, quem sabe, dar o salto para a Red Bull.

Tsunoda terá de mostrar consistentemente a rapidez que já evidenciou, sem os erros, por vezes primários, que tem vindo a cometer ao longo das suas duas temporadas no mundo dos Grandes Prémios.

Ao lado de Tsunoda estará Nyck de Vries, que toma o lugar deixado vago por Gasly. O holandês está bem cotado no paddock e no seio da Mercedes, onde foi piloto de reserva nos últimos anos, mas ser piloto de Fórmula 1 é uma experiência diferente e muito mais exigente.

O facto de ter vencido os títulos da Fórmula 2, em 2019, e do Campeonato do Mundo de Fórmula E, em 2020/2021, evidencia que o holandês dá-se bem com a pressão, o que foi consubstanciado pela sua estreia na Fórmula 1, quando foi chamado para substituir Alex Albon na Williams na manhã de sábado do Grande Prémio de Itália do ano passado.

De Vries agarrou a oportunidade para marcar a sua posição na categoria máxima, dominando completamente Nicholas Latifi e conquistando pontos para a formação inglesa, o que foi determinante para que assegurasse um lugar a tempo inteiro na Alpha Tauri.

Tost, e Helmut Marko, esperam que o holandês possa mostrar consistentemente o tipo de resultados que evidenciou em Monza na sua época de estreia na Fórmula 1, ajudando a equipa a deixar para trás o mau ano de 2022.

Os pilotos serão preponderantes para a temporada da Alpha Tauri, que se não tiver em de Vries e em Tsunoda as ferramentas para garantir resultados, poderá ter a sua continuidade em risco.

Com o desaparecimento de Dieter Mateschitz, um adepto de automobilismo, a nova equipa de gestão da Red Bull poderá colocar em questão as vantagens de ter duas equipas na categoria máxima, se a formação de Faenza não melhorar as suas performances, depois da má temporada de 2022.

É por isso determinante que a equipa tenha no AT04 um carro competitivo e pilotos capazes de explorar consistentemente o potencial deste.

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