Fórmula 1 – 2020: Está de regresso o circo!

Por a 15 Fevereiro 2020 19:22

O corrupio de apresentações e os testes marcados para o anoitecer de fevereiro fazem os deprimidos adeptos da Fórmula 1 acordarem da hibernação iniciada após o GP do Abu Dhabi, mas com pouca fanfarra porque os tempos são de contenção de custos e este é o último ano da primeira era híbrida e já se contam espingardas para 2021.

Por José Manuel Costa

Contas feitas aos anúncios de apresentação feitos e aos que realmente foram revelações de carros novos, tivemos um pouco de falsa partida, pois ainda que a Ferrari, Mercedes e Red Bull tenham mostrado os seus carros, houve quem só tivesse, para já, apresentado um esboço do que será o carro (Haas) ou apenas a decoração. E a Renault nem sequer terá uma apresentação formal.

Os franceses quiseram ser originais e encenaram uma sessão com a gestão e os pilotos para depois oferecer um par de fotos para os jornalistas usarem. Claro que se levantaram as teorias da conspiração dizendo que a Renault já estava atrasada e por isso não apresentou nada. Afinal segundo Cyril Abiteboul, foi assim porque não queriam mostrar nada falso. Coisas.

A verdade é que se mostrou pouca coisa e quem anda nestas coisas há alguns anos, sabe que aquilo que possa ser mostrado hoje será certamente diferente no primeiro treino livre na Austrália e radicalmente diferente quando chegamos ao Abu Dhabi. Portanto, não é muito importante saber como são os novos carros, até porque as regras de 2020 têm poucas alterações e todos já sabem como fazer carros melhores, com a Ferrari a estar na linha da frente para atacar a Mercedes.

Entretanto, o defeso deu-nos muitos momentos interessantes, com declarações assaz interessantes. Por exemplo, Mattia Binotto parece que não aprendeu muito sobre o que se passou em 2019 e decidiu dar rédea solta aos dois pilotos para lutarem pelo campeonato em 2020. Aproveitou o italiano para esclarecer que a sua vontade é ter Vettel ao lado de Leclerc em 2021, deixando Lewis Hamilton sem margem de manobra ao dizer que contratar Hamilton “não está a ser considerado neste momento.”

Curiosamente, do lado da Red Bull veio o elogio para Charles Leclerc, quando Helmut Marko disse que “o maior talento fora da esfera da RedBull é evidente. Sem dúvida nenhuma, o Charles Leclerc.

Mas o austríaco disse mais. Disse que não tinha nenhum arrependimento em deixar sair o Carlos Sainz pois “ele não é nenhum Verstappen!” Simpático, como sempre, o austríaco.

Fernando Alonso veio a terreiro – ele que ainda sonha com o regresso à Fórmula 1 em 2021 – dizer que os rivais não têm explorado os “pontos fracos” de Lewis Hamilton. Para Alonso, “Hamilton começa a temporada sempre da mesma maneira, devagar e ninguém capitaliza sobre isso.

Se alguém explorar esse início lento, ele terá mais pressão e acabará por ceder.” O espanhol acha que se conseguisse ter os mesmos meios dele, conseguiria perceber “se é esse, realmente, o ponto fraco dele. Quer dizer, nem sei se ele existe, mas gostava de descobrir.”

Entretanto, Lewis Hamilton já veio dizer que o seis vezes campeão do Mundo “está diferente! Estou em paz comigo na minha casa nova e posso focar-me na elevação da concentração, na minha mente e no corpo, por isso vou ser uma máquina este ano, um nível acima do que fui antes!”

Diz o britânico que “vou espalhar amor e energia positiva onde quer que vá!”

O responsável da Benetton e da BAR, David Richards, também decidiu dar o seu contributo e veio a público dizer que a regulamentação híbrida “foi uma idiotice e um verdadeiro tiro nos pés!”

Regras e regulamentos 2020: o que muda?

O AutoSport já lhe explicou quase tudo, mas nesta madrugada de nova edição do Mundial de Fórmula 1, naquele que é o 70º ano de competição, vamos recordar-lhe o que vai estar diferente neste último ano de vigência da primeira era híbrida na Fórmula 1. A palavra certa para as novas regras é evolução, pois de revoluções está toda a gente farta, apesar de viverem com uma enorme revolução que está ali ao virar da esquina (leia-se 2021).

