Fórmula 1 arranca na Áustria: Novo começo

Por a 29 Junho 2020 14:07

Depois de sete meses e 11 dias a Fórmula 1 está pronta para um novo começo, depois do GP da Austrália ter sido cancelado in-extremis devido à Covid-19. Passaram vários meses, muita coisa aconteceu, mas em termos desportivos nada deverá ser muito diferente do que se viu nos testes de Barcelona.

Finalmente! Depois dum longo hiato resultante da pandemia de coronavírus, que ainda assola o mundo fortemente, a Fórmula 1 encontrou forma de contornar as dificuldades impostas um pouco por todo o lado devido à Covid-19, que segundo parece, está para “lavar e durar”. Seja como for, nunca a Fórmula 1 nos seus 70 anos de história esteve tanto tempo sem ter corridas, mas a Liberty Media e a FIA, em conjunto com os promotores das corridas, conseguiram ultrapassar os muito obstáculos e pelo menos as primeiras oito corridas na Europa já estão agendadas, esperando-se a qualquer momento o restante calendário, estando Portugal com esperança de poder receber a F1.

Entre as muitas medidas que permitem o arranque, a F1 não vai ter público nas bancadas, algo que pode mudar num futuro próximo, dependendo do país onde se disputar a corrida e do que estiver a suceder tendo em conta a Covida-19: “Quando formos para corridas fora da Europa, poderemos começar a pensar em ter adeptos”, disse Ross Brawn, Diretor Desportivo da F1. O primeiro fim de semana de F1 é 3/5 julho na Áustria, a primeira de duas corridas em semanas consecutivas no país. Devido à atual fluidez da situação da Covida-19 a nível internacional, a F1 está a finalizar os pormenores do restante calendário, que se espera ter um total de 15-18 até dezembro.

E o que se pode esperar fora da pista nestes primeiros tempos? Muita segurança! Foram estabelecidas um conjunto de medidas para o regresso às pistas, tal como testes regulares a qualquer pessoa que participe no evento. Haverá uma redução significativa no pessoal que viajará para as corridas de todas as partes, incluindo as equipas, a FIA, os fornecedores e a própria F1. Medidas de distanciamento social serão implementadas e aplicadas em todo o paddock. Atividades pré e pós-corrida, como hino nacional, parc fechado, pódios serão alterados para garantir distâncias seguras. O formato das primeiras corridas não irá sofrer alterações, mantendo os três dias de atividade.

A Pirelli escolheu os compostos para os primeiros oito GP e tomou duas decisões interessantes nessa lista. O composto C5, mais macio não vai aparecer, porque não há circuitos citadinos no calendário, e as duas corridas de Silverstone, terão dois conjuntos diferentes de compostos, com o C1-3 no primeiro grande prémio e o C2-4 no segundo. Isto proporcionará dois fins de semana potencialmente bem diferente ao mesmo tempo que dará à Pirelli uma boa oportunidade para perceber os efeitos que os diferentes compostos de pneus podem ter nas corridas de F1, numa mesma pista.

Tempo mudou alguma coisa

Em termos desportivos não é muito provável que o que se vai ver na Áustria seja muito diferente do que se antevia para o GP da Austrália, mas a verdade é que o simples facto de ser uma pista diferente, ondep or acaso foi a Red Bull que ali venceu o ano passado, pode permitir surpresas. Acredita-se que a

Mercedes deve partir à frente, mas há ainda muita indefinição.

A Mercedes parte para mais uma temporada com um alvo nas costas, sendo novamente a favorita aos títulos, mas talvez 2020 seja o ano em que Lewis Hamilton sentirá mais dificuldades para revalidar o seu ceptro. A formação do construtor de Estugarda tem vindo a dominar a Era Turbohíbrida desde que esta teve o seu início em 2014, vencendo todos os títulos em liça e este ano parte, como tem sido habitual, como a equipa a bater.

Os testes raramente são definitivamente conclusivos e basta olhar para 2019, quando a Ferrari foi apontada como a favorita para o início da época, para percebermos que os dados que se obtém na pré-temporada são, muitas vezes enganadores. No entanto, a Mercedes voltou a mostrar o porquê de ter conquistado os últimos doze campeonatos em disputa.

O W11 mostra ser um carro tremendamente eficaz tanto nas mãos de Lewis Hamilton como nas de Valtteri Bottas e sem vícios, apresentando diversas inovações que ficaram na retina de todos os observadores e, sobretudo, na das suas rivais.

O W11 parece ter tudo para prosseguir a veia vencedora dos seus antecessores, mas nem tudo é um mar de rosas do lado dos Flechas de Prata.

A fiabilidade da unidade de potência da Mercedes deixou algumas questões, tendo a equipa do construtor alemão montado três V6 turbohíbridos para completar as duas semanas de testes, o que não foi um bom sinal. A Williams passou também por dificuldades, montando o mesmo número de unidades de potência, o que evidencia que os problemas sentidos não questões episódicas, sendo o sistema de lubrificação uma das questões dos V6 turbohíbridos da Mercedes.

