Fórmula 1: A FIA continua a agir tarde e inconsistentemente

Por a 24 Outubro 2022 15:42

Após o Grande Prémio do Japão, a FIA realizou alterações a direção de corrida de Fórmula 1, com a saída de Eduardo Freitas, ficando Niels Wittich sozinho, mas uma vez mais, nos Estados Unidos da América, verificaram-se algumas decisões tardias que, novamente, mexeram na classificação da prova horas depois de esta ter terminado, observando-se ainda falta de coerência nas decisões.

Quando é dada a bandeira de xadrez numa corrida de automóveis a classificação que se verifica é quase sagrada, devendo ser alterada apenas em situações limite e em cenários em que é impossível decidir durante a prova.

Se alterar classificações após uma corrida se torna algo corriqueiro, toda a prova e o seu resultado é desvalorizado, dado que se fica com a sensação que, horas mais tarde após o último classificado ter cruzado a linha de meta, tudo pode mudar.

Isto é algo que a FIA deveria evitar a todo o custo e defender a sacralidade de uma classificação final.

Em Austin, uma vez mais, assistiu-se à inércia da direção de corrida, o que acabou por significar que, depois da bandeira de xadrez, a classificação foi alterada.

Fernando Alonso viu-se envolvido num incidente provocado por Lance Stroll, quando tentava ultrapassar o seu futuro colega de equipa, ficando o seu Alpine pior que o ‘chapéu de um pobre’, depois de ter, literalmente, voado.

O espanhol regressou à pista, tendo assinado uma impressionante performance que o levou até ao sétimo lugar, depois de ter ficado em último.

No entanto, o retrovisor direito do Alpine do bicampeão mundial de Fórmula 1 estava solto devido ao violento impacto que sofrera, e acabou por saltar.

É preciso sublinhar que o acidente entre Alonso e Stroll ocorreu na vigésima segunda volta, das cinquenta e seis que compunham o Grande Prémio dos Estado Unidos da América – ou seja, ainda antes do meio da prova, que teve a duração de 1h42m11,687s.

Claro que a Haas, que este ano já recebeu três bandeiras pretas com disco laranja (n.d.r.: mostrada a carros que tenham danos e que constituam um perigo iminente para os restantes pilotos) em três situações diferentes, rapidamente entrou em contacto com Niels Wittich, o agora Diretor de Corrida a tempo integral, tendo feito o mesmo relativamente a Sérgio Pérez, que teve durante algumas voltas a deriva direita da asa do seu carro solta, até que cair cinco voltas mais tarde.

A equipa americana foi informada de que o caso estava a ser analisado, mas nada foi feito quanto à situação, no caso do mexicano até a peça cair e no do espanhol até ao final da corrida.

Ora ou a situação é perigosa, ou não é. Se é perigosa, o diretor de corrida deveria ter agido de imediato, ao não o fazer, pode estar a incorrer numa situação que pode levar a incidente com resultado imprevisível.

Então, as peças soltas do Haas são perigosas, sendo exigido que os carros da equipa americana entrem imediatamente nas boxes, e as da Red Bull e da Alpine não são?

Os homens dirigidos por Guenther Steiner fizeram o que é suposto, foi o diretor de corrida que foi incompetente, tendo sido, inclusivamente, chamado à atenção por parte dos comissários desportivos que analisaram os apelos que a Haas realizou após a corrida. “Estamos muito preocupados por o Carro 14 (Fernando Alonso) não ter recebido uma bandeira preta e laranja ou, pelo menos, não ter sido contactado por rádio para retificar a situação, apesar de duas comunicações rádio para a Direção de Corrida por parte da Haas”, podia-se ler na decisão que penalizou Alonso com trinta segundos, atirando-o de sétimo para décimo quinto.

O espanhol foi penalizado, porque é considerado que, sem um retrovisor, um carro não cumpre as normas de segurança, o que compete à equipa garantir.

No caso de Pérez, que também foi alvo de um protesto da parte da Haas, depois de cair a deriva lateral em questão, cumpria todas as normas de segurança.

A questão é, se Alonso realizou grande parte da corrida sem que a direção de corrida agisse, não tendo participado em qualquer situação potencialmente perigosa, e esteve sob ataque de Lando Norris no final da corrida, por que motivo foi penalizado com trinta segundos – considerado o tempo de um ‘Stop & Go’ – quando o diretor de corrida não agiu, quer seja por inércia ou por considerar que não era um problema.

Se um carro constitui um perigo para os demais, o mais acertado é pará-lo de imediato para evitar um incidente e não esperar pelo final da corrida para depois lhe dar uma penalização e, uma vez mais, violar a sacralidade da classificação que se verificou.

Para além disso, e agora tendo como visados os comissários desportivos, ver um piloto que não tinha um retrovisor ser penalização com trinta segundos na sua classificação, com o impacto que teve no seu resultado, e ver outro, que até tinha os dois espelhos no seu carro, que provocou um violento acidente que poderia ter consequências gravíssimas com uma penalização de apenas três lugares na grelha de partida da próxima prova, que poderá não ter qualquer impacto no seu resultado, e dois pontos na sua Superlicença parece, no mínimo, verdadeiramente deslocado.

Uma vez mais decisões que poderiam ser tomadas durante a corrida, foram realizadas depois desta e aparentemente, um potencial perigo é castigado de forma muito mais dura que uma atitude que se mostrou verdadeiramente perigosa…

Parece que a FIA ainda tem muito que fazer até arrumar a casa…

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breno_mascarenhas2020_hotmail_com
breno_mascarenhas2020_hotmail_com
1 ano atrás

Voltem com o Michael Masi.

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