Bandeira de xadrez de regresso

Se em 2019 a bandeira de xadrez foi mandada para o caixote do lixo em favor de um painel luminoso, em 2020 foram-na buscar e regressa ao seu papel de décadas: assinalar o final de um treino ou de uma corrida. Isto porque se a bandeira de xadrez pode não ser fiável devido ao erro humano, o painel digital também errou e muito quando no GP do Japão acabou com a corrida uma volta antes do final. Portanto, deixemos-nos de frescuras e a bandeirada de xadrez será o sinal de que acabou o treino ou a corrida.

Menos testes

Os testes que estão a ser marcados para esta e para a próxima semana, passaram de oito para seis dias, no caso, entre 19 e 21 e entre 26 e 28 de fevereiro. Durante a temporada não vai haver nenhum teste. E no final da temporada, as habituais sessões de testes vão obrigar as equipas a utilizar pelo menos um dos pilotos de testes que tenham inscrito no início da temporada, num dos dias de ensaios.

Mais uma hora de sono para mecânicos

Os mecânicos devem estar a sorrir nesta altura, já que as novas regras oferecem uma hora extra de sono à quinta e á sexta feira, pois o recolher obrigatório – durante o qual os mecânicos das diversas equipas estão proibidos de trabalhar nos carros mesmo estando dentro dos limites do circuito – passar de oito para nove horas. Claro que o regulamento diz que uma equipa pode “quebrar” o recolher obrigatório duas vezes no ano sem receber nenhuma penalização.

Barbatana de tubarão

As barbatanas de tubarão no carro de 2020 vão deixar um antegosto do que existirá em 2021, embora nas regras deste ano a ideia seja colocar uma pequena placa extra no capot motor (à imagem daquela que estava no MCL34 da McLaren), uma pequena barbatana que terá como missão albergar os números de cada carro e assim poder ser feita a identificação dos pilotos. O impacto na aerodinâmica será muito ligeiro (só um pouco em curva), pelo que esta é uma regra cosmética e não de fundo.

Regras suavizadas

As regras para faltas á pesagem e por falsa partida, serão suavizadas em 2020, dando mais poder aos comissários para lidarem situação a situação e aplicarem o código de penalizações de uma forma mais equilibrada. Quanto ás falsas partias, passam de “drive through” ou “stop and go” de 10 segundos para penalizações em tempo de 5 e 10 segundos, aplicados à discrição pelos comissários.

Tudo à mostra

Nos testes de Barcelona, vai estar tudo á vista, ou seja, as equipas não podem usar painéis para “esconder” os carros e as boxes. A ideia é dar mais colorido aos espetadores que vão assistir aos testes via F1 TV, proibindo entre as 9 e as 18 horas qualquer painel que tapa a vista para as boxes.

Asas com menos metal

As asas dianteiras vão deixar de ser arietes à imagem das lutas de quadrigas: os primeiros 50 mm da asa dianteira terão de ser feita apenas em fibra de carbono sem nenhum metal e as fixações da asa e outros metais necessários, têm de estar a 30 mm da borda da asa.

Entradas de ar “Listed parts”

As entradas de ar para os travões passam a fazer parte das “Listed Parts”, ou seja, peças que podem ser feitas pelas equipas e não adquiridas a outra empresa. Dessa lista fazem parte, também, carroçaria, “rollbar”, estrutura de impacto dianteiro e a célula de sobrevivência.

Haverá menos eletrónica nas largadas

Em 2020, os pilotos vão ter de controlar melhor as largadas, pois vão estar a seu cargo 90% do binário disponível através das patilhas que este ano são, obrigatoriamente, do tipo puxar e sem efeito no ato de empurrar. Continuam disponíveis o “anti stall” e o ponto de contacto eletrónico, mas poderá haver mais derrapagem à largada do que até aqui.

Mais um MGU-K

Este ano, as equipas têm à sua disposição um MGU-K extra (o gerador de energia cinética), de dois para três, o que pode significar menos penalizações por quebra do limite de peças, pois em 2019, 9 dos 20 pilotos tiveram de usar um MGU-K a mais. As baterias e os controlos eletrónicos continuam a ser apenas dois de cada.

Menos combustível fora do depósito

Em 2019, as equipas podiam ter dois litros de combustível a circular pelo carro, em 2020 passam a ser apenas 250 ml e que têm de ser usados para o normal funcionamento do motor. Quer o legislador impedir que o combustível a circular fora do depósito seja uma vantagem de alguma forma, especialmente em termos de arrefecimento ou “extra boost”.

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