Fenómenos da Fórmula 1: Pierluigi Martini, o hóspede permanente

Por a 26 Agosto 2022 11:29

Pierluigi Martini nunca foi uma grande estrela da Fórmula 1. Em dez anos, nunca ganhou uma corrida nem sequer terminou no pódio. Começou a sua carreira na Minardi e foi lá que também a terminou, após muitos baixos e poucos altos. Apenas algumas performances mais aguerridas em 1991 e a vitória nas 24 Horas de Le Mans, anos depois de deixar a F1, servem como testemunho real do seu talento

A carreira de Pierluigi Martini e da equipa Minardi estão intimamente ligadas. O piloto italiano, habitualmente reservado, sentia-se à vontade no ambiente familiar da estrutura de Faenza, apesar de nunca ter os mesmos resultados competitivos demonstrados nas fórmulas de promoção e comprovados com a conquista do título europeu de Fórmula 3 em 1983.

Apesar de ter um título no bolso, Martini não conseguiu lugar em nenhum campeonato no ano seguinte, recebendo apenas um convite para substituir Johnny Cecotto na Toleman para o Grande Prémio de Itália de 1984. Martini não se qualificou, mas Giancarlo Minardi resolveu apostar no seu compatriota no final do ano. O diretor da equipa italiana já conhecia o jovem, que lhe garantiu um segundo lugar na uma corrida do Europeu de F2 em 1983. Minardi também tinha sido diretor do tio deste, Giancarlo Martini, com quem disputou o Europeu de F2 nos anos 70 e até algumas corridas extra-campeonato de F1 (com um Ferrari alugado), sob a bandeira da Scuderia Everest.

Chegando finalmente a 1985, Minardi presenteou Martini com o lugar na sua nova equipa de Fórmula 1. Para o estreante , no entanto, este acabou por ser um presente algo envenenado. O V6 turbo da Motori Moderni nunca durava muitas voltas e, sem andar, o chassis também não podia ganhar fiabilidade. Desanimado, Martini deu um passo atrás para a Fórmula 3000. Lá ficou por três épocas, conquistando três vitórias e terminando mesmo o ano de 1986 na terceira posição do campeonato.

Regresso pouco triunfal

O regresso à F1 deu-se em 1988, quando foi chamado por Minardi para substituir Adrian Campos, que só tinha arranjado lugar por causa do forte patrocínio da marca de roupa Lois. O piloto italiano pagou a confiança do seu patrão com um ponto na corrida de estreia, em Detroit. A equipa ficou entusiasmada com este resultado e esperava começar 1989 em nota alta. Só que, novamente, atrasos no desenvolvimento do carro traduziram-se em pobre fiabilidade, até que a meio do ano o carro finalmente começou a funcionar. Pierluigi Martini marcou cinco pontos em três corridas, uma delas em conjunto com mais um ponto de Luis Pérez Sala.

Para 1990, os motores Cosworth e os pneus Pirelli foram grandes entraves para a continuação do sucesso, e depois de uma época sem pontos, Minardi deu ao seu piloto e a Gianni Morbidelli pneus Goodyear e motores Ferrari.

Martini conquistou o seu melhor resultado de sempre na F1, dois quartos lugares, em Imola e no Estoril, duas corridas onde esteve no topo da sua forma como piloto. Foi com algum pesar que o italiano optou por deixar a Minardi no final do ano, pois o contrato para os motores clientes Ferrari foi para a rival Scuderia Italia.

Mesmo marcando pontos para a estrutura de Beppe Lucchini, Martini ficou sem lugar na F1 para 1993 e foi novamente Minardi que o salvou, recrutando-o a meio da época. No entanto, chamou mais a atenção pela sua colisão na Itália com o colega Christian Fittipaldi, fazendo uma pirueta no ar justamente quando cortava a meta.

A Minardi e a Scuderia Italia fundiram operações para 1994 devido a problemas financeiros para ambas, mas apesar de marcar quatro pontos a equipa italiana começou a ser ultrapassada pela concorrência. Martini nem sequer chegou ao final da sua última época em 1995, tendo que vagar o seu lugar para Pedro Lamy.

Um último fôlego

Fazendo o mesmo caminho de muitos outros ex-pilotos de Fórmula 1, Pierluigi Martini tentou a sua sorte nas provas de resistência após a sua retirada da F1. Chegou a correr no Campeonato FIA GT com um Porsche 911 GT1, por coincidência inscrito pela Scuderia Italia de Beppe Lucchini, mas foi apenas após a sua passagem para a equipa da BMW de Le Mans (na altura gerida pela Williams) que conseguiu ser competitivo. Mesmo sem fazer muitas corridas durante o ano, o tempo necessário para desenvolver o protótipo V12 LMR deu-lhe a experiência necessária para vencer as 24 Horas de Le Mans de 1999, ao lado de Yannick Dalmas e Joachim Winkelhock.

Nome: Pierluigi Martini

Nasceu a: 23/4/1961, Ravenna, Itália

Palmarés:

1981 – 14º F3 Italiana (Trivellato Dallara-Toyota)

1982 – 3º F3 Italiana (Pavesi Ralt-Alfa Romeo)

1983 – Campeão F3 Europeia (Pavesi Ralt-Alfa Romeo); 2º GP Adriático F2 (Minardi-BMW)

1984 – Mundial Sport (Jolly Club Lancia)

1985 – Fórmula 1 (Minardi)

1986 – 3º F3000 (Pavesi Ralt-Cosworth), 2 vitórias

1987 – 11º F3000 (Pavesi Ralt-Cosworth)

1988 – 16º F1 (Minardi), 1 pt.; 4º F3000 (First Reynard-Judd), 1 vitória

1989 – 15º F1 (Minardi), 5 pt.

1990 – F1 (Minardi)

1991 – 11º F1 (Minardi), 4 pt.

1992 – 15º F1 (Dallara), 2 pt.

1993 – F1 (Minardi); Finalista Trofeo Indoor Bologna (Minardi)

1994 – 21º F1 (Minardi), 4 pt.

1995 – F1 (Minardi)

1996 – 24h Le Mans (Joest Porsche)

1997 – FIA GT (BMS Porsche), 4º classe 24h Le Mans (BMS Porsche)

1998 – 24h Le Mans (BMW), 3º 2h30 Anderstorp (R&S-BMW)

1999 – 1º 24h Le Mans (BMW)

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