Por muito que uma equipa se prepare, mostre ser capaz de inovar e seja competente, existem sempre deficiências e pontos fracos e a fiabilidade parece ser, neste momento, a maior debilidade da Mercedes, tendo a Red Bull e a Ferrari de aproveitar todas as oportunidades, se quiserem bater a equipa que já não é suplantada desde o longínquo ano de 2013.

Tanto a formação de Milton Keynes como a de Maranello abordaram os testes de Inverno com discrição e só no último dia deram uma ideia melhor do seu potencial, muito embora no caso da Red Bull, Max Verstappen tenha tentado esconder o verdadeiro potencial do RB16, travando energicamente antes de chegar à linha de meta na sua volta mais rápida, e existam ainda dúvidas quanto ao uso dos modos de motor mais potentes por parte da Ferrari.

No entanto, fora da pista, o comportamento das duas equipas foi diametralmente oposto – de um lado, a formação de licença austríaca mostrou-se confiante e mais empolgada desde que conquistou o seu último título; do outro, da Scuderia já se ouviram declarações a baixar a fasquia para a Áustria, assegurando que não tinham qualquer possibilidade de vencer, assumindo problemas em todas as áreas do SF1000.

Mattia Binotto apontou que, muito embora o novo carro de Maranello produza mais apoio aerodinâmico que o seu antecessor, o arrasto é muito maior, levando a que Charles Leclerc e Sebastian Vettel tenham velocidades de ponta modestas, situação que é ampliada por uma unidade de potência menos performante, comparativamente, que a sua antecessora. Por outro lado, a tendência subviradora do SF90 parece manter-se este ano, levando que os pilotos não possam atacar o acelerador de uma forma tão incisiva como os seus adversários directos.

Mind Games? É o que se vai ver quando se realizar a primeira qualificação e corrida do ano.

A Red Bull, por seu lado, aparentemente, tem um carro com um nível de apoio aerodinâmico semelhante ao da Mercedes, mas talvez a sua consistência não seja tão elevada, levando a que os seus pilotos passem por dificuldades, sobretudo nas curvas de baixa, o que ficou exemplificado pelos diversos piões que Verstappen e Alex Albon cometeram ao longo das seis jornadas de testes em Barcelona.

Daqui depreende-se que a Mercedes, talvez e levando em conta que os testes não são fiáveis, parte à frente, mas nem a Red Bull nem a Ferrari estão muito longe e poderão estar em condições de a pressionar desde a corrida de Spielberg, podendo ser o ritmo de desenvolvimento ao longo da temporada – memso neste período de pandemia – o fator determinante para que uma delas se imponha no final de 2020.

Todos contra o ‘Mercedes Cor de Rosa’

O segundo pelotão parece estar mais junto que nunca, tendo a Williams se juntado a uma festa que terá como grande motivo de interesse vermos a batalha entre duas filosofias distintas. De um dos lados temos a Racing Point que aproveitou toda a informação que reuniu para construir um clone do Mercedes W10. Do outro, a Renault e a McLaren que seguem a sua próprio projeto, tentando fazer a ponte entre o segundo pelotão e as três grandes.

O carro rosa, de Silverstone parece partir para época na frente deste segundo pelotão, podendo até, segundo alguns, imiscuir-se entre a Ferrari e a Red Bull, mas a grande questão será verificar se a Racing Point terá um entendimento que de um conceito técnico que não é inteiramente seu e se afasta daquele que usou nos últimos anos, o que poderá criar complicações no desenvolvimento e na afinação a cada umas das pistas.

Cabe à McLaren e à Renault fazerem vingar os seus carros e desenvolvê-los de uma forma mais efetiva de modo a que ao longo do ano possam impor-se à Racing Point, que aparentemente arranca à frente. AlphaTauri, Alfa Romeo e Haas serão factores a ter em conta na luta pela primazia no segundo pelotão, mas sem estar no nível competitivo das três equipas mencionadas anteriormente, ao passo que a Williams deu um passo significativo depois do desaire do ano passado estará este ano na luta da cauda do pelotão.

Agora resta esperar para ver os carros em pista, para começar a tirar as diversas conclusões, algo que não será nos treinos livres, já que o trabalho a fazer é tanto que só mesmo quando o foco estiver mesmo na performance (qualificação) e ritmo de corrida, podemos ter uma ideia onde estará cada equipa e cada piloto, não esquecendo que um fim de semana nunca dará um filme completo. Provavelmente, o segundo fim de semana da Áustria já será bem mais fidedigno. Vamos, como já se percebeu, ter uma época de F1 atípica, com vários fins de semana de corridas consecutiva,s o que deixa pouco espaço para mudanças, mas as coisas são como são. Rujam os motores…

CALENDÁRIO

Calendário (europeu) da F1

GP da Aústria F1 3-5 de Julho

GP da Aústria F1 10-12 de Julho

GP da Hungria F1 17-19 de Julho

GP Grã-Bretanha F1 31 de Julho-2 de Agosto

GP Grã-Bretanha F1 7-9 de Agosto

GP Espanha F1 14-16 de Agosto

GP Bélgica F1 28-30 de Agosto

GP Itália F1 4-6 de Setembro

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas Autosport Exclusivo
últimas Autosport
autosport-exclusivo
últimas Automais
autosport-exclusivo
Ativar notificações? Sim Não, obrigado